Madagascar ***
Realização: Eric Darnell e Tom McGrath. Vozes V.O.: Ben Stiller, Chris Rock, David Schwimmer, Jada Pinkett Smith, Sacha Baron Cohen, Cedric the Entertainer, Andy Richter. Nacionalidade: EUA, 2005.
O primeiro abalo sério na história do cinema de animação foi “Toy Story” (Pixar, 1995), com as suas inovações técnicas. Em 2001, foi a vez da desconstrução do conteúdo narrativo, com “Shrek” (DreamWorks). Depois seguiram-se genialidades como “Ice Age” (Fox, 2002), “The Incredibles” (Pixar, 2004) e “Shrek 2” (DreamWorks, 2004). “Madagascar” vende-se facilmente através da expressão “dos mesmos criadores de Shrek e Shark Tale”, mas o único ponto em comum é o facto de serem ambos da DreamWorks, o que, dado a fasquia elevada que se estabeleceu, não é de todo suficiente. Para o comprador é a frustração.
A linearidade da história e o humor demasiado fácil abafam um bom trabalho gráfico e personagens que teriam bastante mais para contar.
O leão Alex (Stiller), a zebra Marty (Rock), a girafa Melman (Schwimmer) e a hipopótamo Gloria (Pinkett Smith) vivem felizes em cativeiro no Zoo de Central Park. Até que um grupo de pinguins decide fugir, e lança a semente do “mundo selvagem” na mente de Marty, que recentemente cumpriu 10 anos e se encontra naquela fase da vida em que precisa compreender se é preto às riscas brancas ou branco às riscas pretas. A fuga de Marty, e a tentativa dos seus amigos o impedirem, leva os quatro até África.
“Madagascar” enche-nos a vista com cores intensas, cenários deslumbrantes e detalhes impressionantes, como é o caso da água. Isso permite distrairmo-nos de uma história pouco cativante, onde aos heróis é dado muito pouco. O próprio casting de vozes na versão original deixa muito a desejar. Salvam-se o hiperactivo Rock como Marty (se nos abstrairmos de o comparar com Eddy Murphy em “Shrek”) e o hipocondríaco Schwimmer como Melman. No entanto, a melhor contribuição está a cargo de Baron Cohen (mais conhecido pela personagem Ali G), dando voz ao Rei Julien, um lémure megalómano.
O investimento em todos estes nomes parece ter exigido poupar-se no trabalho de fundo. “Madagascar” não arrisca o suficiente para encaixar nesta nova vaga do cinema de animação, ao mesmo tempo que a “moral” que deixa no ar – a verdadeira amizade vale mais que um bife – não o deixa também entrar no grupo mais tradicional.
A grande vantagem de “Madagascar” é ter estreado no Verão, o que, dada a reduzida qualidade da oferta, faz com que ainda assim seja uma das melhores opções para desfrutar do ar condicionado. Pelo menos enquanto se espera pelo fresco de “Ice Age 2: The Meltdown”, que só chegará para o ano que vem.