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CINERAMA

CRÍTICA E OPINIÃO SOBRE CINEMA

CINERAMA

CRÍTICA E OPINIÃO SOBRE CINEMA

All The Invisible Children ***

14.06.06, Rita


Baseado numa ideia de Chiara Tilesi, e produzido por Tilesi, Stefano Veneruso e Maria Grazia Cucinotta (sim, meninos, a própria - que também aparece por breves segundos no segmento “Ciro”), “All The Invisible Children” é um conjunto de sete retratos de infâncias desfavorecidas, de crianças exploradas, sujeitas a situações extremas de guerra, de pobreza, ou pressão psicológica.


Com os lucros destinados à UNICEF, ao Programa Alimentar da ONU, e à Cooperação Italiana para o Desenvolvimento, este projecto convidou oito realizadores dos vários continentes para contribuírem com o seu ponto de vista: Medhi Charef (África), Emir Kusturica (Sérvia-Montenegro), Spike Lee (EUA), Kátia Lund (Brasil), Jordan e Ridley Scott (Reino Unido), Stefano Veneruso (Itália) e John Woo (China).


As contribuições de Kusturica, Lee, Lund e Woo encaixam perfeitamente dentro da sua obra, e talvez por isso, nenhuma delas se torne verdadeiramente marcante. Os segmentos que, ainda assim, se salientam por uma qualidade superior são o de Kátia Lund (co-realizadora de “A Cidade de Deus”) e o de John Woo. No entanto, a perspectiva mais original acaba por ser a da equipa pai-filha Scott.


Tina Turner e Elisa interpretam conjuntamente o belíssimo tema “Teach Me Again”, elaborado expressamente para este projecto.


Ainda que como peça de cinema não faça jus aos nomes que envolve, como meio de alertar as consciências adormecidas, ou para quem pensa que os dramas da infância vão pouco além da gestão entre TPC e Morangos com Açúcar, “All The Invisible Children” merece uma olhadela.


Para que as crianças se tornem visíveis.




TANZA

Realização: Mehdi Charef. Intérpretes: Adama Bila, Elysee Rouamba, Rodrigue Ouattara, Ahmed Ouedraogo, Harouna Ouedraogo. Nacionalidade: Argélia, 2005.





Sete jovens armados lutam pela liberdade do seu povo. O mais velho tem 20 anos e lidera o grupo. Tanza (Adama Bila), de 12, juntou-se ao grupo depois da sua família ter sido massacrada. Após um encontro violento com uma patrulha militar, donde resulta a morte de um dos jovens, o grupo chega ao seu alvo, uma aldeia, onde Tanza é encarregue da colocação de uma bomba.


Sem identificação do país onde decorre a acção, Charef põe os jovens a falar (dificilmente) inglês. Mas esta abstracção, ainda que bem embrulhada na música de Rokia Traore, em vez de alargar o âmbito do filme, parece que nos distancia dele para um terreno de irrealidade.




BLUE GYPSY

Realização: Emir Kusturica. Intérpretes: Uroš Milovanovic, Dragan Zurovac, Vladan Milojevic, Goran R. Vracar, Mihona Vasic, Mita Belic, Dalibor Milenkovic, Miroslav Cvetkovic, Petar Simic. Nacionalidade: Sérvia-Montenegro, 2005.





Uroš (Uroš Milovanovic) prepara-se para sair do centro de detenção juvenil onde passou os seus últimos tempos, e onde se sente em casa. A ansiedade pela nova liberdade reveste-se, no entanto, de alguma preocupação. Uroš quer ir trabalhar com o tio como barbeiro, mas o pai de Uroš não tem intenção de abandonar o seu projecto de vida: todos os seus filhos roubam para ele.


Neste conto sobre a falta de escolha das crianças, limitadas que estão por contingências externas, Kusturica replica o seu universo (até o musical), com humor, mas sem grande novidade.




JESUS CHILDREN OF AMERICA

Realização: Spike Lee. Intérpretes: Rosie Perez, Hannah Hodson, Andre Royo, Coati Mundi, Hazelle Goodman, Damaris Edwards, Keteya Ulmer, Ashley Evans, Lavon Malik Green, Petra Quinones, Natalia Roldan, Charles Socarides, Robin Lord Taylor, Lanette Ware, Philicia Wood. Nacionalidade: EUA, 2005.





Os pais de Blanca (Hannah Hodson) são toxicodependentes. Na escola, em Brooklyn, a adolescência assume toda a sua cruel competitividade, e uma rixa na escola coloca à frente dos seus olhos uma dura realidade: Blanca é seropositiva. À ignorância e preconceito dos colegas e pais adiciona-se a confusão e o drama de lidar com a sua mortalidade.


Filmado com o realismo característico de Spike Lee, e com a mestria do murro no estômago no momento certo, o destaque interpretativo vai para a “grande” Rosie Perez.




BILU E JOÃO

Realização: Katia Lund. Intérpretes: Vera Fernandes, Francisco Anawake de Freitas. Nacionalidade: Brasil, 2005.





Nas ruas de São Paulo, Bilu e João dão o seu melhor para arranjar dinheiro, de recolher cartão e latas para vender ao peso e poderem comprar tijolos para que o pai possa construir a sua casa. Assumindo uma infância de responsabilidades, transformam a cidade no seu recreio e usam a sua imaginação para concretizar os seus objectivos. Modestos, como a realidade impõe.


As interpretações honestas de Vera Fernandes e Francisco Anawake de Freitas são a grande mais-valia desta curta sobre a realização pessoal através de pequenas tarefas.




JONATHAN

Realização: Jordan Scott e Ridley Scott. Intérpretes: David Thewlis, Kelly MacDonald, Jack Thompson, Jonathan Jordan Clarke, Joshua Light, Jake Ritzema, Kemal Chakarto. Nacionalidade: Reino Unido, 2005.





Jonathan (David Thewlis) é um foto-jornalista de guerra, desiludido com a vida e em estado de choque com a acumulação dos duros eventos a que assistiu. Num sonho de liberdade, ele regressa à sua infância e, através de uma aventura de descoberta recupera a sua fé na humanidade.


O segmento mais inesperado, pela inclusão do ponto de vista adulto, versa sobre o instinto de mútua protecção das crianças e o seu instinto de sobrevivência, que lhes permite lidar com as situações mais extremas.




CIRO

Realização: Stefano Veneruso. Intérpretes: Daniele Vicorito, Emanuele Vicorito, Maria Grazia Cucinotta, Peppe Lanzetta, Ernesto Mahieux, Giovanni Mauriello.. Nacionalidade: Itália, 2005.





Ciro (Daniele Vicorito) vive nos subúrbios de Nápoles, num complexo de edifícios de cimento construídos depois do terramoto de 1980. Em plena luz do dia, Ciro parte a janela de um carro enquanto o seu amigo Bertucciello (Emanuele Vicorito) rouba o Rolex do condutor. Os dois amigos fogem em direcções separadas. Uma cão persegue Ciro, ameaçando a sua fuga.


Negligenciado pela mãe, Ciro conta apenas com este grupo de amigos como referência. A inevitabilidade de um futuro de criminalidade paira no ar, apesar do sonho de paz num intervalo tirado à realidade num parque de diversões.




SONG SONG & LITTLE CAT

Realização: John Woo. Intérpretes: Zhao Zi Cun, Qi Ru Yi, Wang Bin, Jiang Wen Li, You Yong, Jiang Tong, Shen Chang, Xu Jun. Nacionalidade: China, 2005.





Song Song (Zhao Zi Cun) toca no piano a angústia de assistir à separação dos seus pais. A mãe, deprimida, ignora Song Song, que por sua vez se revolta contra a sua colecção de bonecas. Um idoso (Wang Bin) encontra uma boneca debaixo de um viaduto, no mesmo sítio onde anos antes tinha encontrado um bebé: Little Cat (Qi Ru Yi), que adoptou. A boneca passa de mãos entre as duas crianças, ambas enfrentando, de forma distinta, infâncias difíceis.


Este é o segmento que possui personagens mais consistentes. Woo consegue, através de uma série de detalhes, colocar-nos perante a realidade de cada uma delas. Apesar do cliché rico vs. pobre, a expressividade das duas pequenas actrizes é tocante.








TEACH ME AGAIN - Tina Turner & Elisa

What's it to walk on a silent road
To be thirsty and wait for,
wait for the rain?
What is it like?

You wake me up
with a ray of light.
Tell me a joke
And if you don't know one, nevermind.
Can't we just look at the sun?

And live a lifetime in a day
Like some butterfly,
life's not quite the same
A lifetime in a day
In which we learn to fly out of a cage.

CHORUS:
(So what is)
The smell of summer like and,
(So what is)
The sound of your heart
when you're running
(So what is)
To be fearless like
(So what is)
It to have nothing in life
but plenty of space?

In this place is the law of the strongest
But we confuse the weak
with the one that make's the big mistakes
And the strong with the perfect

And live a lifetime in a day
Like some butterfly,
life's not quite the same
A lifetime in a day
In which we learn to fly out of a cage.

CHORUS

Teach me again. Teach me again.
Teach me again. Teach me again.

CHORUS

Teach me again. Teach me again.
Teach me again. Teach me again.









































































































































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