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CINERAMA

CRÍTICA E OPINIÃO SOBRE CINEMA

CINERAMA

CRÍTICA E OPINIÃO SOBRE CINEMA

Before the Devil Knows You're Dead ****

06.06.08, Rita

ALIGN=JUSTIFY>Realização: Sidney Lumet. Elenco: Philip Seymour Hoffman, Ethan Hawke, Albert Finney, Marisa Tomei, Rosemary Harris, Aleksa Palladino, Michael Shannon. Nacionalidade: EUA, 2007.


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ALIGN=JUSTIFY>SIZE=3 COLOR=#AAAAAA>“May you be in Heaven five minutes before the devil knows you're dead.”

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ALIGN=JUSTIFY>Dois imãos, Andy (Philip Seymour Hoffman) e Hank (Ethan Hawke) decidem assaltar a joalharia dos pais, Charles (Albert Finney) e Nanette (Rosemary Harris). Estes receberão o seguro e assim cada um dos irmãos poderá fazer face às complicações financeiras em que se encontra. Escusado será dizer que neste plano perfeito algo corre mal, muito mal. Um flashback leva-nos uns dias atrás para mostrar como Andy e Hank chegaram àquele ponto sem retorno.

ALIGN=JUSTIFY>O argumento da estreante Kelly Masterson é elaborado em ondas temporais entre passado e presente que reconstroem meticulosamente a história, gerindo o desvelar das peças de informação que completam a narrativa e obrigam o espectador a reavaliar a acção com cada nova peça. A mesma cena é filmada de diferentes pontos de vista, o que permite que nos concentremos à vez e individualmente em Andy, Hank ou Charles.

ALIGN=JUSTIFY>Cada pequeno detalhe acumula tensão e adensa a complexidade das personagens, que vão da frieza ao desespero, da impotência à determinação. As possibilidades da narrativa alargam-se com a incógnita do que estes homens poderão fazer em cada situação extrema. E, no final, parece que esta história não poderia ter sido contada de outra forma.

ALIGN=JUSTIFY>Com “Before the Devil Knows You're Dead”, o veterano Sidney Lumet (“Running on Empty”) vem provar a sua plena forma, contendo a intensidade e mantendo a devastação emocional num nível de total credibilidade. O filme beneficia ainda de dois protagonistas inteligentes no auge das suas carreiras e que, apesar da sua nula parecença física, têm uma abrangência e química irrepreensíveis. Albert Finney é um poço de força cénica e Marisa Tomei, como Gina, a mulher de Andy, está cada vez mais sexy.

ALIGN=JUSTIFY>Quando um dia se conheceu a felicidade, é apenas humano querer regressar a ela. Mesmo que seja apenas por cinco minutos.


ALIGN=JUSTIFY>COLOR=#AAAAAA SIZE=1>NOTA: Ainda sem data prevista de estreia em Portugal.


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8 ½ - Festa do Cinema Italiano

05.06.08, Rita



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ALIGN=JUSTIFY>A primeira edição da 8 ½ - FESTA DO CINEMA ITALIANO tem início hoje e estende-se até dia 11 de Junho.

ALIGN=JUSTIFY> Este evento, cuja organização está a cargo da associação cultural Il Sorpasso, em colaboração com o Instituto Italiano de Cultura de Lisboa e a Cinemateca Portuguesa, visa divulgar obras do novo cinema italiano que marcaram presença em diversos festivais internacionais.

ALIGN=JUSTIFY> Os filmes serão exibidos no cinema King e incluem duas antestreias nacionais: “Riparo” de Marco Simon Puccioni e “Mio fratello è figlio unico” de Daniele Luchetti. Os bilhetes custam 4,00 €.

ALIGN=JUSTIFY> No dia 8 às 23h00, o Maria Matos Café receberá o concerto Al Cafè del Cinema Italiano e, no dia 11, na FNAC Chiado terá lugar o lançamento dos livros “O Cheiro da Índia” de Pier Paolo Pasolini e “Fellini: Eu Sou um Grande Mentiroso” de Federico Fellini e Daniel Perrigrew.

ALIGN=JUSTIFY> Até dia 30 deste mês, a Cinemateca apresentará ainda uma retrospectiva intitulada “O que é o giallo?”, onde 12 filmes, entre os quais obras de Dario Argento e Lucio Fulci, ilustrarão este género cinematográfico que condensa thriller, terror e erotismo.

ALIGN=JUSTIFY> Toda a programação e detalhes no site oficial.
















Iron Man **

05.06.08, Rita

ALIGN=JUSTIFY>Realização: Jon Favreau. Elenco: Robert Downey Jr., Terrence Howard, Jeff Bridges, Gwyneth Paltrow, Leslie Bibb, Shaun Toub, Faran Tahir, Sayed Badreya, Bill Smitrovich, Clark Gregg, Tim Guinee. Nacionalidade: EUA, 2008.


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ALIGN=JUSTIFY>A adaptação de mais um herói da Marvel chega-nos pela mão de Jon Favreau (“Elf”) e, à semelhança de “Batman Begins”, procura contextualizar a génese do seu poder.

ALIGN=JUSTIFY>Em vez da guerra do Vietname nos anos 60 a acção passa para o Afeganistão. Tony Stark (Robert Downey Jr.) é um despreocupado playboy, mas é também um poderoso fabricante e comerciante de armas. No processo de divulgação do seu novo míssil ‘Jericho’, Stark é capturado por um grupo de terroristas que o obrigam a desenvolver armas em cativeiro. Sem escolha, e com a ajuda de um outro prisioneiro (Shaun Toub), ele constrói uma arma letal, mas não a que os seus captores estavam à espera. Ao regressar a casa, Stark reavalia o seu papel social como mercador de armas para assassinos, e decide agir para solucionar o mal para o qual contribuiu.

ALIGN=JUSTIFY>A construção do contexto a partir do qual surgiu o Iron Man é o ponto forte do filme. Talvez por isso se alongue mais do que o devido. A partir do momento em que Tony Stark assume a sua identidade de super herói, a vacuidade do argumento faz-se sentir, e nem o confronto final com um inimigo da sua estatura compensa a espera.

ALIGN=JUSTIFY>“Iron Man” é essencialmente o carisma de Robert Downey Jr., um actor cativante cuja versatilidade permite o charme e o sarcasmo de um milionário que é superficial mas que é também um génio da engenharia mecânica. Jeff Bridges (numa versão careca e barbuda) está poderoso como Obadiah Stone, o director-geral da empresa de Stark, mas Gwyneth Paltrow como Pepper Potts, a assistente de Stark, mantém-se no seu registo insosso.

ALIGN=JUSTIFY>A reprodução visual do herói da banda desenhada está francamente bem conseguida, mas a falta de originalidade do argumento e a facilidade com que Stark passa de mau da fita a bom samaritano minam a concretização desta aventura, que apenas me soou a repetição. Como entretenimento está bem longe de uns “X-Men” ou do acima referido “Batman Begins”, mas a sequela não se fará esperar.


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ALIGN=JUSTIFY>CITAÇÕES:

ALIGN=JUSTIFY>COLOR=#AAAAAA>“Jim Rhodes – You're not a soldier.
Tony Stark – Damn right I'm not. I'm an army.”
TERRENCE HOWARD (Jim Rhodes) e ROBERT DOWNEY JR. (Tony Stark)













Indiana Jones and the Kingdom of the Crystal Skull ***

04.06.08, Rita

ALIGN=JUSTIFY>Realização: Steven Spielberg. Elenco: Harrison Ford, Cate Blanchett, Karen Allen, Shia LaBeouf, Ray Winstone, John Hurt, Jim Broadbent, Igor Jijikine. Nacionalidade: EUA, 2008.


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ALIGN=JUSTIFY>A necessidade do regresso de Indiana Jones após 19 anos é discutível, mas agora que ele cá está não nos resta mais do que reentrar no universo criado por George Lucas e Steven Spielberg. A tentação de comparar “Indiana Jones and the Kingdom of the Crystal Skull” com qualquer um dos anteriores – “Raiders of the Lost Ark” (1981), “Temple of Doom” (1984), “Last Crusade” (1989) – é inevitável, mas para tirar esse assunto da frente refiro desde já que não defraudará os fãs mais acérrimos. Mas também não será suficiente para convencer quem não aprecia o género.

ALIGN=JUSTIFY>Em 1957, num clima já de Guerra Fria e caça às bruxas nos EUA, Indiana Jones (Harrison Ford, do alto dos seus 65 anos) e o seu companheiro Mac McHale (Ray Winstone) são capturados pela soviética Irina Spalko (Cate Blanchett). O seu obectivo é que eles encontrem uma caixa num armazém militar cujo conteúdo é altamente magnético. Este elemento e o desaparecimento do colega de Indiana Jones, o Professor Oxley (John Hurt) e de Marion Ravenwood (Karen Allen) - a namorada de Indiana no primeiro filme -, conduzem-no ao coração do Amazonas, onde é acompanhado pelo filho rebelde de Marion, Mutt Williams (Shia LeBeouf).

ALIGN=JUSTIFY>O argumento de David Koepp (“Panic Room”, “Spider-Man”, “War of the Worlds”), com base numa história de George Lucas e Jeff Nathanson, consegue incluir tudo o que se poderia esperar (e mais): os comunistas russos recuperados como maus da fita, cenas de perseguição, cavernas subterrâneas cheias de ouro, formigas carnívoras, mergulhos em cataratas monumentais, esgrima a alta velocidade entre duas pessoas empoleiradas cada uma delas em cima de um carro, furões e macacos com sentido de humor, uma referência a Marlon Brando e (finalmente!) a explicação para os extraterrestres.

ALIGN=JUSTIFY>A transição entre o misticismo presente dos filmes anteriores e a ficção científica não é pacífica, mas a tecnologia actual é demasiado tentadora para ser desperdiçada. E o espectáculo visual é a batuta que comanda esta orquestra. Mas os cenários deslumbrantes não obnubilam as lutas excessivamente coreografadas, a galopante incredulidade (pergunto-me quem se terá lembrado de fazer estradas paralelas no meio da floresta tropical?) ou o abuso do humor ao ponto do ridículo.

ALIGN=JUSTIFY>Nem Spielberg nem Lucas capitalizam no envelhecimento do herói. A idade poderia conduzir a maior fragilidade e a situações potencialmente interessantes, mas em nenhum momento Indiana Jones parece correr verdadeiro perigo. Nesta viagem nostálgica vale sobretudo a boa química entre Ford e LaBeouf.

ALIGN=JUSTIFY>O derradeiro julgamento será feito pelo tempo, mas suspeito que qualquer regresso ao passado beneficiará mais das obras da década de 80 do que deste “ Kingdom of the Crystal Skull”.


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ALIGN=JUSTIFY>CITAÇÕES:

ALIGN=JUSTIFY>COLOR=#AAAAAA>“You fight like a young man; eager to start and quick to finish.”
CATE BLANCHETT (Irina Spalko)


ALIGN=JUSTIFY> “How much of human life is lost in waiting?”
JOHN HURT (Professor Oxley)












Reservation Road **

03.06.08, Rita

ALIGN=JUSTIFY>Realização: Terry George. Elenco: Joaquin Phoenix, Jennifer Connelly, Mark Ruffalo, Mira Sorvino, Antoni Corone, Gary Kohn, Elle Fanning, Eddie Alderson, Sean Curley. Nacionalidade: EUA / Alemanha, 2007.


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ALIGN=JUSTIFY>Depois de um recital de violoncelo, Ethan Learner (Joaquin Phoenix), a sua mulher Grace (Jennifer Connelly), a filha Emma (Elle Fanning, irmã mais nova de Dakota) e o filho Josh (Sean Curley) param numa estação de serviço a caminho de casa, para que a filha possa ir à casa de banho. Aproveitando aquela paragem, Josh decide libertar uns pirilampos que tinham capturado anteriormente. Vindos de um jogo de basebol dos Red Sox, Dwight Arno (Mark Ruffalo) apressa-se para ir deixar o filho Lucas (Eddie Alderson) a casa da sua ex-mulher Ruth (Mira Sorvino). Um telefonema de Ruth queixando-se do atraso deles é o elemento de distracção que provoca um acidente fatal. O pânico de Dwight impele-o a fugir, destroçando a vida de Ethan e Grace. Perante a ineficácia da polícia em localizar o criminoso, Ethan decide tomar o assunto nas suas mãos, acabando por se ir alienando da sua mulher e filha.

ALIGN=JUSTIFY>Existem duas semelhanças entre “Reservation Road” e o anterior filme de Terry Jones, “Hotel Rwanda”: uma situação trágica e um bom elenco. Mas a primeira é tratada de uma forma manipuladora, enquanto as sólidas interpretações são ameaçadas pela inverosimilhança e flacidez do argumento, co-escrito por Georger e por John Burnham Schwartz, o autor do livro aqui adaptado. Por coincidência, Ruth é também professora de música dos filhos de Ethan e Grace, e por uma coincidência ainda maior, quando Ethan contrata os serviços de um escritório de advogados para o ajudar com o caso, o advogado que lhe é atribuído é nada mais nada menos que Dwight.

ALIGN=JUSTIFY>“Reservation Road” é uma flácida tentativa de ensaio sobre as diferentes formas de lidar com a perda e a natureza da vingança. Percebemos o sofrimento e a raiva em Ethan e a angústia e o remorso em Dwight, mas não nos importamos verdadeiramente com nenhum deles. E já que a ambos são dados os mesmos sintomas (irritabilidade, insónias, etc.) teria sido interessante que, à semelhança de Dwight, também Ethan revelasse um dilema moral. Mas George adentra-se muito pouco, quer nas personagens quer na sua gestão da culpa e da admissão da responsabilidade pelos próprios actos.

ALIGN=JUSTIFY>Dentro de uma temática semelhante, o meu conselho vai para o recentemente revisto “Le Fils”, dos irmãos Dardenne.

ALIGN=JUSTIFY>A arte do cinema é fazer com que a coincidência pareça natural credível. Este não é o caso. Além disso, os estereótipos a que as personagens são reduzidas tornam o filme cansativo, à medida que se arrasta para um confronto final que parece nunca chegar. E que, quando chega, é solucionado da forma emocionalmente mais simples. Entre criminoso e vítima(s) não há equilíbrio possível, nem através da vingança nem mesmo através do perdão.








Left Ear **

02.06.08, Rita

ALIGN=JUSTIFY>Realização: Andrew Wholley. Elenco: Lech Mackiewicz, Helena Malczewska, Clare Mackey, Andrea Moor. Nacionalidade: Austrália, 2007.


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ALIGN=JUSTIFY>Boré (Lech Mackiewicz) é um emigrante polaco na Austrália que vive sob a mão pesada de uma mãe controladora. A sua relação com o sexo oposto é, na melhor das hipóteses, frustrante, e reduzida a um treino com uma boneca insuflável. A visão de uma mulher a quem Boré decide nomear Kim (Clare Mackey) colocando uma mecha de cabelo para trás da orelha esquerda impele-o numa perseguição obsessiva por um amor idealizado.

ALIGN=JUSTIFY>“Left Ear” é um filme que exige uma dose maciça de paciência sem que o retorno seja exactamente satisfatório. Exceptuando a perturbante interpretação de Mackiewicz, a este olhar sobre a impunidade que o amor (ou a ideia de amor) pode conferir a qualquer acto falta-lhe a urgência e o desespero desejados. Dada a expressividade do protagonista, os momentos de introspecção poderiam ter sido eficazes em metade do tempo. Repisar uma ideia é um garante de que ela chega onde tem de chegar. Mas gasta-a.

ALIGN=JUSTIFY>Apesar de tudo “Left Ear” é uma tentativa válida. E sem dúvida, teria dado uma boa curta-metragem.








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