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CINERAMA

CRÍTICA E OPINIÃO SOBRE CINEMA

CINERAMA

CRÍTICA E OPINIÃO SOBRE CINEMA

The Jacket ***

10.05.05, Rita

Realização: John Maybury. Elenco: Adrien Brody, Keira Knightley, Kris Kristofferson, Jennifer Jason Leigh, Daniel Craig, Kelly Lynch, Brad Renfro, Steven Mackintosh, Laura Marano, Jake Broder, Jonah Lotan. Nacionalidade: EUA / Reino Unido / Alemanha, 2005.





Jack Starks (Adrien Brody) é soldado na Guerra do Golfo em 1991. Jack tenta acalmar uma criança confusa, mas no minuto seguinte é alvejado na cabeça por essa mesma criança. Esta ferida quase mortal, envia-o para casa, com problemas de memória.


Passado um ano, Jack vagueia pelas estradas nevadas do Vermont, onde ajuda uma mulher completamente embriagada (Kelly Lynch) e a sua filha, Jackie (Laura Marano), com o carro empanado. Depois de arranjar o carro e oferecer as suas chapas de identificação a Jackie, com quem estabelece uma ligação instantânea, apanha boleia de um outro condutor. Uns quilómetros mais à frente, Jack dá por si envolvido numa altercação que resulta na morte de um polícia.


Acusado do crime, e sem memória dele, Jack é condenado a uma instituição psicológica para criminosos. Um médico experimentalista, Thomas Becker (Kris Kristofferson), enche-o de drogas, enfia-o num colete-de-forças e fecha-o, por longos períodos de tempo, dentro de uma gaveta de morgue, como parte de um tratamento que visa terminar com os seus instintos agressivos.


Dentro dessa gaveta, Jack vê imagens do seu passado na guerra e numa dessas viagens conhece Jackie (Keira Knightley), uma jovem dos seus 20 e poucos anos. Descobre depois que está em 2007, que esta Jackie é precisamente a mesma criança que ele conheceu quase 15 anos antes e que ele próprio morreu pouco tempo depois de ter dado entrada na instituição. Perante a sua incredulidade, Jack tenta convencer Jackie de quem ele é e conseguir a sua ajuda para descobrir como é que morreu.


De início, ficamos tentados a acreditar que o salto de Jack no futuro, poderá mudar o passado, mas os acontecimentos que ocorrem em 2007 parecem já carregar com eles os efeitos da sua viagem no tempo. Ou seja, o futuro já contempla a viagem ao futuro feita 15 anos antes, o que coloca, em todas as suas acções do passado, uma inevitabilidade que acaba por não ser concretizada. E é aí que este filme falha.


À interessante dicotomia entre passado e presente, abordada no clássico “Regresso ao Futuro” (1985); de Robert Zemeckis e, mais recentemente, no “Butterfly Effect” (2004), de Eric Bress e J.Mackye Gruber, fica a faltar a coerência. As mesmas acções no passado dão origem a diferentes desfechos futuros. Ficamos sem perceber porque é que Jack, que em 1992 esteve na gaveta e viu o seu futuro (onde morreu), agiu de forma diferente do que faz desta vez: em 1992 vendo o seu futuro.


A interpretação de Brody, ainda que não soberba, é sólida. Knightley faz um bom acompanhamento, à excepção dos momentos iniciais em que arrasta os copos pelos lábios de uma forma excessiva e despropositada. Como secundários são de destacar: Jason Leigh (que nunca é demais) como Dr.ª Lorenson, uma psiquiatra do hospital que tenta ajudar Jack, mas que infelizmente protagoniza um sub-plot supérfluo; Kris Kristofferson, no papel de cientista louco, reforçado pelos close-ups de Peter Deming na sua expressiva cara enrugada; e Daniel Craig, como Rudy Mackenzie, um doente institucionalizado que teria merecido mais atenção.


Também a Deming se deve a impressionante sensação claustrofóbica do colete-de-forças e da gaveta da morgue. E a montagem de Emma E. Hickox acrescenta o adjectivo arrepiante ao terror psicológico. Pena é que ao denso argumento tenha também faltado espaço para respirar.






CITAÇÕES:


“I was 27 years old the first time I died.”
ADRIEN BRODY (Jack Starks)

“When you're dead, the one thing you want is to come back.”
ADRIEN BRODY (Jack Starks)

“What's wrong, Doctor, you look like you've seen a ghost...”
ADRIEN BRODY (Jack Starks)