A Home at the End of the World ***
Realização: Michael Mayer. Elenco: Colin Farrell, Dallas Roberts, Robin Wright Penn, Sissy Spacek, Matt Frewer, Erik Smith, Harris Allan, Andrew Chalmers, Ryan Donowho. Nacionalidade: EUA, 2004.
Depois do sucesso de “The Hours” (Pulitzer Prize em 1999 e passado ao cinema em 2002 por Stephen Daldry), Michael Cunningham vê mais um livro seu adaptado ao cinema. Desta feita, o seu primeiro romance “A Home at the End of the World” (1990).
1967. Bobby (Andrew Chalmers) tem nove anos. A sua estranha infância é marcada pela adoração que tem pelo irmão mais velho, Carlton (Donowho), um jovem hippie que lhe oferece a sua primeira trip. Dele, Bobby aprende que o mundo é um bom sítio cheio de coisas belas, onde não há nada a temer. Depois, imprevisivelmente como a vida, Carlton morre num acidente surreal.
Sete anos mais tarde, no liceu, Bobby (Erik Smith) conhece Jonathan (Harris Allan), um jovem inseguro e solitário, com quem constrói uma amizade misturada com as primeiras experiências sexuais. Já sem mãe e após a morte do pai, Bobby é “adoptado” e “adopta” a família de Jonathan: Alice (Sissy Spacek) e Ned (Matt Frewer).
Até aqui este filme é perfeito: no guarda-roupa, nos cenários de uma Cleveland suburbana, nas representações, e em especial a cena em que Spacek partilha um charro com Bobby e com o filho, e dançam ao som de Laura Nyro.
O interessante em Bobby é a sua falta de culpa ou vergonha, a sua extrema sinceridade, a sua abertura e confiança no próximo e o seu profundo medo de sair de perto das pessoas que ama. Um amor que ele vive generosamente, sem complexos, sem receios e sem perguntas.
Quando os Glover se mudam para o Arizona, Bobby (Colin Farrell) vai ter com Jonathan (Dallas Roberts) a Nova Iorque, onde conhece a sua companheira de apartamento, Clare (Robin Wright Penn). Apesar dos amantes masculinos, Jonathan está a pensar ter um filho com Clare, mas Bobby e Clare apaixonam-se, quebrando o frágil equilíbrio entre Jonathan e Clare, mas também entre Jonathan e Bobby.
O conceito “convencional” de família, já deturpado na sua juventude, é agora sujeito a uma nova versão, com a gravidez de Clare, e um dia-a-dia partilhado a três. Mas existe um peso de inevitabilidade, com cada um deles, a dado momento, sentindo-se a mais. E é o longo arrastar desta expectativa adulterada que torna o filme menos bom, apesar do sólido elenco.
No meio da dança de pessoas que aparecem e desaparecem, pais e filhos, amigos e amantes, juntos pela memória e pelos afectos, há uma vida agri-doce que continua. E, se não por mais nada, este filme vale pela celebração do “big, beautiful, noisy world and everything that can happen”.
CITAÇÕES:
“You are a strange and mysterious creature.”
ROBIN WRIGHT PENN (Clare)
“ROBIN WRIGHT PENN (Clare) - Is there anything you can't do?
COLIN FARRELL (Bobby) - I can't be alone.”
GONNA TAKE A MIRACLE
(de Teddy Randazzo, Lou Stallman e Bobby Weinstein;
interpretada por Laura Nyro & LaBelle)
Loving you so
I was too blind to see you
letting me go
But now that you've set me free
It's gonna take a miracle
Yes, it's gonna take a miracle
To make me love someone new
Cause I'm crazy for you
Oh oh, didn't you know
It wouldn't be so easy
lettin' you go
I could have told you
that it's gonna take a miracle
oh-uh Yes, it's gonna take a miracle
To make me love someone new
Cause I'm crazy for you
Oh, tho' I know I can't forget? about you
or come so? will show you how much
You're turning me around, destroying me
I'll never be the same anymore
You must realize
You took your love and left me
Quite by surprise
You can be sure that now it's gonna take a miracle
Yes, it's gonna take a miracle
To make me love someone new
Cause I'm crazy for you