Margot at the Wedding *
Realização: Noah Baumbach. Elenco: Nicole Kidman, Jennifer Jason Leigh, Jack Black, Zane Pais, Flora Cross, Seth Barrish. Nacionalidade: EUA, 2007.
Margot (Nicole Kidman), uma escritora fria e ressentida, viaja até Long Island com o seu filho adolescente, Claude (Zane Pais) para assistir ao casamento da irmã Pauline (Jennifer Jason Leigh) com Malcolm (Jack Black). Margot e Pauline não falam com uma outra há uma série de anos e esta parece ser a oportunidade para tentar uma reaproximação, mas a agressividade de Margot e o facto da verdadeira desculpa para a sua visita ser um encontro com o amante (Ciaran Hinds), só servem para magoar Pauline. As duas irmãs sempre se definiram pela negativa, como oposição uma à outra, e a escolha de Malcolm, que Margot considera um falhado, parece ser mais um exemplo disso.
O olhar de Noah Baumbach parece querer dirigir-se para o abismo dos demónios familiares, mas em nenhum momento estes são directamente confrontados. Em vez disso, ele aumenta o caos externo, fazendo chegar a Long Island o marido de Margot (John Turturro). No meio das farpas adultas, movem-se os filhos adolescentes como espectadores, e é fácil ver a germinação da próxima geração de disfuncionais.
Questiono-me se Noah Baumbach saberá falar sobre algo mais do que a crueldade familiar. Se “The Squid and the Whale” surpreendeu pela crueza, já “Margot at the Wedding” parece ser a armadilha de quem não tem mais nada para contar. Seria fácil atribuir a culpa aos actores que, como fantasmas, passam na paisagem sem que os queiramos conhecer. Mas o problema reside, de facto, no texto: flácido e desapaixonado. Ao confundir brutalidade com verdade, Baumbach impede-nos de acreditar.
Os 90 minutos de “Margot at the Wedding” são uma longa e extenuante estrada para nenhures. Sem uma verdadeira história para contar, perde-se na auto-comiseração das suas personagens, epíteto para a arrogância dos intelectuais que, passivamente agressivos, fazem um uso intencional das palavras para magoar os outros, à falta de um sincero gosto pela vida que os tire de dentro da concha egocêntrica onde se fecharam.
CITAÇÕES:
“I left a piece of skin in a movie theater once so it could watch movies all its life.”
FLORA CROSS (Ingrid)
“I haven’t had that thing where you realize you’re not the most important person in the world.”
JACK BLACK (Malcolm)