Casanova ***
Realização: Lasse Hallström. Elenco: Heath Ledger, Sienna Miller, Jeremy Irons, Oliver Platt, Lena Olin, Omid Djalili, Helen McCrory, Leigh Lawson, Tim McInnerny, Charlie Cox, Natalie Dormer. Nacionalidade: EUA, 2005.
Pior do que ter ido ver “Casanova” no dia de estreia, é ter gostado do filme e ter-me divertido imenso. Não é uma coisa de que me orgulhe: este filme é uma comédia romântica passada em 1753, que anda à volta da troca de identidades, a la Shakespeare, e que é consideravelmente pirosa.
Casanova (Heath Ledger) é um libertino sob o olhar curioso do Vaticano. Protegido pelo Doge de Veneza (Tim McInnerney de “Blackadder”) que o aconselha a casar, Casanova escolhe a pura Victoria (Natalie Dormer), para mais tarde se encantar por Francesca Bruni (Sienna Miller), uma feminista prometida em casamento a um comerciante genovês que nunca viu, Papprizio (Oliver Platt). Mas a vida de Casanova complica-se ainda mais com a chegada do Bispo Pucci (Jeremy Irons num registo cómico refrescante) vindo do Vaticano para limpar Veneza das suas imoralidades, nomeadamente, do grande fornicador (esta palavra tem algo de profissional que me inquieta) Casanova.
Esqueçam a coerência ou credibilidade, ou mesmo a autenticidade histórica. Este não é um filme para levar a sério. Mas, vendo bem, muita coisa na vida também não o deve ser. Este filme é um apelo aos sentidos. A visão é deliciada com a fotografia de Oliver Stapleton e o guarda-roupa de Jenny Beavan. A beleza de cada cena é de tirar a respiração. Algo semelhante aos efeitos de Casanova sobre Victoria, uma sedutora virgem em pleno cio. A audição regala-se com a música de Alexandre Desplat. E a voz de Heath Ledger que, depois do duro sotaque em “Brokeback Mountain”, tem a sensualidade de um ronronar aveludado.
Pois, dêem-me um Heath Ledger. E uma Sienna Miller, uma Lena Olin, um Oliver Platt e um Jeremy Irons (ah, e Omid Djalili como o criado de Casanova). Tudo isto em Veneza e o meu dia está feito. Uma vitória da forma sobre o conteúdo. Mas há dias em que é isso mesmo que é preciso: afogar o intelecto em puro prazer.
CITAÇÕES:
“Casanova - I've never sought glory as a lover. “Casanova - Casanova the philosopher, who devotes his life to the perfection of experience? “Give me a man who is man enough to give himself just to the woman who is worth him. If that woman were me I would love him alone and forever.”
Irmã Beatrice - What then, senor Casanova, do you seek?
Casanova - A moment that lasts a lifetime.”
HEATH LEDGER (Casanova) e LAUREN COHAN (Irmã Beatrice)
Francesca - No, Casanova the libertine, who devotes his life to seducing women.
Casanova - Well, we're obviously talking about the same person.”
HEATH LEDGER (Casanova) e SIENNA MILLER (Francesca)
SIENNA MILLER (Francesca)