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CINERAMA

CRÍTICA E OPINIÃO SOBRE CINEMA

CINERAMA

CRÍTICA E OPINIÃO SOBRE CINEMA

Travaux, On Sait Quand Ça Commence... ***

10.10.05, Rita

Realização: Brigitte Roüan. Elenco: Carole Bouquet, Jean-Pierre Castaldi, Didier Flamand, Françoise Brion, Aldo Maccione, Marcial Di Fonzo Bo, Alvaro Llanos, Carlos Gasca, Alejandro Piñeros, Lassina Touré, Geovanny Tituaña, Shafik Ahmad, Giulia Dussolier. Nacionalidade: França / Reino Unido, 2004.





Chantal (Carole Bouquet) entrega-se á sua profissão de advogada de imigrantes ilegais com tal paixão que consegue convencer o mais reticente juiz (a eloquência da oratória é aqui originalmente substituída por números artísticos). Na sua vida afectiva, no entanto, não partilha do mesmo tipo de emoções. Uma noite, cede aos avanços de um cliente, Frankie (Jean-Pierre Castaldi), para de seguida o ver transformar-se num apaixonado que a persegue por todo o lado. Para o afastar, Chantal decide fazer obras em casa, contratando, para isso, alguns trabalhadores clandestinos colombianos. É aí que o seu inferno começa.


O título do filme deriva da frase: “Sabemos quando uma obra começa... mas não quando termina.” E é isso que acontece. A vida de Chantal e dos seus dois filhos adolescentes altera-se com o número crescente de empregados que vai aparecendo, simpáticos, cheios de boa vontade, mas consideravelmente incompetentes, e liderados por um arquitecto (Marcial Di Fonzo Bo) cheio de boas intenções e ideias ambiciosas. O caos instala-se, e Chantal vê a sua vida desmoronar-se, tal como as suas paredes. Mas esta coabitação e intimidade forçadas, trará o conhecimento mútuo, o afecto e o respeito. No final, fica a nostalgia.


Brigitte Roüan força Chantal a confrontar-se com as teorias que defende na sala de audiências. Fazendo uso de algum burlesco e de personagens quase caricaturais, Roüan transmite as suas convicções, com humor e sem sermões. A sua consciência social é a coluna dorsal da narrativa. Através de uma aventura surrealista, e com a ajuda da grande veia cómica de Carole Bouquet, esta é a construção de uma nova modernidade, onde a multi-culturalidade tem um lugar importante, nos resultados e nos corações.


Em “Travaux...” levantam-se as paredes da generosidade como valor humano e da preocupação com os outros como regra de conduta. Numa sociedade cada vez mais individualista, não é algo que se possa desprezar.





CITAÇÕES:


“Un immigré, c’est sacré!”


“Si lui dort ici, pourquoi pas moi?!”