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CINERAMA

CRÍTICA E OPINIÃO SOBRE CINEMA

CINERAMA

CRÍTICA E OPINIÃO SOBRE CINEMA

Habana Blues ***

15.06.05, Rita

Realização: Benito Zambrano. Elenco: Alberto Joel García Osorio, Roberto Sanmartín, Yailene Sierra, Tomás Cao Uriza, Zenia Marabal, Marta Calvó, Roger Pera, Julie Ladagnous. Nacionalidade: Espanha, 2005.





Tito (Roberto Sanmartín) e Ruy (Alberto Joel García Osorio) são amigos e sonham poder viver da música que fazem na sua cidade, Havana. Tito vive com a sua avó, uma grande dama da música, e deseja sair de Cuba para conseguir os seus objectivos musicais (ou talvez acredite que será a música a permitir-lhe atingir o seu objectivo de sair de Cuba). Ruy vive com os seus dois filhos e a mulher, Caridad (Yailene Sierra), numa relação tempestuosa que deriva da sua infidelidade crónica.


A chegada de dois produtores musicais espanhóis vai aproximá-los do que tanto desejam, mais vai também pôr em causa a amizade que os une, o seu amor por Cuba, e a sua dedicação à música.


Em “Habana Blues” testa-se a amizade e o amor, num ambiente de cores fortes que contrasta com o desencanto e o desalento (os ‘blues’) dos indivíduos.


Depois do magnífico “Solas” (1999), Benito Zambrano traz-nos uma espécie de “Buena Vista Social Club” (Wim Wenders, 1999) ao som de rock, rap, heavy-metal, reggae e hip-hop. E é apenas no estilo musical que este filme mostra alguma originalidade, evidenciando uma Cuba menos típica, mais jovem. Mas nem por isso mais livre.


O caminho ‘underground’ é feito de música contestatária, por uma juventude inquieta, que é obrigada a partilhar o mesmo telefone, a regatear um pedaço de carne, a vender a independência da sua arte.


Mas Zambrano sacrifica as suas personagens, em discursos de discutível sentido, para defender pontos de vista que prejudicam a autenticidade e fluidez de uma história que roça o documental. A própria relação de Ruy e Caridade é confusa: ficamos sem perceber a paciência dela ou o desapego dele perante a perspectiva de ela levar os filhos de ambos para Miami.


O mérito reside na tentativa de equilíbrio no dilema vivido pelos cubanos, de ficar ou partir (legalmente, através de contratos musicais; ou ilegalmente, através de barcaças). Apesar a opção de ficar acabar por ser a menos/pior justificada. As interpretações, maioritariamente actores cubanos desconhecidos, são aceitáveis, mas sem brilhantismos, sendo de destacar Yailene Sierra como Caridad. De resto, o motivo de “vamos fazer um concerto” de que se alimenta “Habana Blues” acaba por ser limitado e de uma reduzida densidade emocional.


A música, limpa de salsas e boleros, torna também mais amena a viagem. De agradecer a Equis Alfonso (a voz de Ruy), José Luis Garrido, Kelvis Ochoa, Descemer Bueno, Kiki Ferrer e Dayan Abad. Os dois últimos, juntamente com Alberto Joel García Osorio, fazem parte da Habana Blues Band, actualmente em digressão por Espanha (a 21 de Junho, em Barcelona, na Sala Apolo).


Ao contrário das personagens, os lugares são detalhados e vividos intimamente, como é o caso do poético buraco no tecto do velho teatro, deixando passar o sol e o luar, símbolo de uma Cuba moribunda. Zambrano faz aqui um tributo à cidade onde estudou em 1992, e é esse entusiasmo e esse afecto que salvam este filme.







BANDA SONORA

01. Cansado – HABANA BLUES
02. Habaneando – HABANA BLUES
03. Sedúceme – HABANA BLUES
04. Habana blues – HABANA BLUES
05. Arenas de soledad – HABANA BLUES
06. En todas partes – HABANA BLUES
07. Echate p'allá, echate p'acá – HABANA BLUES
08. Amanecer – HABANA BLUES
09. Lágrimas tatuadas – HABANA BLUES
10. Superfinos negros – FREE HOLE NEGROS
11. No se vuelve atrás – CUBA LIBRE
12. Aprende to walk – TRIBAL
13. Felación – PORNO PARA RICARDO
14. Rebelión – ESCAPE
15. Vivimos juntos – TIERRA VERDE
16. Sé feliz – ANAÍS ABREU