Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

CINERAMA

CRÍTICA E OPINIÃO SOBRE CINEMA

CINERAMA

CRÍTICA E OPINIÃO SOBRE CINEMA

“Arena”, Palma de Ouro

25.05.09, Rita


ALIGN=LEFT>COLOR=#AAAAAAA SIZE=4>«Eu sabia que queria fazer filmes.
Agora sei que há outros que querem que eu faça filmes.»


ALIGN=RIGHT>COLOR=#E90909>JOÃO SALAVIZA
,
vencedor da Palma de Ouro em Cannes
pela curta-metragem “Arena”


SRC=http://fotos.sapo.pt/WTu63ku6uDkl5Aoa6ICf/>



ALIGN=JUSTIFY>Na 62ª edição do Festival de Cannes, que terminou ontem, a Palma de Ouro para longa metragem coube ao filme “Das Weisse Band” de Michael Haneke, enquanto o Grande Prémio do Júri foi para “Un Próphete” de Jacques Audiard.

ALIGN=LEFT>Restantes premiados aqui.











The Edge of Love **

19.05.09, Rita

ALIGN=JUSTIFY>Realização: John Maybury. Elenco: Matthew Rhys, Keira Knightley, Sienna Miller, Cillian Murphy. Nacionalidade: Reino Unido, 2008.


SRC=http://eur.i1.yimg.com/eur.yimg.com/ng/xp/yahoo_manual/20080519/10/1019572861.jpg>


ALIGN=JUSTIFY>“The Edge of Love” é daqueles filmes que, tendo praticamente tudo a seu favor, desfalece sem deixar qualquer marca no espectador. O ponto de partida é a vida emocionalmente atribulada do poeta galês Dylan Thomas (Matthew Rhys), e da sua relação com a mulher Caitlin MacNamara (Sienna Miller) e a antiga paixão de juventude Vera (Keira Knightley).

ALIGN=JUSTIFY>Na Londres de 1941, Dylan Thomas partilha a vida com Caitlin, mas as palavras que escreve são-lhe inspiradas por Vera. Quando as duas mulheres se conhecem a simpatia mútua é imediata e entre os três cria-se uma ambígua situação de triângulo amoroso, ainda que não sexualmente consumado, e que apenas consegue algum equilíbrio quando Vera conhece um jovem soldado, William (Cillian Murphy).

ALIGN=JUSTIFY>O argumento de Sharman Macdonald (mãe de Knightley − fica no ar até que ponto terá sido o nome da filha a vender o projecto e a chamar o restante elenco) apoia-se na verdade com a presunção de que isso seria suficiente. No entanto, aos factos que relata falta-lhe a chama característica das relações destrutivas, onde o amor é posto em causa pelo ciúme e a amizade pela traição.

ALIGN=JUSTIFY>Apesar de conseguir construir belos planos, o realizador de “The Jacket” faz muito pouco com o texto de Macdonald. A narrativa, que poderia bem ser temperamental à semelhança de Dylan, arrasta-se em cenas onde nada acontece e nada muda, numa colagem de pequenos episódios.

ALIGN=JUSTIFY>Apesar da semelhança física de Matthew Rhys, nas interpretações é Miller que se destaca: pelo esgotamento do corpo e do espírito, pela desilusão com um ideal amoroso que apenas sobrevive em poemas.


WIDTH=70% COLOR=#E90909 SIZE=1>


ALIGN=JUSTIFY>CITAÇÕES:

ALIGN=JUSTIFY>COLOR=#AAAAAA>“Caitlin MacNamara − Touch her and I'll kill you.
Dylan Thomas − Caitlin's territory, is it?
Caitlin MacNamara − Caitlin's friend.”
SIENNA MILLER (Caitlin MacNamara) e MATTHEW RHYS (Dylan Thomas)














Star Trek ****1/2

14.05.09, Rita

ALIGN=JUSTIFY>Realização: J.J. Abrams. Elenco: Chris Pine, Zachary Quinto, Leonard Nimoy, Eric Bana, Bruce Greenwood, Karl Urban, Zoe Saldana, Simon Pegg, John Cho. Nacionalidade: EUA / Alemanha, 2009.


SRC=http://www.linternaute.com/cinema/image_diaporama/540/star-trek-40916.jpg>


ALIGN=JUSTIFY>Eu não sou exactamente fã de ficção científica e só muito esporadicamente segui a série televisiva da autoria de Gene Roddenberry, mas, caramba, que bom este “Star Trek”! Desde já previno que não entrarei em grandes detalhes na história, ir ver sem ideia do que nos espera é parte integrante da experiência.

ALIGN=JUSTIFY>O criador da série ‘Lost’ e os argumentistas Roberto Orci e Alex Kurtzman assumem a responsabilidade da herança criativa que têm em mãos, e oferecem-nos uma aventura totalmente envolvente que é simultaneamente um festim para os sentidos e uma viagem emocional.

ALIGN=JUSTIFY>Apenas dois elementos da tripulação da USS Enterprise têm direito a uma visita à sua infância: J.T. Kirk e Spock. James Tiberius Kirk chega ao mundo apenas momentos antes do seu pai, George Kirk (Chris Hemsworth), feito capitão da Frota Espacial há poucos minutos, morrer heroicamente às mãos de Nero (Eric Bana), um vingativo romulano, mas garantindo a sobrevivência de 300 pessoas, entre as quais a do seu filho e da sua mulher (Jennifer Morrison). Spock é fruto de um casamento misto entre uma humana e um vulcano. Educado no perfeccionismo lógico deste último, o dilema com as suas emoções durará até à idade adulta. É num desafio a igualar o heroísmo paterno que o Capitão Christopher Pike (Bruce Greenwood) consegue convencer o jovem adulto Kirk (Chris Pine) a juntar-se à Frota Estrelar. É em resposta a um “insulto” materno que Spock (Zachary Quinto) faz o mesmo.

ALIGN=JUSTIFY>É sobretudo Kirk e Spock que vemos crescer diante dos nossos olhos, mas o cuidado com os detalhes permite-nos perceber de onde vem cada um deles: o “apenas” médico Leonard 'Bones' McCoy (Karl Urban), a ponderada Uhura (Zoe Saldana), o divertido e deslumbrado engenheiro de teletransporte Scotty (Simon Pegg), e os calmos sob stress Sulu (John Cho) e Chekov (Anton Yelchin). Estes dois últimos são os mais negligenciados na estrutura narrativa, mas sem prejuízo para o filme. Do que senti alguma falta foi de um olhar mais atento ao vilão Nero e à sua sede de vingança contra a Federação.

ALIGN=JUSTIFY>Contendo todo o apelativo técnico e visual exigível, este filme é profundamente generoso com as suas personagens, resultando numa consequente retribuição, na mesma medida, de fortes e consistentes interpretações por parte de todo o elenco. Pela agradável surpresa, destaco Chris Pine (que o meu preconceito começo por reduzir a uma simples cara bonita) e o simplemente genial Karl Urban (Eomer em “Lord of the Rings”).

ALIGN=JUSTIFY>A sensação que temos é que estamos num ambiente totalmente familiar, mas também novo. Não sei em que fase determinadas subtilezas, como o carácter mais emocional de Spock foram introduzidas (se no guião, se na realização, se somente na interpretação), mas no seu todo, contribuem para um olhar fresco sobre uma temática que seria muito fácil repisar. Claro que existe também um grande engenho por trás disto. Com uma solução totalmente credível (dentro do incrível mundo da ficção científica), tudo o que sabemos sobre o futuro destas personagens é habilmente apagado. A partir deste ponto as aventuras da USS Enterprise e da sua tripulação não estão presas a qualquer desfecho da série ou dos filmes anteriores.

ALIGN=JUSTIFY>Em 1966, o contexto da série compreendia o utópico ideal de cooperação de todos (etnias e nacionalidades) para um objectivo comum. Curiosamente, em 2009, o ideal não só se mantém como se mantém utópico. “Live long, and prosper.”


SRC=http://www.hotconflict.com/blog/images/2007/10/29/star_trek_mirror_images.jpg>


WIDTH=70% COLOR=#E90909 SIZE=1>


ALIGN=JUSTIFY>CITAÇÕES:

ALIGN=JUSTIFY>COLOR=#AAAAAA>“Space is disease and danger wrapped in darkness and silence.”
KARL URBAN (Leonard 'Bones' McCoy)


ALIGN=JUSTIFY>“Space, the final frontier… These are the voyages of the starship Enterprise, its continuing mission to explore a strange new world, to seek out new life and new civilizations, to boldly go where no one has gone before.”
LEONARD NIMOY (voz)














X-Men Origins: Wolverine **

13.05.09, Rita

ALIGN=JUSTIFY>Realização: Gavin Hood. Elenco: Hugh Jackman, Liev Schreiber, Danny Huston, Will i Am, Lynn Collins, Kevin Durand, Dominic Monaghan, Taylor Kitsch, Daniel Henney , Ryan Reynolds, Scott Adkins, Tim Pocock. Nacionalidade: Austrália / EUA / Canadá, 2008.


SRC=http://www.shockya.com/news/wp-content/uploads/xmen_origins_wolverine_still2.jpg>


ALIGN=JUSTIFY>“X-Men Origins: Wolverine” poderia ser um bom filme de entretenimento, mas não é. Poderia adentrar-se na complexidade emocional de uma das personagens mais interessantes da Banda Desenhada da Marvel, mas limita-se apenas a um rol de “factos” ao qual falta coerência narrativa, reduzindo o seu protagonista a um arco evolutivo quase inexistente.

ALIGN=JUSTIFY>O Canadá do século XIX é o cenário da infância de James. Um trágico incidente fá-lo, no mesmo momento, descobrir os seus fantásticos poderes e matar aquele que afinal era o seu pai biológico. Em pânico, foge com o seu (meio)irmão Victor Creed. Em seguida, James, agora Logan (Hugh Jackman), e Victor (Liev Schreiber) estão ambos a lutar na Guerra Civil Americana, depois na II Guerra Mundial e ainda na Guerra do Vietname. Os poderes de ambos tornam-nos invencíveis, sobrevivendo até a fuzilamentos (à semelhança dos ‘Imortais’ também eles deixam de envelhecer).

ALIGN=JUSTIFY>William Stryker (Danny Huston), um agente do governo, recruta-os para uma equipa de mutantes composta por Wade Wilson (Ryan Reynolds), Frederick Dukes (Kevin Durand) e John Wraith (Will.i.Am). Nas diversas missões secretas em países do terceiro mundo, a violência de Victor torna-se cada vez mais descontrolada. Revoltado com os bárbaros métodos de ataque, Logan acaba por abandonar o grupo, refugiando-se nas montanhas do Canadá, trabalhando como lenhador e vivendo em paz com a namorada Kayla (Lynn Collins), uma romântica professora.

ALIGN=JUSTIFY>Passados 5 anos, Victor, transformado já na personalidade de Sabretooth, regressa para chamar a atenção de Logan da pior maneira possível: matando Kayla. Movido pela vingança, Logan transforma-se em Wolverine (a cena de atribuição deste epíteto é de um mau gosto delicodoce impressionante!), e, novamente nas mãos de Striker, recebe o seu famoso esqueleto de adamantium.

ALIGN=JUSTIFY>Os X-Men como grupo são uma metáfora para a intolerância perante tudo o que é diferente. Wolverine, em particular, concentra a dualidade entre os instintos animais e a educação cordial, frustrando-se com a escolha de um em detrimento do outro, debatendo-se constantemente com a sua consciência moral.

ALIGN=JUSTIFY>No argumento de David Benioff e Skip Woods, Wolverine não se debate com dúvidas, não fosse o espectador ser incapaz de se compadecer de um herói que cometa erros. Ele é tão unidimensional como o seu vilão, e nem dois actores capazes como Jackman e Schreiber conseguem dar consistência às súbitas mudanças de estado de espírito, à falta de ligação emocional entre os dois e à falta de verosimilhança das suas acções. Em vez disso, temos uma série de lutas sem sentido, como a luta de boxe com Dukes ou a do beco com Gambit (Taylor Kitsch).

ALIGN=JUSTIFY>Vencedor do Oscar para Melhor Filme em Língua Estrangeira (“Tsotsi”), Gavin Hood é competente com as cenas de acção, mas dificilmente se sustenta uma história, cuja mitologia está mais do que documentada, apenas nisso. Aos novatos sinto a obrigação de os reportar antes à trilogia dos X-Men, e nomeadamente ao patente afecto de Bryan Singer. “X-Men Origins: Wolverine” não passa de uma fraca mímica de sentimentos que não existem.


WIDTH=70% COLOR=#E90909 SIZE=1>


ALIGN=JUSTIFY>CITAÇÕES:

ALIGN=JUSTIFY>COLOR=#AAAAAA>“If I learned anything about life, it's this: always play the hand your dealt.”
TAYLOR KITSCH (Gambit)












Elegy **1/2

03.05.09, Rita

ALIGN=JUSTIFY>Realização: Isabel Coixet. Elenco: Ben Kingsley, Penélope Cruz, Patricia Clarkson, Dennis Hopper, Peter Sarsgaard, Deborah Harry. Nacionalidade: EUA, 2008.


SRC=http://www.filmdetail.com/wp-content/uploads/2008/08/ben-kingsley-and-penelope-cruz-in-elegy.jpg>


ALIGN=JUSTIFY>Com argumento de Nicholas Meyer e baseado no livro de Philip Roth “The Dying Animal” “Elegy” ameaçava ser mais um filme sobre uma jovem bonita seduzida pelo intelecto de um homem muito mais velho (a temática típica de Roth também filmada em “The Human Stain” de Robert Benton). Mas desta vez, a realização aparece assinada pela catalã Isabel Coixet, que nos trouxe filmes tão pungentes como “Mi Vida Sin Mí” e “La Vida Secreta de las Palabras”.

ALIGN=JUSTIFY>“Elegy” retrata a relação entre David Kepesh (Ben Kingsley), um professor universitário de literatura na casa dos 60, e a sua aluna de origem cubana Consuela (Penélope Cruz). Alardeando a sua inteligência e cultura com o mesmo pretensiosismo de quem exibe um conjunto de músculos tonificados, David seduz Consuela comparando-a a ‘La Maja Desnuda’ de Goya. Mais à frente, é referida a impossibilidade possuir de facto uma obra de arte. Em vez disso, são elas que nos possuem a nós.

ALIGN=JUSTIFY>É pois sobre a posse, ou a ilusão dela, que “Elegy” se debruça. Apesar de todo o conhecimento acumulado, David não é isento de inseguranças e os seus ciúmes de Consuela ditarão o final da relação, porque, numa atitude de maior maturidade, ela não concebe uma relação onde não exista confiança.

ALIGN=JUSTIFY>David envelheceu, mas isso não quer dizer que tenha crescido. Ver-se-á forçado a fazê-lo quando a mortalidade lhe é colocada diante dos olhos. É neste ponto que Coixet, no seu óbvio fascínio pela doença e a morte e a forma como uma e outra são encaradas pelas suas personagens, adopta o seu habitual tom soturno.

ALIGN=JUSTIFY>As interpretações de Kingsley e Cruz são de inegável qualidade, ainda que fiquem longe de nos comover. Nos secundários o portentoso talento de nomes como Dennis Hopper (o amigo que tenta puxar David para a realidade), Debbie Harry (a sua mulher), Patricia Clarkson (a amiga colorida de David) ou Peter Sarsgaard (o filho) é desperdiçado em personagens de fraca dimensão.

ALIGN=JUSTIFY>Mas não podendo culpar os actores, tenho a tentação de colocar o ónus no ponto de partida fornecido por Roth para que falte a “Elegy” toda a intimidade e coração que Coixet conseguiu despejar nas suas obras anteriores. Meto as expectativas no bolso e guardo-as para o próximo “Map of the Sounds of Tokyo”.


WIDTH=70% COLOR=#E90909 SIZE=1>


ALIGN=JUSTIFY>CITAÇÕES:

ALIGN=JUSTIFY>COLOR=#AAAAAA>“Beautiful women are invisible; we're so dazzled by the outside that we never make it inside.”
DENNIS HOPPER (George)


ALIGN=JUSTIFY>“When you make love to a woman you get revenge for all the things that defeated you in life.”
BEN KINGSLEY (David)