Butterfly Effect ****
Realização e Argumento: Eric Bress e J.Mackye Gruber. Elenco: Ashton Kutcher, Melora Walters, Amy Smart, Elden Henson, William Lee Scott, Eric Stoltz. Nacionalidade: EUA, 2004.
Ofuscado pela estreia do épico Tróia, poucos (ou pelo menos não tantos como os que mereciam) terão tido a oportunidade de descobrir este filme.
A história gira em torno de Evan (Ashton Kutcher), uma criança que, como mecanismo de defesa, bloqueia algumas memórias da sua infância. Já na universidade, os cadernos que escrevia como diários voltam às suas mãos e Evan começa a recordar o que tinha esquecido, dando-se conta da tremenda violência que acompanhou esses anos.
No processo de redescoberta, Evan apercebe-se que consegue alterar esses momentos do seu passado, “consertando-os”. O que Evan não sabe, mas que acaba por descobrir da pior forma, é que cada alteração provoca consequências imprevisíveis no seu futuro e no daqueles que, como Kayleigh (Amy Smart), Lenny (Elden Henson) e Tommy (William Lee Scott), partilharam a sua infância.
O título deste filme tem origem na Teoria do Caos, segundo a qual pequenas diferenças nas condições iniciais de um sistema podem conduzir a diferenças bastante significativas no resultado final. Em 1961, Edward Lorenz trabalhava num modelo computacional de previsão meteorológica. Num procedimento, em vez de colocar o número inicial 0,506127, arredondou-o para 0,506. A diferença de apenas milésimos provocou resultados finais totalmente distintos e com erros catastróficos. Em 1979 publica um artigo com o título: “Predictabilidade: O bater de asas de uma borboleta no Brasil poderá provocar um tornado no Texas”. É este o Efeito Borboleta.
A elaboração de uma história em feedbacks sucessivos permite ao espectador construir ele próprio o puzzle, preenchendo também ele as “brancas” que o argumento foi deixando em aberto. Uma boa dose de imaginação, um bom casting de caras maioritariamente novas e um bom equilíbrio entre thriller, drama e comédia.
A todos nós já nos passou pela cabeça mudar algo no nosso passado. Mas a impossibilidade de concretizar esse devaneio, evitou sempre que pensássemos nas consequências que tal acontecimento poderia desencadear. Mudar o antes é mudar o depois, ou seja, o agora. E isso pode significar abdicar talvez das melhores metas alcançadas no nosso processo de desenvolvimento. É a inquietação lançada por esta dúvida que fica a retinir naquela parte do nosso cérebro que ainda sonha e que depois de ver este filme continua a pensar “e se...”.
CITAÇÕES:
“You can't change who people are without destroying who they were.”
CALLUM KEITH RENNIE (Jason Treborn)