“The Social Network” teria facilmente sido um filme unidimensional sobre inveja, ganância e traição, mas David Fincher e a sua mestria, e Aaron Sorkin e o seu hábil argumento (e excepcionais diálogos), fazem deste filme um tratado sobre a eterna busca do ser humano pela aceitação dos outros e pelo sentimento de pertença a um grupo, e dos custos que essa ambição acarreta.

Mark Zuckerberg (num casting perfeito de Jesse Eisenberg, ao qual se soma a irónica presença de Justin Timberlake no papel de Sean Parker, criador do Napster), tem a arrogância da inteligência numa proporção inversa às suas capacidades emocionais. Movido pela ambição de pertencer a um dos exclusivos clubes masculinos de Harvard, e apesar da sua incapacidade de empatia e total desprezo pelos demais, acabará por criar a ferramenta social por excelência do século XXI.

Nunca, em nenhum momento desta acelerada história, o espectador sente compaixão pelo mais jovem bilionário do mundo. E, no entanto, há uma parte de nós que se esforça por compreendê-lo. Um tirano que busca patologicamente a aceitação. Um génio numa missão. Um ser triste e patético.

Ou ainda, o desgosto de amor como catalisador criativo.