Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]

CINERAMA

CRÍTICA E OPINIÃO SOBRE CINEMA

CINERAMA

CRÍTICA E OPINIÃO SOBRE CINEMA

127 Hours ***1/2

23.02.11, Rita

Realização: Danny Boyle. Elenco: James Franco, Kate Mara, Amber Tamblyn, Clémence Poésy. Nacionalidade: EUA / Reino Unido, 2010.





Pela lei do eterno retorno, proposta por Nietzsche, o homem, condenado a viver a mesma vida eternamente, teria o estímulo necessário para ser a melhor versão de si mesmo em cada momento, fazendo da sua vida uma vida que merecesse a pena ser repetida incessantemente, sem arrependimentos.


Muito poucos de nós deixariam de apagar ou corrigir alguma coisa. Menos ainda Aron Ralston (James Franco). O canivete suíço esquecido, o telefonema não atendido, a bebida energética deixada no carro, sem dizer a ninguém onde ia passar o fim-de-semana. Em 2003, Ralston teve 127 horas para pensar em tudo isso e ainda nas formas possíveis de libertar o seu braço direito de um pedregulho que o prendeu à parede do desfiladeiro Bluejohn no Utah.


Esta é a história de um homem que confiou demasiado nas suas capacidades, que tomava o mundo e a vida como garantidos e não teve outra alternativa senão reajustar a sua percepção do que é importante.


Este filme é James Franco. Da incompreensão inicial à frustração das várias tentativas. Da recusa a cair na impotência, achando-se demasiado inteligente para ceder ao pânico, do seu humor resistente à percepção final de que a vida deve ser vivida como um valioso prémio.


Boyle liberta o espectador da prisão de Ralston em breves respiros de flashbacks e alucinações. Apenas o tempo suficiente para nos colocar de novo ao seu lado, partilhando a sua angústia e racionalmente negando o desfecho que sabemos vir a caminho.


Brutal de ver, duro de digerir (dificilmente na lista dos “a rever”), “127 Hours” leva-nos ao limite, numa luta determinada contra o desespero.