3D e a democracia
A propósito do novo filme de James Cameron, “Avatar”, venho insurgir-me contra o apregoado papel da tecnologia 3D no futuro do cinema, nomeadamente quando se aponta para caminhos exclusivistas.
Em primeiro lugar, porque, tendo surgido nos 1950s (desengane-se quem pensa que se trata de algo hiper-inovador), teve uma fraca e restrita aplicação na sétima arte e esta suposta forma de protecção da indústria cinematográfica face aos downloads ilegais, a não ter alternativas, mais rapidamente traria prejuízos que benefícios.
Em segundo lugar, pela simples razão que para mim (e imagino que para mais umas quantas pessoas) é fisicamente impossível ter acesso a esta forma de ver cinema. Ou seja, quer eu coloque ou não coloque os óculos 3D, a imagem que vejo será sempre desfocada. Mas afinal isso é já o que acontece se eu tirar as lentes de contacto em qualquer outro filme...
Uma vez que está fora de questão poder sentir que as personagens/actores me vão cair no colo a qualquer momento (invalidando assim uma série de cenários interessantes...), espero apenas que para nós ― os defeituosos ― as versões 2D se mantenham.