O rescaldo da noite.
MELHOR FILME
The Artist, de Michel Hazanavicius
MELHOR ACTOR PRINCIPAL
Jean Dujardin por “The Artist”
MELHOR ACTOR SECUNDÁRIO
Christopher Plummer por “Beginners”
MELHOR ACTRIZ PRINCIPAL
Meryl Streep por “The Iron Lady”
MELHOR ACTRIZ SECUNDÁRIA
Octavia Spencer por “The Help”
MELHOR FILME DE ANIMAÇÃO
Rango, de Gore Verbinski
MELHOR DIRECÇÃO ARTÍSTICA
Dante Ferretti (Production Design), Francesca Lo Schiavo (Set Decoration) por “Hugo”
MELHOR FOTOGRAFIA
Robert Richardson por “Hugo”
MELHOR GUARDA-ROUPA
Mark Bridges por “The Artist”
MELHOR REALIZADOR
Michel Hazanavicius por “The Artist”
MELHOR DOCUMENTÁRIO
Undefeated, de Dan Lindsay e TJ Martin
MELHOR CURTA-METRAGEM DOCUMENTAL
Saving Face, de Daniel Junge
MELHOR MONTAGEM
Kirk Baxter e Angus Wall por “The Girl with the Dragon Tattoo”
MELHOR FILME DE LÍNGUA NÃO INGLESA
A Separation (Irão), de Asghar Farhadi
MELHOR CARACTERIZAÇÃO
Mark Coulier e J. Roy Helland por “The Iron Lady”
MELHOR BANDA SONORA ORIGINAL
Ludovic Bource- “The Artist”
MELHOR CANÇÃO
Man or Muppet – “The Muppets” (música e letra de Bret McKenzie)
MELHOR CURTA-METRAGEM DE ANIMAÇÃO
The Fantastic Flying Books of Mr. Morris Lessmore, de William Joyce e Brandon Oldenburg
MELHOR CURTA-METRAGEM
The Shore, de Terry George
MELHOR EDIÇÃO DE SOM
Philip Stockton e Eugene Gearty por “Hugo”
MELHOR SONOPLASTIA
Tom Fleischman e John Midgley por “Hugo”
MELHORES EFEITOS ESPECIAIS
Rob Legato, Joss Williams, Ben Grossman e Alex Henning por “Hugo”
MELHOR ARGUMENTO ADAPTADO
Nat Faxon, Alexander Payne e Jim Rash por “The Descendants”
MELHOR ARGUMENTO ORIGINAL
Woody Allen por “Midnight In Paris”
Restantes nomeados aqui.
Realização: Rodrigo García. Elenco: Glenn Close, Mia Wasikowska, Aaron Johnson, Janet McTeer, Pauline Collins, Brenda Fricker, Jonathan Rhys Meyers, Brendan Gleeson. Nacionalidade: Reino Unido / Irlanda, 2011.
Num projecto muito pessoal, que escreve, interpreta e produz, Glenn Close regressa a Albert depois de o ter sido em palco nos anos 80.
Baseado num conto de 1918 de George Moore, Albert Nobbs é uma mulher escondida do mundo, por não se conseguir encaixar nele. Escondendo de si própria os seus sonhos por sabê-los irrealizáveis, mas numa desesperada e dorida busca de afecto.
A experiência de televisão de Rodrigo García (“Six Feet Under”, “In Treatment”) traduz-se na grande densidade das suas personagens, mesmo as secundárias. É para elas que cria um mundo de miséria física e emocional onde o juízo e o medo prevalecem.
Realização: Bruce Robinson. Elenco: Johnny Depp, Aaron Eckhart, Michael Rispoli, Amber Heard, Richard Jenkins, Giovanni Ribisi, Amaury Nolasco. Nacionalidade: EUA, 2011.
Esta não é a melhor adaptação possível de uma obra de Hunter S. Thompson e é certo que este filme nunca será uma obra determinante, nem para os seus intervenientes nem para o espectador. Ainda está para chegar alguém com a criatividade e o engenho com que Terry Gilliam pegou em Fear and Loathing in Las Vegas.
Apesar do mesmo Gilliam ter participado no argumento (a cena da droga alucinogénia só pode ter sido dele), apesar de Johnny Depp ter bisado o protagonista (novamente decalcado do próprio autor), a “The Rum Diary” falta a garra e a estranheza, a mescla de desespero e esperança, que grassa no universo de Thompson.
Há na vida momentos decisivos para percebermos a pessoa que queremos ou não ser. Hunter S. Thompson escreveu sobre isso. Infelizmente, não foi isso que Bruce Robinson filmou...
Música e subversão. Um clássico, portanto.
Realização: Clint Eastwood. Elenco: Leonardo DiCaprio, Naomi Watts, Armie Hammer, Josh Lucas, Judi Dench. Nacionalidade: EUA, 2011.
Ainda que toldado pelos seus próprios preconceitos e do alto de uma extrema arrogância moral, J. Edgar Hoover era um homem com uma missão e um patriota indefectível (como só os americanos parecem poder ser).
DiCaprio incorpora, no corpo e na voz, este homem calculista e quase desumano que subsistiu a oito presidentes. Um óptimo trabalho de caracterização, só equiparável ao mau trabalho exercido sobre Armie Hammer no papel de Clyde Tolson, mais semelhante a um manequim de loja.
Por sua vez, o argumento de Dustin Lance Black (“Milk”) oscila entre o acompanhamento dos eventos históricos e a análise de um homem que ocultava inseguranças e frustrações, sem nunca conseguir um resultado equilibrado entre os dois.
Não era preciso muito, mas Eastwood redime-se de “Hereafter” com a sua mão capaz, o seu olhar atencioso e aquele suave travo a “Psycho” de Hitchcock.
Realização: Fernando Trueba, Javier Mariscal e Tono Errando. Género: Animação. Nacionalidade: Espanha / Reino Unido, 2010.
Mais que o romance de Chico e Rita, um pianista e uma cantora cubanos, é a paixão pela música jazz que alimenta esta colaboração do ilustrador espanhol Javier Mariscal e do realizador Fernando Trueba.
Visualmente, Mariscal consegue ser sedutor e melancólico em simultâneo. E se aquela é a Havana que ainda hoje se reconhece, aquela é também a Nova Iorque que se quer imaginar.
A maior tragédia do amor será sempre não o viver.
Realização: Alexander Payne. Elenco: George Clooney, Shailene Woodley, Amara Miller, Beau Bridges, Nick Krause, Patricia Hastie, Matthew Lillard, Judy Greer. Nacionalidade: EUA, 2011.
Alexander Payne sempre me pareceu algo sobrevalorizado. Aconteceu-me com “Sideways” e volta a acontecer-me com “The Descendants”. Mas acredito que o Turismo do Hawaii tenha uma opinião diferente da minha.
Mais do que a narrativa, é a atenção às personagens, potenciada pelo bom trabalho de interpretação, que continua a ser a mais-valia das suas obras. Neste caso, o inegável Clooney e a surpresa da jovem Shailene Woodley.
O amor mal expressado, o sofrimento da despedida, o perdão de um e do outro.
Realização: Phyllida Lloyd. Elenco: Meryl Streep, Jim Broadbent, Olivia Colman, Anthony Head, Richard E. Grant, Roger Allam, Nicholas Farrell, Alexandra Roach, Harry Lloyd. Nacionalidade: Reino Unido / França, 2011.
Esta não é, propositadamente, a Thatcher que a maioria recorda, a Thatcher que a maioria (da minha geração) aprendeu a detestar. Primeiro, mais por simpatia com os seus oponentes (sobretudo musicais) do que por conhecimento de causa. Depois, quando a idade nos permitiu ver para lá da retórica, pelas ideias e pelas consequências dessas ideias.
Da solidão do poder. Na ascensão, na permanência e, principalmente, na queda.
O carácter como definidor da política, a política como definidor do carácter.
Um símbolo transformado em humano, Streep transformada em Margaret, uma mulher que se despede do seu legado, do seu marido, da sua lucidez.
A noite passada os Orange British Academy Film Awards foram entregues a:
MELHOR FILME
THE ARTIST - Thomas Langmann
MELHOR FILME BRITÂNICO
TINKER TAILOR SOLDIER SPY - Tomas Alfredson, Tim Bevan, Eric Fellner, Robyn Slovo, Bridget O'Connor, Peter Straughan
MELHOR REALIZADOR, ARGUMENTISTA OU PRODUTOR BRITÂNICO EM PRIMEIRA OBRA
TYRANNOSAUR - Paddy Considine (Director), Diarmid Scrimshaw (Produtor)
MELHOR REALIZADOR
THE ARTIST - Michel Hazanavicius
MELHOR DOCUMENTÁRIO
SENNA - Gregers Sall, Chris King
MELHOR ARGUMENTO ORIGINAL
THE ARTIST - Michel Hazanavicius
MELHOR ARGUMENTO ADAPTADO
TINKER TAILOR SOLDIER SPY - Bridget O'Connor, Peter Straughan
MELHOR FILME DE LÍNGUA NÃO INGLESA
LA PIEL QUE HABITO (Espanha) - Pedro Almodóvar, Agustin Almodóvar
MELHOR FILME DE ANIMAÇÃO
RANGO - Gore Verbinski
MELHOR ACTOR
JEAN DUJARDIN - The Artist
MELHOR ACTRIZ
MERYL STREEP - The Iron Lady
MELHOR ACTOR SECUNDÁRIO
CHRISTOPHER PLUMMER - Beginners
MELHOR ACTRIZ SECUNDÁRIA
OCTAVIA SPENCER - The Help
MELHOR BANDA SONORA
THE ARTIST - Ludovic Bource
MELHOR FOTOGRAFIA
THE ARTIST - Guillaume Schiffman
MELHOR MONTAGEM
SENNA - Gregers Sall, Chris King
MELHOR DESIGN DE PRODUÇÃO
HUGO - Dante Ferretti, Francesca Lo Schiavo
MELHOR GUARDA-ROUPA
THE ARTIST - Mark Bridges
MELHOR SOM
HUGO - Philip Stockton, Eugene Gearty, Tom Fleischman, John Midgley
MELHORES EFEITOS ESPECIAIS
HARRY POTTER AND THE DEATHLY HALLOWS – PART 2 - Tim Burke, John Richardson, Greg Butler, David Vickery
MELHOR CARACTERIZAÇÃO
THE IRON LADY - Mark Coulier, J. Roy Helland, Marese Langan
MELHOR CURTA-METRAGEM DE ANIMAÇÃO
A MORNING STROLL - Grant Orchard, Sue Goffe
MELHOR CURTA-METRAGEM
PITCH BLACK HEIST - John Maclean, Gerardine O'Flynn
THE ORANGE WEDNESDAYS RISING STAR AWARD (atribuído pelo público)
ADAM DEACON
ACADEMY FELLOWSHIP
MARTIN SCORSESE
MELHOR CONTRIBUIÇÃO BRITÂNICA PARA O CINEMA
JOHN HURT
Restantes nomeados aqui.
the moment he walked on the stage my tail began to wag
Realização: Sean Durkin. Elenco: Elizabeth Olsen, John Hawkes, Sarah Paulson, Hugh Dancy, Brady Corbet. Nacionalidade: EUA, 2011.
Da impossibilidade de superar, de esquecer, de apagar.
Da impossibilidade de reiniciar, de começar do zero.
Da impossibilidade de regressar à normalidade de um mundo incompreensível.
Da impossibilidade de ser sem se ter sido.
Da fragmentação do que se foi, do que se é, do que se será.
Realização: Bennett Miller. Elenco: Brad Pitt, Jonah Hill, Robin Wright, Philip Seymour Hoffman, Chris Pratt, Kerris Dorsey. Nacionalidade: EUA, 2011.
O negócio por trás de um jogo rodeado de romantismo e superstições.
Suponho que para quem goste de basebol, “Moneyball” seja um pouco mais do que isso.
Para mim foi apenas Brad Pitt: na esperança, na desilusão, na frustração e numa espécie de vitória.
Descobri isto ontem a fazer zapping e confesso que parei pelo “magritte”, não pelo “cinema”.
Na segunda edição dos prémios belgas de cinema o destaque foi para “Les Géants” de Bouli Lanners.
Realização: Mike Mills. Elenco: Ewan McGregor, Christopher Plummer, Melanie Laurent, Goran Visnjic, Kai Lennox, Mary Page Keller. Nacionalidade: EUA, 2010.
Começar custa. Voltar ao início e ter de contar tudo de nós de novo. Tentar confiar de novo apesar de sabermos que tudo é falível. E com apenas uma pequena mas esperançosa possibilidade de, nesse salto, voltar a ser feliz.
Dos que nos fugiram, dos que deixámos fugir, só nos restam as memórias. Memórias essas corrompidas por preconceitos e expectativas, por emoções e sentimentos.
Aquilo que recordamos dos outros diz muito mais de nós mesmos do que deles.
Realização: Tomas Alfredson. Elenco: Gary Oldman, Colin Firth, Tom Hardy, John Hurt, Toby Jones, Mark Strong, Benedict Cumberbatch, Ciarán Hinds. Nacionalidade: França / Reino Unido / Alemanha, 2011.
“Tinker, Tailor, Soldier, Spy” condensa o livro homónimo de John Le Carré num intricado argumento (Peter Straughan e Bridget O'Connor) que, à semelhança do universo de espionagem de Guerra Fria que retrata, é um trabalho intricado e metódico que exige a atenção dedicada do espectador.
Estes homens são empenhados empregados públicos limitados por uma pesada burocracia, mas são também profissionais da dissimulação habituados a uma observação detalhada e silenciosa. Até onde se pode confiar num perito da mentira?
A mão delicada de Tomas Alfredson (“Deixa-me Entrar”), à qual se junta a subtileza da interpretação de Gary Oldman e um bem recheado elenco, obriga-nos a questionar, a cada passo, todas as motivações, conduzindo-nos sinuosamente até ao compensador desenlace final.