Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]

CINERAMA

CRÍTICA E OPINIÃO SOBRE CINEMA

CINERAMA

CRÍTICA E OPINIÃO SOBRE CINEMA

Strings ****

01.08.06, Rita

Realização: Anders Rønnow Klarlund. Vozes: James McAvoy (Hal), Catherine McCormack (Zita), Julian Glover (Kahro), Derek Jacobi (Nezo), Ian Hart (Ghrak), Claire Skinner (Jhinna), David Harewood (Erito), Samantha Bond (Eike). Nacionalidade: Dinamarca / Suécia / Noruega / Reino Unido, 2004.





Antes da sua morte, Kahro, o Imperador de Hebalon (Julian Glover) deixa uma carta de arrependimento ao seu filho Hal (James McAvoy), onde lhe pede que ele lute pela paz com os Zeriths, os inimigos de sempre de Hebalon. Mas Nezo (Derek Jacobi), o irmão de Kahro, pretende o trono para si próprio e a guerra é o melhor caminho. Por isso, destrói a carta e envia Hal numa missão de vingança, onde é acompanhado pelo guerreiro Erito (David Harewood). Mas a verdade é bem mais complexa do que Hal pensa e o amor pela misteriosa Zita (Catherine McCormack) irá ajudá-lo a descobri-la. Enquanto isso, em Hebalon, Jhinna (Claire Skinner), a irmã de Hal descobre o plano do tio, mas Ghrak (Ian Hart), o capanga de Nezo tem os seus próprios objectivos em relação a ela.


O argumento de Naja Marie Aidt é sobre a mítica passagem à idade adulta, na linha de um Hamlet, sendo que a viagem de Hal irá conduzi-lo a um maior entendimento do passado, com uma perspectiva de futuro. Questões tão prementes como a devastação de uma guerra sem sentido, a subjugação de um povo, a necessidade de vencer o ódio e o preconceito, e corrigir os erros da história que nos foi contada são envolvidas em cenários luxuriantes – onde não falta o deserto, a neve e a chuva – e o embrulho da fantástica fotografia de Kim Hattesen e Jan Weincke.


“Strings” é uma obra única no campo da arte de marionetas, verdadeiramente original e impressionante. Mas após 4 anos, 115 marionetas e uma equipa de 150 pessoas, mais do que o portento técnico, o que realmente nos toca é o conto de fadas, onde se testa a vingança, a sede de poder e a amizade.


O filme de Anders Rønnow Klarlund reveste-se de uma série de imaginativos detalhes, como o parto, a prisão com uma simples grade que impede os prisioneiros de moverem os seus fios para além de um limitado quadrado, a chuva caindo dentro de casa porque não podem haver telhados. No mundo de “Strings” o fio da cabeça determina a vida e a morte, e os membros suplentes são obtidos através de escravos (uma interessante analogia com algumas opções da clonagem). As cenas de guerra são emocionantes e as fisionomias estáticas das personagens são particulares e identificativas da sua índole. Sem expressões elas são o que fazem e o que dizem (a isso nos reduzimos todos, afinal). E mesmo assim há sofrimento, e até sensualidade. É este talvez o elemento mais gratificante deste filme.


Os fios, esses, mais do que elementos das marionetas, convertem-se em verdadeiras metáforas. Estendendo-se até às nuvens, desaparecem na imensidão no céu. No infinito, unem-se a todos os outros fios, de todos os outros seres. Mais um conceito a reter, não?






CITAÇÕES:


“If you’re not bound by love, you’re tied by hate.”
ZITA (Catherine McCormack)

“I end where you begin, and you end where I begin. In that way, we’re all connected.”
ZITA (Catherine McCormack)