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CINERAMA

CRÍTICA E OPINIÃO SOBRE CINEMA

CINERAMA

CRÍTICA E OPINIÃO SOBRE CINEMA

Introspective ***

30.05.08, Nuno

ALIGN=JUSTIFY>Realização: Aram Garriga. Género: Documentário. Nacionalidade: Espanha, 2007.


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ALIGN=JUSTIFY>Um grupo de espanhóis, unidos por um gosto musical comum e munidos de enorme boa vontade, equipamento semi-profissional e muita “carolice”, apresentaram ao mundo “Introspective”. Documentário simples, despretensioso, eficaz e, acima de tudo, profissional. Sem apoios, patrocínios ou subsídios (lição para os portugueses verem e aprenderem alguma coisa?).

ALIGN=JUSTIFY>“Introspective” é uma viagem por um género musical que só se tornou género na cabeça de um “iluminado” jornalista da revista Wire. A necessidade de catalogar e encaixar certas bandas num determinado estilo, levou a que a tal revista criasse o termo “Pós-Rock” para identificar o género musical de bandas como Mogwai, Low, Piano Magic, entre outras.

ALIGN=JUSTIFY>O que o documentário se propõe a esclarecer é se essa catalogação faz algum sentido e o que é que têm em comum certas bandas que fazem uma sonoridade menos imediata, logo menos “pop”. O que não têm em facilidade de audição, estas bandas ganham em estrutura e textura. São predominantemente instrumentais, embora haja vocalizações numa boa parte delas. Aqui quem é rei é o pedal de distorção, que é carregado com uma insistente gentileza… Até se perder a gentileza e ficar só a insistência. Mas há beleza neste ruído. E deambulações musicais que apontam para um lado mais introspectivo. E a introspecção é mesmo o ponto mais comum que se pode apontar a todas as bandas que participam no documentário. Bandas, músicos e produtores, todos apresentam as suas reflexões sobre a música que fazem e sobre o impacto que isso tem nas suas vidas e na sociedade.

ALIGN=JUSTIFY>Uma bela surpresa, quer documental quer musical, este “Introspective”.












Momma’s Man **1/2

29.05.08, Rita


 

Realização: Azazel Jacobs. Elenco: Matt Boren, Ken Jacobs, Flo Jacobs, Richard Edson, Piero Arcilesi, Dana Varon, Eleanor Hutchins. Nacionalidade: EUA, 2008.



 



 

Após uma viagem de negócios a Nova Iorque, Mikey (Matt Boren) decide passar uma noite em casa dos pais, antes de regressar a Los Angeles. No dia seguinte, chegado ao aeroporto Mikey sente-se incapaz de partir e decide prolongar a sua estadia por mais um dia desculpando-se perante a sua mulher Laura (Dana Varon) com um problema de voos. Mas esse dia transforma-se em dois, três... Mikey refugia-se no casulo da protecção familiar, nos seus cadernos antigos e nos livros de banda desenhada, reencontra com um amigo de infância recentemente saído da prisão (Piero Arcilesi) e reaproxima-se de uma antiga namorada (Eleanor Hutchins).


 

A temática do homem que não quer ou não consegue crescer não é original, mas tende a ser tratada com mais humor e leveza do que em “Momma’s Man”. O filme de Azazel Jacobs, com uma clara influência de Cassavetes, é melancólico e nostálgico tanto na forma como no conteúdo. A imagem granulada fá-lo parecer um típico home video. O cenário é a casa dos pais do realizador, eles próprios encarregues de interpretar os pais de Mikey. O ambiente é silencioso mas pesado de olhares e gestos “barulhentos”. A casa é ela mesma um amontoado de caixotes de memórias, de pedaços de vida(s), de corredores e recantos.


 

Matt Boren dá o seu melhor a uma personagem definida apenas com base em “confusão” e “impotência”. Esse é um dos motivos porque nunca nos chega a ser simpático. Outro é o facto do filme se arrastar durante quase toda a sua duração. Acompanhar a descida de Mikey a um estado de imobilidade que o torna incapaz de atravessar a porta de casa.


 

A inércia pode ser tentadora. É tão fácil inventar desculpas para não enfrentar a realidade! Mas o regresso a casa (ou ao passado) é inatingível. Nada permanece: nem a juventude, nem os espaços, nem mesmo as memórias. Como é referido no momento de epifania ao som (magnífico, diga-se) de ‘Closer To Fine” das Indigo Girls, o equilíbrio só é possível, quando se aceita essa impermanência.



 




 

CLOSER TO FINE
Indigo Girls

I'm trying to tell you something about my life
Maybe give me insight between black and white
The best thing you've ever done for me
Is to help me take my life less seriously, it's only life after all
Well darkness has a hunger that's insatiable
And lightness has a call that's hard to hear
I wrap my fear around me like a blanket
I sailed my ship of safety till I sank it, I'm crawling on your shore.

I went to the doctor, I went to the mountains
I looked to the children, I drank from the fountain
There's more than one answer to these questions
pointing me in crooked line
The less I seek my source for some definitive
The closer I am to fine.

I went to see the doctor of philosophy
With a poster of Rasputin and a beard down to his knee
He never did marry or see a B-grade movie
He graded my performance, he said he could see through me
I spent four years prostrate to the higher mind, got my paper
And I was free.

I went to the doctor, I went to the mountains
I looked to the children, I drank from the fountain
There's more than one answer to these questions
pointing me in crooked line
The less I seek my source for some definitive
The closer I am to fine.

I stopped by the bar at 3 a.m.
To seek solace in a bottle or possibly a friend
I woke up with a headache like my head against a board
Twice as cloudy as I'd been the night before
I went in seeking clarity.

I went to the doctor, I went to the mountains
I looked to the children, I drank from the fountain
There's more than one answer to these questions
pointing me in crooked line
The less I seek my source for some definitive
The closer I am to fine.

I went to the doctor, I went to the mountains
I looked to the children, I drank from the fountain
There's more than one answer to these questions
pointing me in crooked line
The less I seek my source for some definitive
The closer I am to fine.

We go to the bible, we go through the workout
We read up on revival and we stand up for the lookout
There's more than one answer to these questions
pointing me in a crooked line
The less I seek my source for some definitive
The closer I am to fine
The closer I am to fine
The closer I am to fine




 

Sydney Pollack

27.05.08, Rita


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ALIGN=CENTER>(1934-2008)








Palma de Ouro 2008

26.05.08, Rita


ALIGN=CENTER>ENTRE LES MURS, de Laurent Cantet


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ALIGN=JUSTIFY>Restantes prémios aqui.









Boxing Day **

21.05.08, Rita

ALIGN=JUSTIFY>Realização: Kriv Stenders. Elenco: Richard Green, Tammy Anderson, Syd Brisbane, Stuart Clark, Catriona Hadden, Misty Sparrow. Nacionalidade: Austrália, 2007.


SRC=http://www.worldcinemashowcase.co.nz/PIX/08largepix/boxingday.jpg>


ALIGN=JUSTIFY>“Boxing Day” acompanha em tempo real 82 minutos da vida de Chris (Richard Green), um ex-presidiário e alcoólico em recuperação que, no dia seguinte ao Natal, se prepara para receber a visita da sua cunhada Donna (Tammy Anderson) e da sua sobrinha Brooke (Misty Sparrow) que ele criou como sua filha e o novo namorado de Donna, Dave (Syd Brisbane). Mas antes da sua chegada, Chris recebe a inesperada visita de Owen (Stuart Clark), um ex-companheiro de prisão, cuja proposta de negócio é veementemente rejeitada por Chris. Owen acaba por abandonar a casa de Chris, não sem antes deixar atrás de si uma informação com efeitos devastadores.

ALIGN=JUSTIFY>Ainda que pareça um único take, “Boxing Day” é composto de cerca de uma dúzia de longos takes que lhe conferem um forte tom documental, reforçado pelo diálogo maioritariamente improvisado, pela utilização da luz natural, sem música e praticamente sem montagem.

ALIGN=JUSTIFY>A câmara de Kriv Stenders, co-autor do argumento juntamente com o protagonista Richard Green, segue Christ por toda a casa, contornando todas as esquinas e voltando para trás em cada canto. O espaço compacto onde se desenrola a acção é um paralelo para a falta de escolhas com que Chris se vê confrontado. Aos poucos vemos a tentativa que faz para recuperar a sua vida, e o seu tormento interior perante um dilema moral.

ALIGN=JUSTIFY>Num elenco em que apenas um actor (Brisbane) é profissional, o mérito vai todo para Richard Green que carrega o peso deste filme aos ombros. Num registo que vai da fragilidade e insegurança à raiva e desespero, é ele que mantém a nossa atenção focada. Apesar de não chegar à hora e meia e da agilidade permitida pela câmara, o ritmo de “Boxing Day” arrasta-se de uma forma que ultrapassa o tempo real, o que acaba por prejudicar quer os momentos de tensão (levados a um extremo exagerado) quer os de explosão (que surgem com um incómodo toque de alívio).

ALIGN=JUSTIFY>Ter-se-ia apreciado uma melhor gestão da intensidade e uma maior contenção na facilidade dramática.








Go Go Tales **

19.05.08, Rita

ALIGN=JUSTIFY>Realização: Abel Ferrara. Elenco: Willem Dafoe, Bob Hoskins, Matthew Modine, Asia Argento, Lou Doillon, Roy Dotrice, Frankie Cee, Sylvia Miles, Pras Michel. Nacionalidade: Itália / EUA, 2007.


SRC=http://www.rabbireport.com/archives/2007/10/04/GoGoTales3.jpg>


ALIGN=JUSTIFY>“Go Go Tales” pretende ser um olhar sobre os bastidores de um clube de striptease em decadência, mas acaba por se limitar a documentar a técnica do seu realizador Abel Ferrara (“The Funeral”, “Mary”): o diálogo improvisado e sobreposto e a câmara irrequieta, da responsabilidade de Fabio Cianchetti, que evita que o filme, rodado quase inteiramente num espaço fechado, se torne claustrofóbico.

ALIGN=JUSTIFY>A acção de “Go Go Tales” decorre durante uma noite no Ray Ruby's Paradise. Ray Ruby (Willem Dafoe), o dono do clube, é um jogador viciado e um optimista crónico. Confrontado com as reivindicações salariais das dançarinas, a gravidez de uma delas, a dívida de quatro meses de renda à senhoria Lilian (Sylvia Miles), um chef de cozinha insatisfeito (Pras Michel) e a ameaça do seu irmão Johnnie (Matthew Modine), um famoso cabeleireiro, em he retirar todo e qualquer financiamento, Ray consegue ainda depositar a sua esperança num bilhete de lotaria e no sistema de arquivo do seu contabilista irlandês Jay (Roy Dotrice).

ALIGN=JUSTIFY>O compasso do filme é o da rotina diária, de empregados e dançarinas. Ferrara empenha-se no tratamento visual dos corpos destas, cobertos por todos os ângulos e enquadramentos possíveis, com um tratamento especial dado à principal atracção, a sensual e arrepiante Monroe (Asia Argento). O estímulo visual é reforçado pelo uso de imagens captadas por câmaras de vigilância, mas nem isso consegue camuflar o desinteressante argumento, ou disfarçar os estereótipos femininos, entre o tonto e o neurótico.

ALIGN=JUSTIFY>Aos actores, ou não lhes é dado nada para trabalhar, como Asia Argento ou Bob Hoskins no papel do Relações Públicas Baron, ou são empurrados para o exagero, como Matthew Modine e Daniel Dafoe, que conseguem pouco mais que uns breves momentos de comicidade.

ALIGN=JUSTIFY>Apesar da sua eficácia na evocação do ambiente de tentação e de ilusória intimidade característica deste tipo de espaços, “Go Go Tales” é um objecto sem forma que tenta tocar o humor e o drama simultaneamente, sem, no entanto, conseguir agarrar realmente nenhum dos dois.








Happy-Go-Lucky ****

17.05.08, Rita

ALIGN=JUSTIFY>Realização: Mike Leigh. Elenco: Sally Hawkins, Alexis Zegerman, Andrea Riseborough, Samuel Roukin, Sinead Matthews, Kate O'Flynn, Sarah Niles, Eddie Marsan. Nacionalidade: Reino Unido, 2008.


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ALIGN=JUSTIFY>Sem as ironias que o título ‘Happy-Go-Lucky’ poderia originar, o último filme de Mike Leigh (“Naked”, “Secrets & Lies”, “Vera Drake”) é sobre uma pessoa genuinamente feliz e sem um lado negro pelo qual o cinismo dos dias de hoje nos habituou a esperar.

ALIGN=JUSTIFY>Poppy (Sally Hawkins) vai todos os dias de bicicleta para o trabalho, mas quando a sua bicicleta é roubada ela limita-se a um curto desabafo. O prazer no seu trabalho como professora primária é notório quando faz máscaras de papel a imitar pássaros e coloca toda a aula a piar e a bater as asas. Como hobby faz trampolim e adora sair à noite com a irmã e as amigas. Poppy quer que todos sejam felizes e não consegue evitar tentar ligar-se aos outros, por muito ténue que seja essa relação social (vide o delicioso exemplo do empregado da livraria ou da expressiva professora de flamenco).

ALIGN=JUSTIFY>O seu maior desafio é personificado no instrutor de condução Scott (Eddie Marsan), de temperamento irritável, pessimista e controlador. O oposto da vivacidade, descontracção e alegria de Poppy. Entre eles estabelece-se uma dinâmica de método versus caos. Scott choca-se com a falta de concentração de Poppy e as suas inapropriadas botas, e instituiu a mnemónica "En-Ra-Ha" para o triângulo de espelhos retrovisores. O tom cómico da sua exasperação perante a constante boa-disposição de Poppy, e do degladiar do profissionalismo dele com a espontaneidade dela, far-se-á num acumular de tensão até à explosão dos ressentimentos e paranóias.

ALIGN=JUSTIFY>Scott é um ponto intermédio neste “estudo” sobre emoções recalcadas que se extravasam em actos agressivos. Apesar dos danos há ainda a esperança de aprendizagem. Numa fase inicial encontra-se um dos alunos de Poppy, que de repente se tornou violento com os colegas, mas que, com a ajuda de um assistente social (Samuel Roukin), é possível recuperar. Para além do remediável parece estar um sem-abrigo demente (Stanley Townsend) com quem Poppy se cruza.

ALIGN=JUSTIFY>“Happy-Go-Lucky” é também um ensaio sobre a educação e a aprendizagem, de como uns usam o conhecimento para se libertarem e outros acorrentam as suas mentes com regras e falsas expectativas. Ao contrário de ambas as suas irmãs (Kate O'Flynn e Caroline Martin), Poppy recusa-se a que a vida a derrube ou a deprima, elevando-se acima do cinismo que o sorriso da sua companheira de casa Zoe (Alexis Zegerman) já não consegue esconder. Num mundo onde os pais cada vez mais abdicam das suas responsabilidades como educadores, “Happy-Go-Lucky” fala ainda da responsabilidade dos professores em identificar as dificuldades emocionais dos seus alunos.

ALIGN=JUSTIFY>“Happy-Go-Lucky” contraria a miséria pessoal que habitualmente habita o universo de Mike Leigh e é, possivelmente, a sua obra mais refrescante (colorida da forte paleta da fotografia de Dick Pope). Felizmente, isso não impediu que o seu trabalho com os actores (“explorados” em workshops de improvisação) mantivesse uma caracterização detalhada. Sally Hawkins (“Cassandra’s Dream”), vencedora do Urso de Prata da última edição do Festival de Berlim, vai de uma exuberância que começa por ser estranha, porque atípica, passando por uma fase quase irritante (quem é que aguenta uma pessoa que nunca se chateia com nada?) e terminando por se adentrar e contagiar-nos com a vontade de ser também a assim (a expressão ‘lust for life’ é incontornável).

ALIGN=JUSTIFY>Talvez num mundo cheio de tragédias, numa vida onde a sorte não tem lugar, seja possível manter-se a inocência, a abertura aos outros, a compaixão, tudo isso sem ter de pedir desculpa por quem somos. Um filme sobre a aprendizagem a vários níveis. Porque ser feliz também é disciplina.








Blindness

14.05.08, Rita


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ALIGN=JUSTIFY>A 61ª edição do Festival de Cinema de Cannes começa hoje com “Blindness”, o filme de Fernando Meirelles que adapta o romance ‘Ensaio Sobre a Cegueira’ de José Saramago, inserido também na competição.



ALIGN=CENTER>SIZE=1 COLOR=#BBBBBB>(trailer)










Uma noite nacional

12.05.08, Rita


O verso da noite:

“Break my arms around the one I love”



A estrofe da noite:

“Get inside their clothes
with my green gloves
watch their videos, in their chairs.
Get inside their beds
with my green gloves
get inside their heads, love their loves.”



A música da noite: ‘Slow Show’





E foi assim o concerto de THE NATIONAL: um show sem pressas, magnético, envolvente e arrebatador.




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