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CINERAMA

CRÍTICA E OPINIÃO SOBRE CINEMA

CINERAMA

CRÍTICA E OPINIÃO SOBRE CINEMA

Gomorra ***

13.10.08, Rita

Realização: Matteo Garrone. Elenco: Toni Servillo, Gianfelice Imparato, Maria Nazionale, Salvatore Cantalupo, Gigio Morra, Salvatore Abruzzese, Marco Macor, Ciro Petrone, Carmine Paternoster. Nacionalidade: Itália, 2008.





Baseado no livro de Roberto Saviano, actualmente sob guarda policial e com a cabeça a prémio, “Gomorra” é um documento sobre uma Itália doente que sofre de corrupção crónica. Um país à beira do precipício, onde o crime não é uma alternativa de vida, mas o único modo de sobreviver.


O argumento da equipa formada por Maurizio Braucci, Ugo Chiti, Gianni Di Gregorio, Matteo Garrone, Massimo Gaudioso e Roberto Saviano, segue cinco fios narrativos, cada um deles abordando diferentes níveis e efeitos do crime nos subúrbios de Nápoles. Pasquale (Salvatore Cantalupo) é um alfaiate de alta costura que se torna consultor de uma manufactura chinesa. Don Ciro (Gianfelice Imparato) está encarregue dos pagamentos às famílias com membros da Camorra na prisão. Roberto (Carmine Paternoster), um jovem recém-licenciado no seu primeiro trabalho, depara-se com um choque de valores com o seu patrão Franco (Toni Servillo), que gere um dúbio negócio de depósitos de lixos tóxicos. Os adolescentes Marco (Marco Macor) e Ciro (Ciro Petrone), fascinados com os filmes de Brian de Palma sobre a Mafia, roubam armas para montarem o seu “negócio” sem patrões. Toto (Salvatore Abruzzese), de 13 anos, está ansioso por se juntar a uma das famílias do bairro. No meio de favores e ameaças, desculpas e intimidações, todos eles verão a sua lealdade posta à prova.


Mas as personagens de “Gomorra” não são as dos habituais filmes de gangsters, e os perigos que vivem estão longe de qualquer glamour. Roberto Saviano nasceu e cresceu em Nápoles e é na tradução dessa realidade que o rodeava que o seu olhar se revela tão íntimo como incómodo. Matteo Garrone adapta este tom documental, fazendo um extenso uso de luz natural, tornando as passagens pelo sombrio e decrépito complexo de apartamentos tão perturbante como os vastos espaços abertos.


“Gomorra” não tem o esforço “americano” de juntar as várias histórias para surpresa do espectador. De facto, não interessa se estas personagens se conhecem ou não, elas fazem parte de um mesmo mundo. Um mundo que preferíamos fingir que não existe. “Gomorra” obriga a lembrarmo-nos.














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