Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

CINERAMA

CRÍTICA E OPINIÃO SOBRE CINEMA

CINERAMA

CRÍTICA E OPINIÃO SOBRE CINEMA

Snow Cake ***

06.06.07, Rita

ALIGN=JUSTIFY>Realização: Marc Evans. Elenco: Alan Rickman, Sigourney Weaver, Carrie-Anne Moss, David Fox, Jayne Eastwood, Emily Hampshire, James Allodi. Nacionalidade: Reino Unido / Canadá, 2006.


SRC=http://www.linternaute.com/cinema/image_cache/objdbfilm/image/300/19300.jpg>


ALIGN=JUSTIFY>Alex (Alan Rickman) dá boleia a Vivienne (Emily Hampshire), uma faladora jovem de 19 anos. Uns quilómetros à frente, um acidente causa a morte de Vivienne, e, num sentimento de culpa, Alex decide procurar a mãe de Vivienne, Linda (Sigourney Weaver), para expiar o seu remorso. Linda sofre de uma forma bastante verbal de autismo e implora a Alex que fique até ao dia da recolha do lixo, tarefa que estava a cargo de Vivianne. Alex acaba por ajudar com a organização do funeral e, neste processo de luto por uma pessoa que mal conheceu, Alex vê-se forçado a enfrentar e superar os seus próprios demónios.

ALIGN=JUSTIFY>O argumento de Angela Pell é sensível mas sem sentimentalismos e a realização de Marc Evans não manipula as lágrimas do espectador nem usa a deficiência de Linda como estandarte. Apesar de emocionalmente desligada, ela é dotada de independência e individualidade, com uma visão única do mundo. E a relação que estabelece com Alex é marcada por uma estranha mistura de conflito e aceitação. Mas, ao mesmo tempo que Linda é vítima de preconceitos, não é ela própria isenta de os projectar em outros, como é o caso de Maggie (Carrie-Anne Moss), a vizinha de Linda com quem Alex se envolve amorosamente.

ALIGN=JUSTIFY>Infelizmente, Rickmann e Moss têm uma química no mínimo fraca. E o ritmo de “Snow Cake”, marcado inicialmente pela fervilhante energia de Vivienne, desaparece com ela. A partir daí o filme assume o compasso de um longo Inverno com pouco sol. Mas, apoiado em muito boas interpretações, em especial num Rickman extremamente cínico e expressivo, “Snow Cake” acaba por ter momentos profundamente mágicos e tocantes, como é o caso de um simples jogo de Scrabble, ou de uma placa de metal a rodar até parar, ou da dança que Maggie faz no funeral de Vivienne e que representa aquilo que sempre as uniu.

ALIGN=JUSTIFY>Apesar da temática soturna da morte e da forma de lidar com ela, “Snow Cake” carrega consigo o optimismo de acreditar na compaixão pelo outro, na sua diferença, e na capacidade de aprendizagem com esse outro, também na sua diferença.


WIDTH=70% COLOR=#E90909 SIZE=1>


ALIGN=JUSTIFY>CITAÇÕES:

ALIGN=JUSTIFY>COLOR=#AAAAAA>“She always picks the ones who look the loneliest.”
SIGOURNEY WEAVER (Linda)


ALIGN=JUSTIFY> “Linda – Have you ever had an orgasm, Alex?
Alex – It has been known.
Linda – It sounds like an inferior version of what I feel when I have a mouthful of snow.”
SIGOURNEY WEAVER (Linda) e ALAN RICKMAN (Alex)

ALIGN=JUSTIFY>COLOR=#AAAAAA>“I really like you, and I hate having sex on a full stomach, so can we just skip the main course and move next door?”
CARRIE-ANNE MOSS (Maggie)















Tristram Shandy: A Cock and Bull Story ***1/2

03.06.07, Rita

ALIGN=JUSTIFY>Realização: Michael Winterbottom. Elenco: Steve Coogan, Rob Brydon, Raymond Waring, Dylan Moran, Keeley Hawes, Gillian Anderson, Naomie Harris, Kelly MacDonald, Jeremy Northam, James Fleet, Mark Williams, Shirley Henderson, Ian Hart, Kieran O'Brien, Stephen Fry. Nacionalidade: Reino Unido, 2005.


SRC=http://us.movies1.yimg.com/movies.yahoo.com/images/hv/photo/movie_pix/picturehouse/tristram_shandy__a_cock_and_bull_story/_group_photos/rob_brydon2.jpg>


ALIGN=JUSTIFY>A versatilidade do realizador de “24 Hour Party People”, “9 Songs” e “The Road To Guantanamo”, é mais uma vez demonstrada em “Tristram Shandy: A Cock and Bull Story”, sem estreia prevista em Portugal.

ALIGN=JUSTIFY>“Tristram Shandy” é uma adaptação do insólito livro "The Life and Opinions of Tristram Shandy, Gentleman" de Laurence Sterne, publicado em 9 volumes, os primeiros dos quais em 1759 e os restantes 7 ao longos dos dez anos seguintes, e que é globalmente considerado inadaptável.

ALIGN=JUSTIFY>Assumindo desde logo esta dificuldade, Winterbottom e o argumentista Frank Cottrell Boyce preferiram manter-se fiéis ao espírito da obra e decidiram que a melhor forma de abordar uma obra sobre o “adiar”, que começa com o nascimento do herói e que, devido às suas digressões e divagações, termina pouco depois dele nascer, seria não terminar de facto de filmar a adaptação do livro. “Tristram Shandy” acaba por ser um filme sobre fazer um filme baseado num livro sobre escrever um livro.

ALIGN=JUSTIFY>A acção alterna entre o filme dentro do filme e as contingências que rodeiam a realização desse mesmo filme, traçando alguns paralelismos entre a vida de Tristram Shandy e a do seu protagonista, o actor Steve Coogan, especialmente ao redor do conceito de família – biológica e profissional.

ALIGN=JUSTIFY>Coogan é o protagonista do filme que está a ser feito dentro do filme, interpretando Tristram Shandy e o seu pai, Walter. Rob Brydon faz de tio de Tristram, Toby, dedicado a construir ao ar livre um modelo do campo da batalha de Namur onde, em jovem, sofreu um ferimento numa misteriosa parte da sua anatomia. Gillian Anderson é a viúva Wadman, que está a considerar casar com Toby, e que quer saber onde, precisamente, é que ele ficou ferido. Cada um deles, interpreta-se também a si próprio, com elementos ficcionais (como é o caso de Coogan que namora com Jenny, papel interpretado por Kelly Macdonald, e que faz um jogo de sedução com a assistente de produção Jennie – Naomie Harris) e rindo-se de si mesmos. Surge ainda o realizador Mark (Jeremy Northam) como um alter-ego do próprio Winterbottom, e uma dupla aparição de Stephen Fry, uma delas como responsável do Shandy Hall (casa-museu onde Sterne escreveu a obra e onde Winterbottom filmou). Complicado? Pois...

ALIGN=JUSTIFY>“Tristram Shandy” é construído à base de camadas e artifícios, de uma forma extremamente inteligente e hilariante, onde se destaca a amigável rivalidade entre Coogan e Brydon. O primeiro, inseguro, fica obcecado com a altura dos seus sapatos, querendo assegurar-se de que o seu co-protagonista não lhe rouba as cenas - mas, surpresa das surpresas, Rob Brydon é, de facto, um ‘scene stealer’. O lucro é nosso.


WIDTH=70% COLOR=#E90909 SIZE=1>


ALIGN=JUSTIFY>CITAÇÕES:

ALIGN=JUSTIFY>COLOR=#AAAAAA>“This is a postmodern novel before there was any modernism to be post about.”
STEVE COOGAN


ALIGN=JUSTIFY> “The theme of Tristram Shandy is quite simple. Life is chaotic, life is amorphous, and, no matter how hard you try, you can't actually put it into any kind of shape. Tristram is trying to write his life story, but it escapes him, because life is too full, too rich, to be captured by art. Tristram's father, Walter, tries to plan every aspect of Tristram's birth and childhood, but his plans go awry.”
STEPHEN FRY (Shandy Hall Curator)












Tideland ***

02.06.07, Rita

ALIGN=JUSTIFY>Realização: Terry Gilliam. Elenco: Jodelle Ferland, Janet McTeer, Brendan Fletcher, Jennifer Tilly, Jeff Bridges. Nacionalidade: Canadá / Reino Unido, 2005.


SRC=http://us.movies1.yimg.com/movies.yahoo.com/images/hv/photo/movie_pix/thinkfilm/tideland/jodelle_ferland/tideland2.jpg>


ALIGN=JUSTIFY>De Terry Glliam, autor de obras tão geniais como “Brazil”, “12 Monkeys” ou “Fear and Loathing in Las Vegas”, espera-se, no mínimo, algo genial. Por isso “Tideland”, uma adaptação feita em conjunto com Tony Grisoni do livro de Mitch Cullin, sabe a muito pouco.

ALIGN=JUSTIFY>Jeliza-Rose (Jodelle Ferland, “Silent Hill”) é uma criança que toma conta dos seus pais (Jeff Bridges e Jennifer Tilly), ambos viciados em heroína, e lhes prepara de forma competente a seringa que contém a “viagem de férias”, controlando os cigarros que pendem dos dedos. Depois do desaparecimento da mãe, pai e filha mudam-se para uma casa num campo isolado de Saskatchewan, local propício para a imaginação fantasiosa de Jeliza-Rose, que frequentemente se escapa da sua vida real em conversas com as cabeças das suas bonecas. Jeliza-Rose encontra reposta à sua sede de aventuras nos excêntricos vizinhos: Dickens (Brendan Fletcher) um homem lobotomizado que nada no meio trigo enquanto tenta caçar o tubarão que costuma surgir pelos carris do comboio; e a sua irmã Dell (Janet McTeer), uma taxidermista que se veste como uma bruxa.

ALIGN=JUSTIFY>A marca de Gillam é indiscutível, com a sua meticulosa atenção ao detalhe estético a hábil mistura entre uma realidade trágica e um soturno conto de fadas entre Alice no País das Maravilhas e O Feiticeiro de Oz. A obra de Gilliam é também caracterizada por uma fuga à narrativa convencional, quer em termos de ritmo quer em termos de estrutura. Mas o que em outras obras lhe dá um toque de especial originalidade, em “Tideland” são devaneios que levam o espectador a perder-se.

ALIGN=JUSTIFY>Apesar do seu impacto visual e da interpretação exaustiva e intensa de Jodelle Ferland, as cenas, demasiadas delas supérfluas, são desnecessariamente longas. Enquanto isso, os momentos realmente importantes chegam a ser verdadeiramente perturbadores. Para muitos será difícil gostar deste filme, mas depois da frustrada adaptação do célebre livro de Cervantes, “Tideland” vem, pelo menos, provar persistência e independência de Gilliam.

ALIGN=JUSTIFY>Na base de “Tideland” está uma importante visão sobre a negação da realidade (percebida como grotesca), em todas as suas diversas formas, conscientes, inconscientes e químicas. Motivada pelo instinto de sobrevivência, a nossa mente pode tornar-se o nosso maior inimigo. Ao proceder como se nos estivesse a proteger, pode estar simplesmente a isolar-nos do mundo. Muitas vezes acreditamos simplesmente porque queremos acreditar. Mas a vida é dor também. Felizmente.


WIDTH=70% COLOR=#E90909 SIZE=1>


ALIGN=JUSTIFY>CITAÇÕES:

ALIGN=JUSTIFY>COLOR=#AAAAAA>“Someone dies, nothing has to change.”
JANET McTEER (Dell)












Dia da criança

01.06.07, Rita


SRC=http://fotos.sapo.pt/almeida_rita/pic/0001dsax>


ALIGN=JUSTIFY>Depois do concerto quase perfeito e quase terrível da semana passada, esta véspera de dia da criança Andrew Bird ofereceu-me momentos muito especiais. E eu bem que merecia, que isto de tomar decisões de adulto é muito desgastante.

ALIGN=JUSTIFY>Martin Dosh abriu a festa compondo dois fortes momentos instrumentais nos quais ia gravando várias faixas de ritmo e melodia e compondo os samplers em frente dos nossos olhos (inevitavelmente pensei num programa de culinária). Este processo marcaria todo o espectáculo, com Bird a gravar segundas vozes, violino e acordes de guitarra, sobre os quais tocava novamente. No baixo e na segunda guitarra cheia de artísticas distorções esteve Jeremy Ylvisaker.

ALIGN=JUSTIFY>Um dos momentos mais quentes foi, inevitavelmente, “A Nervous Tic Motion of the Head to the Left” do seu álbum de 2005, Andrew Bird & the Mysterious Production of Eggs. Tudo o mais andou em redor do último lançamento, Armchair Apocrypha, onde Bird deu largas à sua espontaneidade.

ALIGN=JUSTIFY>Descalço e de meias às riscas, saltando entre um mais que versátil violino, a guitarra, o xilofone, a voz e um impressionante assobio, não tive outra alternativa senão deixar-me encantar, à distância de uma fila, por este homem, docemente atraente e contagiantemente emocional.

SRC=http://fotos.sapo.pt/almeida_rita/pic/0001frth>


ALIGN=CENTER>COLOR=#E90909>IMITOSIS


(...)
we were all basically alone
despite what all his studies had shown
that what's mistaken for closeness
is just a case of mitosis
sure fatal doses of malcontent through osmosis
and why do some show no mercy
while others are painfully shy
tell me doctor, can you quantify?
the reason why


ALIGN=CENTER>COLOR=#E90909>HERETICS


(...)
how ‘bout some credit now
where credit is due
for the damage that we’ve done
wrought upon ourselves and others
with a slow and vicious gun
and although pratfalls can be fun
encores can be fatal
and there I hear you say

thank god it’s fatal
not shy
not shy of fatal
thank god
(...)


ALIGN=CENTER>COLOR=#E90909>CATARACTS


(...)
when our mouths are filled with uninvited tongues of others
and the strays are pining for their unrequited mothers
milk that sours is promptly spat
the light will fill our eyes like cats
cataracts
(...)


ALIGN=CENTER>COLOR=#E90909>SPARE-OHS


(...)
and the wine made our mouths too loose
such a reckless choice of words
when you tell me that I'm too obstruce
I just thought it was a kind of bird
I just stood there not saying a word



















































2º HOLA LISBOA

01.06.07, Rita




A partir de hoje estão abertas as inscrições para a Segunda Edição do Festival de Cinema Ibero-Americano, o Hola Lisboa.


O evento terá lugar entre 10 e 20 de Janeiro do próximo ano no Cinema São Jorge e, à semelhança da edição do ano passado, visa dar a conhecer ao público português o melhor do cinema latino. O "Galo de Ouro" será disputado nas categorias de melhor longa-metragem, melhor curta-metragem, melhor argumento, melhor direcção de fotografia, o grande prémio do júri, e ainda a novidade da melhor "Soap Opera".




Pág. 3/3