WALL-E ***1/2
Realização: Andrew Stanton. Vozes V.O.: Ben Burtt (WALL-E), Elissa Knight (EVE), Jeff Garlin (Capitão), MacInTalk (Auto), John Ratzenberger (John), Kathy Najimy (Mary), Sigourney Weaver (Computador Axiom). Elenco: Fred Willard. Nacionalidade: EUA, 2007.
Das mãos do criador de “Finding Nemo”, chega-nos “WALL-E”, um filme que é simultaneamente uma aventura de ficção científica, um empolgante filme de animação, uma deliciosa história de amor, tudo envolvido no deslumbre visual a que a Pixar já nos tem vindoa habituar.
700 anos no futuro, o grande plano é de uma cidade cheia de arranha-ceús. Mas, de perto, todos eles são feitos de lixo, eficientemente compactado em cubos e empilhado por WALL-E (Waste Allocator Load Lifter - Earth Class), o último ‘sobrevivente’ de robots movidos a energia solar criados pela empresa Buy ‘N’ Large para limpar as quantidades imensas de lixo deixado na Terra pelos humanos ávidos de consumo.
Desde que humanos deixaram o planeta e se instalaram na estação espacial Axiom, na órbita terrestre, que WALL-E repete os mesmos gestos: desperta ao som de abertura do Macintosh, faz os seus cubos na companhia de uma barata, colecciona pequenos tesouros que vai encontrando (como um Cubo de Rubik) e que guarda no armazém onde vive, juntamente com as suas peças suplentes. As suas noites passam-se em frente da televisão, vendo o filme “Hello Dolly!”. O seu mundo é desolado, triste e solitário.
Até ao dia em que uma nave larga uma sonda com o objectivo de detectar a existência de alguma forma de vida. Essa sonda chama-se EVE, é elegante, brilhante, moderna. E WALL-E tem aquilo que ela procura.
Enquanto isso, com a baixa gravidade na Axiom, os humanos movimentam-se em cadeiras flutuantes. O seu corpo obeso é reflexo da sua mente subjugada por uma corporação que pensa e decide por eles. A inovação tecnológica e a preguiça desenham um círculo vicioso de dependências.
O fascínio do universo criado por Andrew Stanton, que partilha a autoria da história com Pete Docter e a do argumento com Jim Reardon, é inflacionado por funcionar, em especial na Terra, quase sem diálogos. A expressividade das personagens é mecânica, e é também daí que deriva grande parte do humor de “WALL-E”. Tendo em conta o carácter universal (planetário) desta história, faz todo o sentido que assim seja.
“WALL-E” consegue ser um filme ambientalista sem ser moralista, é um olhar crítico sobre as pequenas alegrias analógicas no seio de uma era digital, e uma visão nostálgica da magia dos objectos inúteis que acumulamos.
NOTA: “WALL-E” é antecedido pela deliciosa curta-metragem “Presto!” de Doug Sweetland.
CITAÇÕES:
“Computer, define 'dancing.'”
JEFF GARLIN (Captain)
“John, get ready to have some kids!”
KATHY NAJIMY (Mary)