Saltar para: Post [1], Comentar [2], Pesquisa e Arquivos [3]

CINERAMA

CRÍTICA E OPINIÃO SOBRE CINEMA

CINERAMA

CRÍTICA E OPINIÃO SOBRE CINEMA

Crash ****

30.06.05, Rita

Realização: Paul Haggis. Elenco: Sandra Bullock, Don Cheadle, Matt Dillon, Jennifer Esposito, William Fichtner, Brendan Fraser, Terrence Howard, Chris 'Ludacris' Bridges, Thandie Newton, Ryan Phillippe, Larenz Tate, Tony Danza, Keith David, Shaun Toub, Loretta Devine, Michael Pena, Bahar Soomekh. Nacionalidade: EUA / Alemanha, 2004.





É natural a comparação de “Colisão” com “Magnolia” (1999), de Paul Thomas Anderson, com as suas trágicas narrativas paralelas e entrelaçadas. Mas ainda que fique atrás deste em termos artísticos, partilha também de um sólido elenco e um tema necessariamente actual – o racismo.


O detective Graham (Cheadle) chega ao cenário de um acidente com a sua colega Ria (Esposito). Mais tarde percebemos que eles também são amantes e, depois de se livrar de um telefonema da mãe com o comentário de mau gosto “Estou a fazer sexo com uma branca”, Graham consegue ainda ofender Ria quanto à sua etnia hispânica.


O polícia Ryan (Dillon), cujo pai se encontra doente e é impedido de marcar uma consulta, despeja as suas frustrações mandando parar e humilhando um casal negro: Cameron (Howard), um realizador de televisão que tem de lidar com o racismo no seu local de trabalho e a sua mulher Christine (Newton), a quem Ryan revista de uma forma sexualmente invasiva, sob o olhar reprovador do seu colega Hanson (Phillippe).


Anthony (Ludacris) e Peter (Tate), dois amigos negros, discutem sobre o estereótipo dos negros como criminosos e a reacção defensiva do casal com que se cruzam: Jean (Bullock) agarra-se automaticamente ao braço do marido Rick (Fraser), procurador público. No minuto seguinte Anthony e Peter assaltam o casal, roubando-lhes o carro, e dando-lhes razão. Jean insiste em mudar todas as fechaduras de casa. Ao reparar que o trabalhador que o faz, Daniel (Pena), é de origem latina exige uma nova substituição.


Daniel é também contratado por Farhad (Toub), iraniano, para consertar a fechadura da porta da sua loja. Daniel avisa-o que o problema é com a porta, mas Farhad ignora-o. Quando a sua loja é roubada, Farhad sabe quem deve culpar.


As interpretações são todas elas bastante fortes, nomeadamente a de Cheadle e a de Dillon. Mas a linha de história mais poderosa é a partilhada por Pena e Toub. O silêncio na sala no momento de clímax é sintomático das reacções emocionais, e por isso físicas, que nos provoca.


Os diálogos, duros e crus, escritos por Haggis e Bobby Moresco dão o ritmo certo a este filme. E a credibilidade, que falta por vezes nas coincidências retratadas, é recuperada nas palavras trocadas.


Haggis é imparcial quanto ao bem e ao mal dentro da cada pessoa e à ambiguidade moral das personagens. Os preconceitos raciais existentes funcionam em todos os sentidos e estão quase todos presentes (fica-se, no entanto, sem perceber exactamente qual o papel dos asiáticos aqui no meio).


Apesar dos acidentes de automóvel que aparecem no filme, a ‘colisão’ do título dá-se entre as pessoas, entre estereótipos, entre os “dois lados da mesma história”. “Colisão” não resolve as questões que ele próprio levanta, mas também não nos dá sermões. Deixa a cada um a tarefa de olhar para dentro, para as suas próprias intolerâncias e pré-conceitos.






TAGLINE:


“Moving at the speed of life, we are bound to colide with each other.”


CITAÇÕES:


“It's the sense of touch any real city you walk you brush past people, people bump into you, you know, in L.A. nobody touches you. We're always behind this metal and glass. It's the sense of touch. I think we miss that touch so much, that we crash into each other just so we can feel something.”
DON CHEADLE (Graham)

“Anthony – Look around! You couldn't find a whiter, safer or better lit part of this city. But this white woman sees two black guys, who look like UCLA students, strolling down the sidewalk and her reaction is blind fear. I mean, look at us! Are we dressed like gangbangers? Do we look threatening? No. Fact, if anybody should be scared, it's us: the only two black faces surrounded by a sea of over-caffeinated white people, patrolled by the triggerhappy LAPD. So, why aren't we scared?
Peter – Because we have guns?
Anthony – You could be right.”
CHRIS ‘LUDACRIS’ BRIDGES (Anthony) e LARENZ TATE (Peter)


























1 comentário

Comentar:

Mais

Se preenchido, o e-mail é usado apenas para notificação de respostas.

Este blog optou por gravar os IPs de quem comenta os seus posts.