Parapalos **1/2
Realização: Ana Poliak. Elenco: Adrián Suárez, Nancy Torres, Roque Chappay, José Luis Seytón Guzmán, Armando Quiroga, Dorian Waldemar. Nacionalidade: Argentina / Bélgica, 2004.
Para mim, a segunda edição do IndieLISBOA terminou com um filme aborrecido, vencedor do prémio do júri no Festival Internacional de Cinema Independente de Buenos Aires.
Um jovem do interior da Argentina Adrián (Suarez) tenta a sua sorte na cidade de Buenos Aires. Muda-se para o apartamento da sua prima Nancy (Torres) e arranja trabalho a substituir os pinos de bowling (“parapalos”) num salão que ainda usa o sistema manual. Os primos partilham a mesma cama e a mesma casa, mas apenas se cruzam pelas manhãs, quando Nancy está prestes a sair e Adrián está a chegar do seu trabalho.
Tentando evitar ser atingido, Adrián repõe os pinos nos seus lugares e devolve as bolas para que rapidamente os clientes possam voltar a jogar. Este é um trabalho que depende de reflexos rápidos e olhos atentos às bolas errantes. E apesar da profissão estar perto de se extinguir com o aparecimento dos sistemas automáticos, Adrián aplica-se com dedicação.
No meio de todos esses movimentos, e do som do jogo, desenrolam-se diálogos, por detrás do muro de madeira que os separa e protege. A curiosidade de Adrián por tudo o que não conhece leva-o a escutar quase faminto as histórias (e as filosofias) dos seus companheiros de trabalho: El Turco, Nippur, Quiroga e Daniel.
Entre a ficção e o documentário, “Parapalos” é, ao mesmo tempo, uma homenagem a uma profissão extinta, e um retrato do ritmo da vida de trabalho, as suas rotinas, os seus escapes (através de fotos, recortes de jornal, ou um álbum de Marilyn Monroe), e as relações fortes que se estabelecem com os fios frágeis do quotidiano.
Tudo isto é feito de uma forma contemplativa e minimalista, de uma lentidão exasperante. O filme resume-se a Adrián no trabalho e Adrián em casa. Salva-o o humor de Nippur, entre o hippy e o heavy metal, e que cola retratos de Andy Warhol, Janis Joplin e Shakespeare na parede.
Este é um filme poético. Mas falta-lhe o ritmo para que se torne uma canção.
CITAÇÕES:
“Todo lo que tengo en la vida es prestado menos mi libertad.”
Nippur