Mio Fratello è Figlio Unico ***
Realização: Daniele Luchetti. Elenco: Elio Germano, Riccardo Scamarcio, Angela Finocchiaro, Massimo Popolizio, Alba Rohrwacher, Luca Zingaretti, Anna Bonaiuto, Diane Fleri. Nacionalidade: Itália / França, 2007.
Accio (Elio Germano) deixa a decrépita casa dos pais em Latina, uma pequena cidade perto de Roma criada pelo governo fascista de Benito Mussolini, para ir para um seminário. Um tempo depois acaba por desistir em virtude da sábia manipulação do seu irmão mais velho, Manrico (Riccardo Scamarcio). A adolescência de Accio é marcada pelos conflitos com os pais, mas, sobretudo, pela necessidade de se diferenciar do seu irmão, um jovem profundamente devotado à causa comunista que se dá ao trabalho de ir trabalhar numa fábrica local para melhor enfrentar os patrões. Enquanto isso, Accio é um dedicado estudante de Latim e um convicto fascista. Até conhecer Francesca (Diane Fleri), a nova e igualmente empenhada, namorada de Manrico.
O argumento do realizador Daniele Luchetti, escrito em colaboração com Sandro Petraglia e Stefano Rulli, a dupla de autores de “La Meglio Gioventù”, adapta o livro ‘Il Fasciocomunista’ de Antonio Pennacchi, e, apesar de não ser tão abrangente ou absorvente como este, porque lhe falta o peso histórico (e a duração), consegue ser um retrato mais íntimo do amadurecimento político, físico e emocional dos jovens italianos dos anos 60 e 70.
“Mio Fratello è Figlio Unico” faz também uso do humor neste retrato de fidelidades. A relação entre Accio e Manrico é marcada por um misto de rivalidade e admiração e, acima de todas as sua possíveis discordâncias, há um elo que nunca se quebra. A personalidade de Accio vai-se formando à medida dos acontecimentos, a sua tomada de consciência vai tornando-o gradualmente mais sensível.
A versatilidade de Elio Germano é um dos grandes trunfos de “Mio Fratello è Figlio Unico”. Infelizmente o seu contraponto é um Manrico muito menos complexo (mas aquele ar de Benicio del Toro de Riccardo Scamarcio é de tirar a respiração!). Nos secundários, está uma poderosa Angela Finocchiaro no papel de mãe e uma doce Diane Fleri como Francesca.
Se a ideologia encontra limites nas necessidades práticas da realidade, a rebelião (até contra quem pensamos que somos) poderá ser a resposta.