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CINERAMA

CRÍTICA E OPINIÃO SOBRE CINEMA

CINERAMA

CRÍTICA E OPINIÃO SOBRE CINEMA

In Good Company ***

16.05.05, Rita

Realização: Paul Weitz. Elenco: Dennis Quaid, Topher Grace, Scarlett Johansson, Marg Helgenberger, David Paymer, Clark Gregg, Philip Baker Hall, Selma Blair, Frankie Faison, Ty Burrell, Malcolm McDowell. Nacionalidade: EUA, 2004.





Dan Foreman (Quaid) é o chefe de vendas de publicidade numa revista desportiva. Pai de duas adolescentes e prestes a ter mais um filho, vê a sua vida profissional abalada pela compra da sua empresa e pela entrega do seu posto de trabalho a um homem com metade da sua idade, Carter Duryea (Grace). Carter é um yuppie ambicioso, a quem Dan inveja a juventude e o poder. Por outro lado, Carter, recentemente divorciado e visivelmente sem amigos, inveja a vida familiar de Dan. A atracção entre Carter e a filha de Dan, Alex (Johansson), acaba por funcionar como reflexo disso mesmo.


Do realizador, que conjuntamente com o seu irmão Chris, fez “American Pie” (1999) e “About a Boy” (2002), chega-nos um filme com uma premissa no mínimo irreal: uma cultura empresarial que tenta ser má, e falha. A sátira que poderia ser interessante é frustrada com cenas inverosímeis, como a do confronto de Dan com Teddy K. (McDowell), o “big boss”. Como num conto de fadas, aqui os reveses são oportunidades para crescimento e a virtude é recompensada.


A desculpa que consigo encontrar para Weitz é a sua paixão por personagens, evidente nos outros filmes e também neste. Weitz recusa-se a colocar qualquer um deles como vilão, com a empatia necessária para que a sua relação pai-filho (nunca dita, mas óbvia) seja credível. Dennis Quaid é charmoso, sem esforço, tal como Topher Grace, com uma veia cómica inquestionável mas sem o instinto assassino que o transformaria num necessário antagonista. E apesar de valer sempre a pena ver o calmo fascínio de Scarlett Johansson, a relação de Carter e Alex acrescenta muito pouco à história.


Sem querer sacrificar as suas personagens aos conflitos de filosofias de negócio e de personalidades, Weitz centrou-se no choque de gerações: o mais jovem querendo desesperadamente deixar a sua marca, e o mais velho acreditando que a sua marca já deveria ser evidente. Ao tentar ganhar a conta de um grande cliente, Dan usa a sua experiência; a mesma que falta a Carter para conseguir lidar com o seu repentino sucesso.


Um filme de Domingo, visto num Sábado. E que é pouco mais do que isso.