Somewhere **
Realização: Sofia Coppola. Elenco: Stephen Dorff, Elle Fanning, Chris Pontius. Nacionalidade: EUA, 2010.
O último filme de Sofia Coppola (“Marie Antoinette”), vencedor do Leão de Ouro do Festival de Veneza, começa com a cena de um Ferrari ás voltas numa pista. Ironicamente, esta acaba por ser a infeliz metáfora para o próprio filme: muitas voltas para chegar a lugar nenhum.
Reminiscente do universo de Bret Easton Ellis, mas sem o seu sarcasmo, observa desde dentro a vida vazia e fútil de uma celebridade (Stephen Dorff), que sucumbe à fome canibal do mundo que lhe deu tudo.
Numa existência egocêntrica, marcada pela auto-comiseração e mania da perseguição, apenas o aparecimento da sua filha (Elle Fanning) parece romper com a preguiça de viver que é a sua rotina, para rapidamente ela mesma se ver absorvida pela inércia e pela repetição.
Centrado numa personagem sonâmbula e derrotada, incapaz de gerar empatia pela vacuidade da sua vida privilegiada, “Somewhere” é, também ele, um filme inerte e repetitivo. Apontando redutoramente para a solução da paternidade como razão e sentido da vida, apenas vislumbramos a inquietação gerada pelo paradoxo da liberdade e de não ter (ou não saber) para onde ir nos planos abertos e estáticos que Sofia Coppola, estilisticamente, nos oferece.
Este não é um daqueles pequenos filmes em que o silêncio está cheio de relevância. “Somewhere” é silencioso porque pouco tem a dizer.