No passado dia 23, foi a vez dos actores galardoarem os seus pares na 16ª edição dos Screen Actors Guild Awards.
Foram estes os resultados:
THEATRICAL MOTION PICTURES
Outstanding Performance by a Male Actor in a Leading Role
JEFF BRIDGES por “Crazy Heart”
Outstanding Performance by a Female Actor in a Leading Role
SANDRA BULLOCK por “The Blind Side”
Outstanding Performance by a Male Actor in a Supporting Role
CHRISTOPH WALTZ por “Inglourious Basterds”
Outstanding Performance by a Female Actor in a Supporting Role
MO’NIQUE por “Precious: Based on the novel Push by Sapphire”
Outstanding Performance by the Cast of a Motion Picture
INGLOURIOUS BASTERDS
PRIMETIME TELEVISION
Outstanding Performance by a Male Actor in a Television Movie or Miniseries
KEVIN BACON por “Taking Chance”
Outstanding Performance by a Female Actor in a Television Movie or Miniseries
DREW BARRYMORE por “Grey Gardens”
Outstanding Performance by a Male Actor in a Drama Series
MICHAEL C. HALL por “Dexter”
Outstanding Performance by a Female Actor in a Drama Series
JULIANNA MARGULIES por “The Good Wife”
Outstanding Performance by an Ensemble in a Drama Series
MAD MEN
Outstanding Performance by a Male Actor in a Comedy Series
ALEC BALDWIN por “30 Rock”
Outstanding Performance by a Female Actor in a Comedy Series
TINA FEY por “30 Rock”
Outstanding Performance by an Ensemble in a Comedy Series
GLEE
SAG HONORS FOR STUNT ENSEMBLES
Outstanding Performance by a Stunt Ensemble in a Motion Picture
STAR TREK
Outstanding Performance by a Stunt Ensemble in a Television Series
24
O primeiro concorrente:
Realização: Michael Haneke. Elenco: Christian Friedel, Ernst Jacobi, Leonie Benesch, Ulrich Tukur, Ursina Lardi, Fion Mutert, Michael Kranz, Burghart Klaußner, Steffi Kühnert, Maria-Victoria Dragus, Leonard Proxauf. Nacionalidade: Áustria / Alemanha / França / Itália, 2009.
Se tivesse de destacar o elemento comum na filmografia de Michael Haneke seria a crueldade. De uma forma ou de outra, dirigida a outros ou a si mesmo, as suas personagens são das mais cruéis que o cinema nos tem oferecido. E não deixa de ser desconcertante olhar para este homem com ar de simpático avô e ver aquilo que o estimula para e que resulta na sua criação.
O subtítulo “Eine deutsche Kindergeschichte” parece jogar com o significado “uma história alemã para crianças” e “uma história alemã sobre crianças”. Fiquemo-nos pela segunda opção. Mesmo.
O narrador avisa-nos, desde logo, que a sua memória não consegue assegurar um relato isento de imperfeições. Na Alemanha rural do princípio do séc. XX, a vida arrasta-se num compasso lento, sem felicidades mas também sem tragédias. Até ao dia em que estranhos acontecimentos vêm perturbar a vida dos seus habitantes.
Haneke oferece-nos um mistério quase policial, ao longo do qual vamos recebendo pequenas pistas, para terminar numa ambígua resolução. À semelhança das suas personagens, também ele dissimula, falando de outras coisas através da metáfora do cinema. Conta-nos da liderança despótica (familiar e política), do poder da educação na perpetuação dos comportamentos, conta-nos da nossa memória histórica e dos seus esquecimentos.
Embrulhado na espantosa fotografia a preto e branco de Christian Berger, “Das Weisse Band“ é austero e formal. Mas, com um cuidado quase obsessivo, Haneke consegue condensar as mais fortes emoções (e o diálogo mais violento), apertando-as de tal modo que, a qualquer o momento, esperamos vê-las explodir. E é assim, como uma mola contraída, que saímos da sala de cinema.
Realização: John Hillcoat. Elenco: Viggo Mortensen, Kodi Smit-McPhee, Charlize Theron, Robert Duvall, Guy Pearce, Molly Parker, Michael Kenneth Williams. Nacionalidade: EUA, 2009.
Sem ter lido o livro de Cormac McCarthy posso apenas imaginar que ele seja ainda mais duro que a adaptação de Joe Penhall e John Hillcoat (“The Proposition”).
Na pálida (e cinzenta) amostra de mundo que resta após uma catástrofe não identificada, um homem (Viggo Mortensen) tenta, a todo o custo, salvar a vida do seu filho (Kodi Smit-McPhee). Depois de a mãe (Charlize Theron) ter desistido perante a perspectiva de pilhagens, violações e canibalismo motivados pelo desespero e a fome, os dois homens seguem em direcção a sul e à costa, na esperança de que o mar seja mais do que cinza e pó. Correndo, escondendo-se e passando fome, eles sobrevivem na desolação – o pai motivado pelo filho, o filho pela noção de bem.
“The Road” não tem os exactos elementos de thriller apocalíptico nem os efeitos visuais que Hollywood nos tenta vender pelo menos uma vez por ano, mas é pleno de tensão e de uma envolvência quase dolorosa. Às exigências física e emocional, Viggo Mortensen responde com excelência, e o jovem australiano de 13 anos Kodi Smit-McPhee, com uma intensidade e intuição que não lhe ficam atrás.
O amor é o motor, a força, a saída, o fogo que compete a cada um guardar e carregar dentro de si. E ainda que o mundo possa, de facto, chegar ao limite do possível, o único caminho que vale a pena percorrer é o da a empatia e compaixão – o ser (verbo) humano.
Realização: Jacques Audiard. Elenco: Tahar Rahim, Niels Arestrup, Adel Bencherif, Hichem Yacoubi, Reda Kateb, Jean-Philippe Ricci, Gilles Cohen, Antoine Basler, Leïla Bekhti. Nacionalidade: França / Itália, 2009.
Jacques Audiard (“De Tanto Bater o Meu Coração Parou”) pega na inocência (e ingenuidade) de Malik El Djebena (Tahar Rahim) e corrompe-as brutalmente pelas forças organizadoras (aglutinadoras e isoladoras) do presídio.
Neste processo, Malik observa silencioso e obediente, e aprende a ser previdente e implacável. Desconcertado, assustado, atormentado pelo crime que é obrigado a cometer, ele transforma-se num líder, iluminado pela convicção da sua “missão”, capaz de motivar seguidores.
A realização de Audiard é simultaneamente controlada e enérgica. E as interpretações cativantes, do praticamente estreante (e lindíssimo!) Tahar Rahim, ao veterano Niels Arestrup (como líder da facção corsa), passando por Hichem Yacoubi (o fantasma).
Nunca a prisão pareceu tão longe do conceito de reabilitação como em “Un Prophète”. Nunca 2h30 se passaram tão sem esforço.
Realização: Spike Jonze. Elenco: Max Records, Catherine Keener, Mark Ruffalo, James Gandolfini (voz), Lauren Ambrose (voz), Paul Dano (voz), Catherine O'Hara (voz), Forest Whitaker (voz), Michael Berry Jr. (voz), Chris Cooper (voz). Nacionalidade: EUA, 2009.
A experiência da infância estará já longe para muitos de nós, outros começam agora a vivê-la pelos olhos dos filhos. Os medos e as expectativas, a dor no confronto com a realidade, a fuga, a verdade e, finalmente, a assimilação. O mais recente filme de Spike Jonze (“Being Jonh Malkovich”, “Adaptation”), adaptação do livro infantil de 1963 de Maurice Sendak, leva-nos de volta a esse tempo.
No rescaldo do divórcio dos pais, encontramos Max (Max Records) imerso na profunda tristeza que advém da solidão, de sentirmos que somos únicos (na pior acepção da palavra) e que nunca ninguém nos vai compreender.
A sua raiva e frustração (e todos as outras emoções que as contrariam ou equilibram) encontram uma personificação física no seu mundo imaginário, um mundo onde é possível criar a própria felicidade, ou o que se pensa que ela possa ser. Nesta transposição da realidade, Max faz o caminho de crescimento, à medida que se apercebe do impacto que cada um dos seus sentimentos (e acções deles decorrentes) têm sobre aqueles que estão ao seu redor.
Essa é, e continua a ser, a maior viagem que cada um de nós pode ambicionar fazer: ao mundo que contemos dentro de nós.
Revelados (para grande desilusão minha...) os vencedores da 67ª edição dos Golden Globe Awards.
BEST MOTION PICTURE - DRAMA
Avatar, de James Cameron
BEST PERFORMANCE BY AN ACTRESS IN A MOTION PICTURE - DRAMA
Sandra Bullock por “The Blind Side”
BEST PERFORMANCE BY AN ACTOR IN A MOTION PICTURE - DRAMA
Jeff Bridges por “Crazy Heart”
BEST MOTION PICTURE - MUSICAL OR COMEDY
The Hangover, de Todd Phillips
BEST PERFORMANCE BY AN ACTRESS IN A MOTION PICTURE - MUSICAL OR COMEDY
Meryl Streep por “Julie & Julia”
BEST PERFORMANCE BY AN ACTOR IN A MOTION PICTURE - MUSICAL OR COMEDY
Robert Downey Jr. por “Sherlock Holmes”
BEST PERFORMANCE BY AN ACTRESS IN A SUPPORTING ROLE IN A MOTION PICTURE
Mo'nique por “Precious: Based On The Novel Push By Sapphire”
BEST PERFORMANCE BY AN ACTOR IN A SUPPORTING ROLE IN A MOTION PICTURE
Christoph Waltz por “Inglourious Basterds”
BEST ANIMATED FEATURE FILM
Up, de Pete Docter e Bob Peterson
BEST FOREIGN LANGUAGE FILM
Das Weisse Band - Eine Deutsche Kindergeschichte (Alemanha), de Michael Haneke
BEST DIRECTOR - MOTION PICTURE
James Cameron por “Avatar”
BEST SCREENPLAY - MOTION PICTURE
Jason Reitman e Sheldon Turner por “Up In The Air”
BEST ORIGINAL SCORE - MOTION PICTURE
Michael Giacchino - “Up”
BEST ORIGINAL SONG - MOTION PICTURE
The Weary Kind (Theme From Crazy Heart) – “Crazy Heart”
BEST TELEVISION SERIES - DRAMA
Mad Men
BEST PERFORMANCE BY AN ACTRESS IN A TELEVISION SERIES - DRAMA
Julianna Margulies por “The Good Wife”
BEST PERFORMANCE BY AN ACTOR IN A TELEVISION SERIES - DRAMA
Michael C. Hall por ”Dexter”
BEST TELEVISION SERIES - MUSICAL OR COMEDY
Glee
BEST PERFORMANCE BY AN ACTRESS IN A TELEVISION SERIES - MUSICAL OR COMEDY
Toni Collette por “United States Of Tara”
BEST PERFORMANCE BY AN ACTOR IN A TELEVISION SERIES - MUSICAL OR COMEDY
Alec Baldwin por “30 Rock”
BEST MINI-SERIES OR MOTION PICTURE MADE FOR TELEVISION
Grey Gardens
BEST PERFORMANCE BY AN ACTRESS IN A MINI-SERIES OR A MOTION PICTURE MADE FOR TELEVISION
Drew Barrymore por “Grey Gardens”
BEST PERFORMANCE BY AN ACTOR IN A MINI-SERIES OR A MOTION PICTURE MADE FOR TELEVISION
Kevin Bacon por “Taking Chance”
BEST PERFORMANCE BY AN ACTRESS IN A SUPPORTING ROLE IN A SERIES, MINI-SERIES OR MOTION PICTURE MADE FOR TELEVISION
Chloë Sevigny por “Big Love”
BEST PERFORMANCE BY AN ACTOR IN A SUPPORTING ROLE IN A SERIES, MINI-SERIES OR MOTION PICTURE MADE FOR TELEVISION
John Lithgow por “Dexter”
CECIL B. DeMILLE AWARD
Martin Scorsese
Restantes nomeados aqui.
LHASA DE SELA
(27.09.1972 - 01.01.2010)
fevereiro
MILK, de Gus Van Sant
THE READER, de Stephen Daldry
março
THE WRESTLER, de Darren Aronofsky
abril
LOUISE-MICHEL, de Benoît Delépine e Gustave de Kervern
setembro
UP, de Pete Docter e Bob Peterson
INGLOURIOUS BASTERDS, de Quentin Tarantino
novembro
(500) DAYS OF SUMMER, de Marc Webb
28 de Abril
DAVID BYRNE @Coliseu dos Recreios
14 de Maio
ANTONY AND THE JONHSONS @Coliseu dos Recreios
25 de Maio
ANDREW BIRD @São Jorge
07 de Outubro
CHRIS GARNEAU @La Maroquinerie, Paris
23 de Outubro
JOHN VANDERSLICE @Santiago Alquimista
14 de Novembro
DEPECHE MODE @Pavilhão Atlântico
02 de Dezembro
FRANZ FERDINAND @Campo Pequeno
O LEITOR, de Bernhard Schlink
THE BOY IN THE STRIPED PYJAMAS, de John Boyne
A POSSIBILIDADE DE UMA ILHA, de Michel Houellebecq
O OUTRO EU, de Daphne du Maurier
CLUBE DE COMBATE, de Chuck Palahniuk
CONFESSIONS OF AN ENGLISH OPIUM-EATER AND OTHER STORIES, de Thomas de Quincey
UMA QUESTÃO DE BELEZA, de Zadie Smith
A SOLIDÃO DOS NÚMEROS PRIMOS, de Paolo Giordano
BELOVED, de Toni Morrison
A CASA DO SONO, de Jonathan Coe
GENTE INDEPENDENTE, de Halldór Laxness