Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

CINERAMA

CRÍTICA E OPINIÃO SOBRE CINEMA

CINERAMA

CRÍTICA E OPINIÃO SOBRE CINEMA

Festival de Sundance 2005

31.01.05, Rita

Terminou ontem o Festival de Cinema Independente de Sundance. Destaque para o filme de Zézé Gamboa, “O Herói”, uma co-produção angolana, portuguesa e francesa, que arrecadou o grande prémio do júri na categoria internacional de drama. Os curiosos que se mantenham atentos aos seguintes filmes:



AMERICAN DOCUMENTARY COMPETITION

GRANDE PRÉMIO DO JÚRI
“Why We Fight”, de Eugene Jarecki

PRÉMIO DO PÚBLICO
“Murderball”, de Henry-Alex Rubin e Dana Adam Shapiro

MELHOR REALIZAÇÃO
Jeff Feuerzeig por “The Devil and Daniel Johnston”

MELHOR FOTOGRAFIA
Gary Griffin por “The Education of Shelby Knox”

MONTAGEM - PRÉMIO ESPECIAL DO JÚRI
Geoffrey Richman e Conor O’Neill por “Murderball”, de Henry-Alex Rubin e Dana Adam Shapiro

PRÉMIO ESPECIAL DO JÚRI
“After Innocence”, de Jessica Sanders


AMERICAN DRAMATIC COMPETITION

GRANDE PRÉMIO DO JÚRI
“Forty Shades of Blue”, de Ira Sacks

PRÉMIO DO PÚBLICO
“Hustle & Flow”, de Craig Brewer

MELHOR REALIZAÇÃO
Noah Baumbach por “The Squid and the Whale”

MELHOR FOTOGRAFIA
Amelia Vincent por “Hustle & Flow”

MELHOR ARGUMENTO (Waldo Salt Screenwriting Award)
Noah Baumbach por “The Squid and the Whale”

INTERPRETAÇÃO FEMININA - PRÉMIO ESPECIAL DO JÚRI
Amy Adams por “Junebug”, de Phil Morrison

INTERPRETAÇÃO MASCULINA - PRÉMIO ESPECIAL DO JÚRI
Lou Pucci por “Thumbsucker”, de Mike Mills

PRÉMIO ESPECIAL DO JÚRI PELA ORIGINALIDADE DA VISÃO
Miranda July por “Me and You and Everyone We Know” (argumento, realização e interpretação)
Ryan Johnson por “Brick” (realização)


WORLD CINEMA DOCUMENTARY COMPETITION

GRANDE PRÉMIO DO JÚRI
“Shape of the Moon”, de Leonard Retel Helmrich (Holanda)

PRÉMIO DO PÚBLICO
“Shake Hands With the Devil: The Journey of Romeo Dallaire”, de Peter Raymont (Canadá)

PRÉMIO ESPECIAL DO JÚRI
“The Liberace of Baghdad”, de Sean McAllister (Reino Unido)
“Wall”, de Simone Bitton (França / Israel)


WORLD CINEMA DRAMATIC COMPETITION

GRANDE PRÉMIO DO JÚRI
“O Herói”, de Zézé Gamboa (Angola/Portugal/França)

PRÉMIO DO PÚBLICO
“Brothers”, de Susanne Brier (Dinamarca)

PRÉMIO ESPECIAL DO JÚRI
“The Forest for the Trees”, de Maren Ade (Alemanha)
“Live-in Maid”, de Jorge Gaggero (Argentina / Espanha)


SHORT FILMS COMPETITION

MELHOR CURTA-METRAGEM
“Family Portrait”, de Patricia Riggen

MELHOR CURTA-METRAGEM INTERNACIONAL
“Wasp”, de Andrea Arnold (Reino Unido)

RECONHECIMENTO ESPECIAL
“Bullets in the Hood: a Bed-Stuy Story”, de Terrence Fisher e Daniel Howard

MENÇÕES HONROSAS
“One Weekend a Month”, de Erci Escobar
“Ryan”, de Chris Landreth (Canadá)
“Small Town Secrets”, de Katherine Leggett
“Tama Tu”, de Taka Waititi (Nova Zelândia)
“Victoria Para Chino”, de Kari Fukunaga

PRÉMIO ALFRED P. SLOAN (ciência e tecnologia)
“Grizzly Man”, de Werner Herzog

 

«E o Goya vai para . . .

31.01.05, Rita

...“Mar Adentro!”» Esta frase foi repetida 14 vezes (das 15 possíveis) na noite de ontem na entrega dos XIX prémios Goya pela Academia de las Artes y las Ciencias Cinematograficas de España. O grande perdedor foi “Má Educação”, de Pedro Almodóvar, o rebelde de estimação da academia.



MELHOR FILME
“Mar Adentro”, de Alejandro Amenábar

MELHOR REALIZADOR
Alejandro Amenábar por “Mar Adentro”

MELHOR ACTOR PRINCIPAL
Javier Bardem por “Mar Adentro”

MELHOR ACTRIZ PRINCIPAL
Lola Dueñas por “Mar Adentro”

MELHOR ACTOR SECUNDÁRIO
Celso Bugallo por “Mar Adentro”

MELHOR ACTRIZ SECUNDÁRIA
Mabel Rivera por “Mar Adentro”

ACTOR REVELAÇÃO
Tamar Novas por “Mar Adentro”

ACTRIZ REVELAÇÃO
Belén Rueda por “Mar Adentro”

MELHOR ARGUMENTO ORIGINAL
Alejandro Amenábar e Mateo Gil - “Mar Adentro”

MELHOR ARGUMENTO ADAPTADO
José Rivera - “Diarios de motocicleta”, de Walter Salles

MELHOR NOVO REALIZADOR
Pablo Malo por “Frío sol de invierno”

MELHOR DOCUMENTÁRIO
“El milagro de Candeal”, de Fernando Trueba

MELHOR BANDA SONORA
Alejandro Aménabar - “Mar Adentro”

MELHOR CANÇÃO
"Zambie Mameto" de Carlinhos Brown e Mateus - “El milagro de Candeal”

MELHOR MONTAGEM
Guillermo S. Maldonado - “El Lobo”, de Miguel Courtois

MELHORES EFEITOS ESPECIAIS
Reyes Abades, Jesús Pascual e Ramón Lorenzo - “El Lobo”

MELHOR CARACTERIZAÇÃO
Jo Allen, Ana López Puigcerber, Mara Collazo e Manolo García - por “Mar Adentro”

MELHOR GUARDA-ROUPA
Yvonne Blake – “El Puente de San Luis Rey”, de Mary McGuckian

MELHOR SOM
Ricardo Steinberg, Alfonso Raposo, Juan Ferro e María Steinberg - “Mar Adentro”

MELHOR FOTOGRAFIA
Javier Aguirresarobe - “Mar Adentro”

MELHOR DIRECÇÃO ARTÍSTICA
Gil Parrondo - “Tiovivo c. 1950”, de José Luis Garci

MELHOR DIRECÇÃO DE PRODUÇÃO
Emiliano Otegui por “Mar Adentro”

MELHOR FILME EUROPEU
“Gegen die Wand” (“Contra la Pared”), de Fatih Akin (Alemanha)

MELHOR FILME ESTRANGEIRO DE LÍNGUA ESPANHOLA
“Whisky”, de Juan Pablo Rebella e Pablo Stoll

MELHOR FILME DE ANIMAÇÃO
“P3K: Pinocho 3000”, de Daniel Robichaud

MELHOR CURTA-METRAGEM DE FICÇÃO
“Diez Minutos”, de Alberto Ruiz Rojo

MELHOR CURTA-METRAGEM DE ANIMAÇÃO
“El enigma del chico croqueta”, de Pablo Llorens

MELHOR CURTA-METRAGEM DOCUMENTAL
“Extras”, de Ana Serret

GOYA DE HONRA
José Luis Lopéz Vasquéz

 

Vanity Fair ***

28.01.05, Rita

ALIGN=JUSTIFY>Realização: Mira Nair. Elenco: Reese Witherspoon, Gabriel Byrne, Romola Garai, James Purefoy, Jim Broadbent, Rhys Ifans, Jonathan Rhys-Meyers, Bob Hoskins, Douglas Hodge, Eileen Atkins. Nacionalidade: Reino Unido / EUA, 2004.


SRC= http://images.rottentomatoes.com/images/movie/gallery/1135805/photo_13.jpg>


ALIGN=JUSTIFY>Baseado no livro Vanity Fair de William Makepeace Thackeray, este filme conta a história de Becky Sharp (Witherspoon), uma jovem que ambiciona subir às mais altas esferas da sociedade, apesar da sua origem humilde de órfã e preceptora. Para isso, casa-se com Rawdon Crawley (Purefoy), um marido dedicado, mas também um jogador inveterado. Apenas a ajuda do Marquês de Steyne (Byrne), que tem as suas próprias motivações, vem evitar que eles percam tudo. A única amiga de Becky, Amelia (Garai) vive semelhantes desaires, mas no campo amoroso. A sua paixão pelo narcisista George (Rhys-Meyers), filho do comerciante John Osborne (Broadbent), torna-a cega à profunda devoção do companheiro de George, William (Ifans).

ALIGN=JUSTIFY>Nair aproveita Vanity Fair para fazer um eficaz anúncio publicitário ao seu país natal, a Índia, repetidamente referida na história, onde tudo são cores fortes, texturas ricas e felicidade transbordante. Talvez tenha sido esse mesmo o fascínio que o oriente exerceu sobre a Inglaterra do Século XIX. Em contrapartida, a Londres e a Bélgica são mostradas de uma forma mais contida, mais escura e agressiva. Reflexo de uma sociedade hipócrita onde o único valor é a posição social, alcançada pelo berço ou pelo bolso.

ALIGN=JUSTIFY>Nair poderia ter caído na teatralidade, mas esta versão cinematográfica de Vanity Fair (a 6ª) condensa uma extensa história da melhor forma possível, com um ritmo cadenciado e sem lacunas aparentemente determinantes. Além disso, Nair brinda-nos com um festim visual e uma sumptuosidade sem exageros (aflorando/honrando o tradicional Bollywood). O guarda-roupa, os cenários e a recriação de época estão engrandecidos por um magistral trabalho de cores, de cadência adaptada à força dramática da história.

ALIGN=JUSTIFY>Quanto às representações, este é o melhor papel de Witherspoon até à data. O que não quer necessariamente dizer que o tenha feito bem. Com efeito, falta-lhe o calculismo, a frieza e o pulso que Becky Sharp deveria ter. Witherspoon é demasiado agradável e boazinha. Esta falha de casting é tanto mais notória quando consideramos o restante elenco. Todo ele de tirar a respiração: de Gabriel Byrne a Jim Broadbent, de Bob Hoskins a Eileen Atkins (os veteranos), de Rhys Ifans (refrescante num registo dramático) a Jonathan Rhys-Meyers (que continua a construir um sólido currículo), de Jim Purefoy a Romola Garai (tornando fácil esquecer que ela foi o equivalente de Jennifer Grey em Dirty Dancing: Havana Nights).

ALIGN=JUSTIFY>Em suma: duas horas e um quarto de entretenimento que enchem os olhos.

WIDTH=70% COLOR=#E90909 SIZE=1>


ALIGN=JUSTIFY>CITAÇÕES:

ALIGN=JUSTIFY>COLOR=#AAAAAA> “Revenge may be wicked, but it's perfectly natural.” REESE WITHERSPOON (Beckie Sharp)










Maria Cheia de Graça ****

19.01.05, Rita

ALIGN=JUSTIFY>T.O.: Maria Full of Grace. Realização: Joshua Marston. Elenco: Catalina Sandino Moreno, Yenny Paola Vega, Virginia Ariza, Johanna Andrea Mora, Wilson Guerrero, John Álex Toro, Guilied Lopez, Patricia Rae, Orlando Tobon. Nacionalidade: EUA / Colômbia, 2004.


SRC= http://images.rottentomatoes.com/images/movie/gallery/1133847/photo_08.jpg>


ALIGN=JUSTIFY>O transporte de droga utilizando “correios” humanos faz-se através da ingestão da mercadoria, para a traficar para outros países e mais dificilmente serem detectados nas alfândegas. É um trabalho arriscado, ilegal e que pode ser letal.

ALIGN=JUSTIFY>Maria (uma brilhante interpretação de Sandino Moreno) é uma jovem colombiana de 17 anos que deixa o seu trabalho numa plantação de rosas após uma discussão com o seu patrão. Com a sua família (avó, mãe, irmã e sobrinho) a depender do seu salário para viver, o desespero de Maria é agravado pela descoberta de que se encontra grávida. Recusando-se a casar com o pai da criança, que não ama, viaja até Bogotá para procurar trabalho e encontra Franklin (Toro), que lhe apresenta uma oportunidade financeiramente irrecusável: ser “correio”. Acompanhada pela sua melhor amiga Blanca (Vega) e Lucy (Lopez), um outro “correio”, Maria irá transportar no seu estômago 63 invólucros com droga até Nova Iorque.

ALIGN=JUSTIFY>Numa linha quase documental, “Maria Cheia de Graça” é um filme meticuloso na forma como descreve todo o processo de tráfico: vemos como são feitos os invólucros, como os “correios” treinam para engoli-los sem vomitar, como os ingerem, o que têm de fazer se por acaso os invólucros são expelidos fora de tempo.

ALIGN=JUSTIFY>Mas o trabalho de Marston (na sua primeira longa-metragem) é também detalhista (e irrepreensível) na clareza com que trabalha os personagens, dando-lhes dimensão e motivações: Maria, desesperadamente infeliz com a sua vida, procura uma oportunidade para si e para o filho que espera; Blanca aceita o trabalho por aborrecimento, teimosia e dinheiro; Lucy faz o seu terceiro transporte e talvez seja agora que arranja coragem para se reunir com a sua irmã em Nova Iorque.

ALIGN=JUSTIFY>Sem aborrecer, este filme é calmo e toma o seu tempo. Marston preocupa-se em descrever as situações sem falhas, mas também sem sentimentalismo ou manipulação.

ALIGN=JUSTIFY>O título do filme - retirado da oração Avé Maria - e a imagem do poster - a comunhão, substituindo a óstia por um invólucro de droga - podem fazer esperar um filme carregado de iconografia religiosa. Mas não é o caso. Apesar da crítica implícita à hipocrisia inerente a uma sociedade fortemente religiosa, Marston não insiste neste ponto. Maria, Blanca e Lucy são vítimas, mas não inocentes, escolhendo o caminho errado pelas melhores razões.

ALIGN=JUSTIFY> Em silêncio, a última cena, poderosa e transcendente, é o culminar desta experiência na tentativa de Maria ganhar controlo sobre a sua própria vida. “Maria Cheia de Graça” é sobretudo um drama emocional. Perturbante.


WIDTH=70% COLOR=#E90909 SIZE=1>


ALIGN=JUSTIFY>CITAÇÕES:

ALIGN=JUSTIFY>COLOR=#CCCCCC>“I think it’s very common with all the rhetoric and ideology of the drug war, to pitch drug mules and drug traffickers as criminals and demonize them. Reduce them and flatten them to two-dimensional cut-outs of people who need to be put in prison, and thereby justify a whole politics and machinery that’s geared towards spending more and more money on prisons, and tanks and helicopters in order to fight the drug problem. I think if we’ve seen anything in 40 years of fighting the drug war, it’s that that doesn’t work. And what we need to be doing is spending more money on the other side of the problem, on the human side.
In Colombia that would mean spending more money on schools, and investing in the economy, and in creating more possibilities for somebody to earn a living with dignity. And on the United States side that means spending less money on prisons and police and putting non-violent offenders in prison, and more money on helping people to rehabilitate themselves and treating the drug problem as a public health problem rather than as a criminal problem.”


JOSHUA MARSTON (sobre as razões que o levaram a realizar este filme)











Golden Globes 2005

17.01.05, Rita

Questionando a validade que este tipo de prémios possam ter, aqui ficam os resultados da 62ª edição dos Golden Globes:



MELHOR FILME – DRAMA
Vencedor: “The Aviator”, de Martin Scorsese
Outros nomeados:
“Closer”, de Mike Nichols
“Finding Neverland”, de Marc Forster
“Hotel Rwanda”, de Terry George
“Kinsey”, de Bill Condon
“Million Dollar Baby”, de Clint Eastwood

MELHOR FILME - MUSICAL OU COMÉDIA
Vencedor: “Sideways”, de Alexander Payne
Outros nomeados:
“Eternal Sunshine of the Spotless Mind”, de Michel Gondry
“The Incredibles”, de Brad Bird
“The Phantom of the Opera”, de Joel Schumacher
“Ray”, de Taylor Hackford

MELHOR ACTOR - DRAMA
Vencedor: Leonardo DiCaprio por “The Aviator”, de Martin Scorsese
Outros nomeados:
Javier Bardem por “Mar Adentro”, de Alejandro Amenábar
Don Cheadle por “Hotel Rwanda”, de Terry George
Johnny Depp por “Finding Neverland”, de Marc Forster
Liam Neeson por “Kinsey”, de Bill Condon

MELHOR ACTRIZ - DRAMA
Vencedora: Hilary Swank por “Million Dollar Baby”, de Clint Eastwood
Outros nomeados:
Scarlett Johansson por “A Love Song for Bobby Long”, de Shainee Gabel
Nicole Kidman por “Birth”, de Jonathan Glazer
Imelda Staunton por “Vera Drake”, de Mike Leigh
Uma Thurman por “Kill Bill: Vol.2”, de Quentin Tarantino

MELHOR ACTOR - MUSICAL OU COMÉDIA
Vencedor: Jamie Foxx por “Ray”, de Taylor Hackford
Outros nomeados:
Jim Carrey por “Eternal Sunshine of the Spotless Mind”, de Michel Gondry
Paul Giamatti por “Sideways”, de Alexander Payne
Kevin Kline por “De-Lovely”, de Irwin Winkler
Kevin Spacey por “Beyond the Sea”, de Kevin Spacey

MELHOR ACTRIZ - MUSICAL OU COMÉDIA
Vencedora: Annette Bening por “Being Julia”, de István Szabó
Outros nomeados:
Ashley Judd por “De-Lovely, de Irwin Winkler
Emmy Rossum por “The Phantom of the Opera”, de Joel Schumacher
Kate Winslet por “Eternal Sunshine of the Spotless Mind”, de Michel Gondry
Renée Zellwegger por “Bridget Jones: The Edge of Reason”, de Beeban Kidron

MELHOR ACTOR SECUNDÁRIO
Vencedor: Clive Owen por “Closer”, de Mike Nichols
Outros nomeados:
David Carradine por “Kill Bill: Vol.2”, de Quentin Tarantino
Thomas Haden Church por “Sideways”, de Alexander Payne
Jamie Foxx por “Collateral”, de Michael Mann
Morgan Freeman por “Million Dollar Baby”, de Clint Eastwood

MELHOR ACTRIZ SECUNDÁRIA
Vencedora: Natalie Portman por “Closer”, de Mike Nichols
Outros nomeados:
Cate Blanchet por “The Aviator”, de Martin Scorsese
Laura Linney por “Kinsey”, de Bill Condon
Virginia Madsen por “Sideways”, de Alexander Payne
Meryl Streep por “The Manchurian Cadidate”, de Jonathan Demme

MELHOR REALIZADOR
Vencedor: Clint Eastwood por “Million Dollar Baby”
Outros nomeados:
Marc Forster por “Finding Neverland”
Mike Nichols por “Closer”
Alexander Payne por “Sideways”
Martin Scorsese por “The Aviator”

MELHOR ARGUMENTO
Vencedor: “Sideways” – Alexander Payne e Jim Taylor
Outros nomeados:
“The Aviator” – John Logan
“Closer” – Partrick Marber
“Eternal Sunshine of the Spotless Mind” – Charlie Kaufman
“Finding Neverland” – David Magee

MELHOR CANÇÃO ORIGINAL
Vencedor: Old Habits Die Hard – “Alfie”
Outros nomeados:
Million Voices – “Hotel Rwanda”
Learn To Be Lonely – “The Phantom of the Opera”
Believe – “The Polar Express”
Accidentally In Love – “Shrek 2”

MELHOR BANDA SONORA
Vencedor: “The Aviator” – Howard Shore
Outros nomeados:
“Finding Neverland” – Jan A.P. Kaczmarek
“Million Dollar Baby” – Clint Eastwood
“Sideways” – Rolfe Kent
“Spanglish” – Hans Zimmer

MELHOR FILME DE LÍNGUA NÃO INGLESA
Vencedor: “Mar Adentro”, de Alejandro Amenábar
Outros nomeados:
“Un Long Dimanche de Fiançailles”, de Jean-Pierre Jeunet
“Shi mian mai fu” (“The House of the Flying Daggers”), de Zhang Yimou
“Diarios de Motocicleta”, de Walter Salles
“Les Choristes”, de Christophe Barratier

 

Finding Neverland ***

13.01.05, Rita

ALIGN=JUSTIFY>Realização: Marc Forster. Elenco: Johnny Depp, Kate Winslet, Julie Christie, Rhada Mitchell, Dustin Hoffman, Freddie Highmore, Joe Prospero, Nick Roud, Luke Spill, Ian Hart, Kelly Macdonald. Nacionalidade: EUA / Reino Unido, 2004.


SRC=http://us.movies1.yimg.com/movies.yahoo.com/images/hv/photo/movie_pix/miramax_films/finding_neverland/_group_photos/freddie_highmore1.jpg>


ALIGN=JUSTIFY>Londres. 1903. O dramaturgo escocês J.M. Barrie (1860-1937) (Johnny Depp) assiste ao falhanço da sua mais recente peça. Na sua procura de inspiração pelos jardins de Kensington conhece a família Llewelyn Davies: quatro jovens rapazes e a sua mãe recentemente viúva, Sylvia (Kate Winslet). Apesar da desaprovação desta amizade por parte da mãe de Sylvia, Emma du Maurier (Julie Christie), e da própria mulher de Barrie, Mary (Radha Mitchell), a amizade com esta família, em especial através das brincadeiras com as crianças, serviu de matéria-prima para a famosa obra Peter Pan.

ALIGN=JUSTIFY>Um pouco à semelhança do ainda por estrear “Being Julia”, de István Szabó, este é também um filme sobre o teatro, a sua magia, a sua força e a sua capacidade de tocar os espectadores de uma forma que muito raramente o cinema consegue. É também sobre uma amizade que inspirou uma obra que vive até aos dias de hoje. Uma inspiração que nos rodeia, se soubermos vê-la e recebê-la.

ALIGN=JUSTIFY> “Finding Neverland” fala de acreditar na magia, a magia das ligações entre as pessoas, a liberdade e a verdade que devemos manter connosco próprios. E, acima de tudo, de compreendermos o que realmente significa crescer, sem romper com o passado, mas aceitando-o, sabendo encontrar essa tal Terra do Nunca, um lugar para onde as crianças vão quando o seu ser terreno é obrigado a crescer, um lugar seguro, longe das mentiras do mundo adulto, onde estão sempre protegidos.

ALIGN=JUSTIFY>Tudo bem, é um pouco lamecha (admito uma lágrima, ou talvez fosse o resfriado), mas, de qualquer forma, é uma bonita viagem. A maravilhosa fotografia de Roberto Schaefer, a bela banda sonora de Jan A.P. Kaczmarek que cumpre eficazmente o seu papel de harmonizar a história sem a dominar. E Forster consegue equilibrar os elementos fantásticos e a tragédia que rodeia alguns dos personagens, de forma a que não se torne demasiado pesado ou sentimental.

ALIGN=JUSTIFY>Como resultado, os espectadores podem relaxar com o desvelar da imaginação de Barrie, acompanhando as constantes inspirações visuais para os principais papéis de Peter Pan (cheguei a pensar que o personagem de Dustin Hoffman, o promotor de espectáculos Charles Frohman, tivesse sido a inspiração para o Capitão Gancho, que o mesmo Hoffman representou em “Hook” (1991), de Steven Spielberg), e ao mesmo tempo assistir a Barrie enfrentando o desmoronar do seu casamento, os seus crescentes sentimentos por Sylvia e o seu novo papel junto daquelas crianças.

ALIGN=JUSTIFY>O meu fascínio pelo trabalho de Depp é reforçado por esta representação, entre o educador moldador de carácter e a criança inconsequente. O seu cunho e dedicação pessoal são incomparáveis. A sua química com Winslet, assexuada diga-se, é também notável. Mas a grande surpresa foi, sem dúvida, Freddie Highmore (Peter) que se salienta entre o jovem elenco, num registo grave e doce. Será certamente um deleite vê-lo contracenar de novo com Depp no mais recente filme de Tim Burton, “Charlie and the Chocolate Factory”.

ALIGN=JUSTIFY>Dada a minha obsessão pelo pormenor, não posso deixar escapar algumas falhas biográficas desta história, como é o caso de que Sylvia não era viúva quando Barrie a conheceu, apesar do seu marido, Arthur, não ver com muito bons olhos aquela “invasão” e de que tinham cinco filhos, e não quatro. Mas suponho que o próprio Barrie não faria questão de ater-se à realidade em prol de uma boa fantasia.

ALIGN=JUSTIFY>Apesar de um final previsível quase desde o início e dos momentos finais parecerem exageradamente manipuladores, “Finding Neverland” tem o mérito de nos levar ao momento, onde, em 1904, pela primeira vez foi visto Peter Pan, e o impacto que teria sido ver um conto de fadas a nascer.

ALIGN=JUSTIFY>Há ainda uma parte em muitos de nós que quer permanecer jovem e despreocupada para sempre. E se essa parte ainda estiver viva, este filme irá tocá-la, nem que seja ao de leve.

WIDTH=70% COLOR=#E90909 SIZE=1>


ALIGN=JUSTIFY>CITAÇÕES:

ALIGN=JUSTIFY>COLOR=#AAAAAA> “- That "golden" scepter is just an old hunk of wood.” FREDDIE HIGHMORE (Peter Llewelyn Davies)
“- Ah, yes, well... we're dreaming on a budget.” JOHNNY DEPP (J.M. Barrie)


ALIGN=JUSTIFY> “- This is absurd. It's just a dog.” FREDDIE HIGHMORE (Peter Llewelyn Davies)
“- Just a dog? Rufus dreams of being a bear, and you want to shatter those dreams by saying he's just a dog? What a horrible candle-snuffing word. That's like saying, "He can't climb that mountain, he's just a man," or "That's not a diamond, it's just a rock." Just.” JOHNNY DEPP (J.M. Barrie)

ALIGN=JUSTIFY>COLOR=#AAAAAA> “- And what precisely is Michael's crime?” JOHNNY DEPP (J.M. Barrie)
“- He's my younger brother.” NICK ROUD (George Llewelyn Davies)
“- Ah. Fair enough.” JOHNNY DEPP (J.M. Barrie)


ALIGN=JUSTIFY> “- Mummy, can we have Uncle Jim for dinner?” LUKE SPILL (Michael Llewelyn Davies)
“- Have him OVER for dinner. We're not cannibals.” KATE WINSLET (Sylvia Llewelyn Davies)

ALIGN=JUSTIFY>COLOR=#AAAAAA> “Young boys should never be sent to bed. They always wake up a day older.”
JOHNNY DEPP (J.M. Barrie)












Luna de Avellaneda ****

11.01.05, Rita

ALIGN=JUSTIFY>Realização: Juan José Campanella. Elenco: Ricardo Darín, Eduardo Blanco, Mercedes Morán, Valeria Bertucelli, Silvia Kutika, José Luis López Vázquez. Nacionalidade: Argentina / Espanha, 2004.


SRC=http://www.lunadeavellaneda.com/luna_esp/images/galeria/05big.jpg>


ALIGN=JUSTIFY>Luna de Avellaneda conta a história de um clube desportivo e cultural de um bairro de Buenos Aires que viveu no seu passado uma época de esplendor e cuja existência actualmente se encontra em perigo. A única saída possível parece ser vendê-lo para que se converta num casino, e os descendentes dos seus fundadores terão que debater-se entre a viabilidade do projecto e o reencontro com o sonho idealizado por eles. Róman (Darín) nasceu nesse mesmo clube, no meio de uma noite de festa e foi nomeado sócio vitalício. 45 anos mais tarde, como membro da direcção, ele terá que pesar o papel do clube na sua vida e na vida daqueles que o cercam.

ALIGN=JUSTIFY>Depois do belíssimo O Filho da Noiva era legítimo ter elevadas expectativas deste Luna de Avellaneda. E nesta história sobre o quotidiano, Campanella dá-nos um filme nada quotidiano, que sendo de entretenimento não abdica da qualidade de realização e interpretação.

ALIGN=JUSTIFY>O papel de Darín tem algumas semelhanças com o de O Filho da Noiva, especialmente na qualidade da representação de um homem que luta mais facilmente pelos seus valores fora de casa do que dentro dela, dando mais atenção aos estranhos que à sua própria família. Um personagem tão terno e real, na sua imperfeita humanidade, que é impossível não gostarmos dele. A parceria de Darín com Blanco, repetida também neste filme, evidencia uma química pouco comum. Num registo patético e sentimental, Blanco traduz todo o ridículo dos apaixonados numa relação atribulada com uma sonhadora Bertucelli. Morán está deliciosa como mãe divorciada, ressentida e amargurada.

ALIGN=JUSTIFY>A competência de Campanella revela-se no argumento, na direcção de actores e no desenho da produção, onde planos gerais e de detalhe se alternam, fazendo o contraste entre a conveniência pessoal e o bem comunitário: o eterno dilema.

ALIGN=JUSTIFY>Um grupo de perdedores que se negam a renunciar à importância das relações humanas no seio de uma comunidade. Apesar da melancolia em que se instalaram, procuram no grupo o consolo de um mundo sem valores, assumindo a culpa do seu fracasso, mas sem perder a esperança de conseguir uma vida melhor.

ALIGN=JUSTIFY>O clube Luna de Avellaneda, que dá nome ao filme, é aqui a metáfora de uma sociedade que, hoje em dia, apresenta uma saúde muito debilitada. Acredito que os argentinos em particular leiam aqui um relato honesto da sua realidade.

ALIGN=JUSTIFY>O aviso que este filme nos faz é que a derrota não é provocada pelo passar dos anos, mas pela perda do sonho, essa luz da lua cheia que Don Aquiles (López Vázquez) quer ver antes de morrer. Mas a vida não torna as coisas fáceis, não nos deixando mais remédio que trabalhar, lutar e respeitar as regras de um jogo por vezes perverso.

ALIGN=JUSTIFY>A exemplo do anterior O Filho da Noiva (2001) e de Nove Rainhas (2000), de Fabián Bielinsky, este Luna de Avellaneda vem confirmar que o cinema argentino está de boa saúde e recomenda-se.


WIDTH=70% COLOR=#E90909 SIZE=1>


ALIGN=JUSTIFY>CITAÇÕES:

ALIGN=JUSTIFY>color=#aaaaaa> “Veinte años con la misma persona...” RICARDO DARÍN (Ramón)
- “Ojalá fuera con la misma persona...” SILVIA KUTIKA (Verónica)












Os melhores filmes que eu não vi

07.01.05, Rita

Posso vir a arrepender-me. Posso nem sequer conseguir espreitar um destes filmes tão cedo quanto desejava. Mas esta (minha) lista foge às convenções: fala de filmes que não vi e que gostava de ter visto. Fala do cinema que se fez e que estreou por cá e sobre o qual alimentei genuínas expectativas - pelo que se escreveu, pelo que vi antes desses realizadores e actores... Se calhar, vou atirar ao lado.


Não me interessa: esta selecção pretende ser uma cábula para futuras passagens no clube de vídeo, espreitadelas à programação da TV ou "reprises" inesperadas em salas com cheiro a bafio. (Cinéfilos que não admitem ver um filme meses depois da estreia, abstenham-se de comentários.)


2046, de Wong Kar-Wai. André Valente, de Catarina Ruivo. Brown Bunny, de Vincent Gallo. Café e Cigarros (Coffee and Cigarettes), de Jim Jarmusch. (O) Despertar da Mente (Eternal Sunshine of the Spotless Mind), de Michel Gondry. (The) Fog of War, de Errol Morris. (Uma) História de Amor Japonesa (Japanese Story), de Sue Brooks. História de Marie e Julien, de Jacques Rivette. Immortel (ad vitam), de Enki Bilal. Má Educação (Mala Educación), de Pedro Almodóvar. Nathalie, de Anne Fontaine. (O) Tempo do Lobo, de Michael Haneke. Terra da Abundância (Land of Plenty), de Wim Wenders. (A) Vila, de M. Night Shyamalan.


[Agradeço aos meus confrades de blogue algumas "lembranças". A lista vai por ordem alfabética. Outro critério seria ainda mais desonesto.]


Dos que vi (sim, também vi cinema), há uns que levam a palma (alguns estão aqui listados pela Rita e pelo Sérgio). Lembro estes: Antes do Anoitecer, O Grande Peixe, Primavera, Verão, Outono, Inverno e... Primavera e Ser e Ter.


Mas há um de que gostei muito. Um filme da minha vida: Lost in Translation. Gosto de me perder assim.




por Miguel

 

 

Melinda and Melinda ****

07.01.05, Rita

ALIGN=JUSTIFY>Realização: Woody Allen. Elenco: Will Ferrell, Radha Mitchell, Chloë Sevigny, Chiwetel Ejiofor, Jonny Lee Miller, Brooke Smith, Amanda Peet, Shalom Harlow. Nacionalidade: USA, 2004.


SRC=http://romanticmovies.about.com/library/graphics/melindaandmelindapubb.jpg>


ALIGN=JUSTIFY>Em Nova Iorque, num jantar de amigos dois autores de teatro discutem se a existência humana é intrinsecamente trágica ou cómica. O episódio de Melinda (Mitchell), uma jovem que interrompe um jantar mundano, dá origem a que eles desenvolvam duas histórias paralelas, que evoluem de forma distinta consoante o género defendido. A comédia romântica e o drama juntam-se neste filme, onde se explora a fragilidade do amor, a infidelidade, o romance, a erosão dos sentimentos e a incapacidade de comunicar.

ALIGN=JUSTIFY>“Melinda e Melinda” é um dos mais interessantes filmes de Woody Allen dos últimos anos, talvez o melhor desde “Sweet and Lowdown” (1999). No entanto, e apesar de obras menores como “Anything Else” ou “Hollywood Ending”, Allen tem ainda o mérito de conseguir reunir à sua volta um fantástico elenco.

ALIGN=JUSTIFY>Rhada Mitchell, normalmente relegada para papéis secundários (pode ser vista como esposa de Johnny Depp em “Finding Neverland”), dá mostras de uma grande capacidade interpretativa ao desempenhar um mesmo personagem de duas formas opostas: uma, depressiva, cínica e temperamental; outra, apaixonada, emotiva e lutadora.

ALIGN=JUSTIFY>Inquestionáveis, são Chloë Sevigny, Chiwitel Ejiofor e Amanda Peet. Novamente, Allen abdica de representar, mas o seu alter ego continua presente. Em “Anything Else” tinha sido Jason Biggs, agora é Will Ferrell, que mistura equilibradamente um pouco do que Allen teria feito há uns anos atrás como actor com uma bem treinada veia cómica.


ALIGN=JUSTIFY>Durante o filme, somos levados a saltar de uma narrativa que se supõe mais séria para outra mais divertida, onde o único elemento comum é Melinda. Ou melhor, o nome do personagem e a actriz que o interpreta são os mesmos. Porque, de facto, são duas histórias completamente distintas.

ALIGN=JUSTIFY>Não vale a pena ter a tentação de fazer paralelismos entre os restantes personagens ou as relações entre eles, como se fosse a mesma história desde dois pontos de vista. Não é disso que se trata, mas de um mesmo ponto de partida e de alguns elementos (amor, traição, conquista) que, sendo comuns, podem ser cómicos ou trágicos, dependendo do lado da barricada em que estamos.

ALIGN=JUSTIFY>O verdadeiro desafio deste filme é conseguir definir qual de facto é a abordagem cómica ou a trágica. Até porque, no mesmo segmento, misturam-se os dois tipos de elementos. A comédia é mais divertida se tiver uma ponta de desapontamento, e a tragédia tem muitas vezes algo de ridículo. O próprio Allen admite que a possibilidade de tratar o mesmo assunto destas duas formas é uma das questões recorrentes em grande parte dos seus filmes e que normalmente opta por tratá-las de uma forma cómica. Aqui ele tentou dar uma oportunidade à tragédia.

ALIGN=JUSTIFY>O mecanismo de defesa do ser humano para a dor é, muitas vezes, rir. É uma reacção quase instintiva: nas anedotas rimo-nos da desgraça alheia; com os palhaços, das quedas. Allen oferece-nos aqui uma perspectiva global sobre o tragi-cómico drama da condição humana.


ALIGN=JUSTIFY>P.S. - Este filme só estreará nos Estados Unidos em Março de 2005. Espanha teve-o em Novembro de 2004, o Reino Unido em Dezembro. A distribuidora Fox Searchlight impediu-o, assim, de ter a possibilidade de alcançar quaisquer nomeações aos Oscar.


WIDTH=70% COLOR=#E90909 SIZE=1>


ALIGN=JUSTIFY>CITAÇÕES:

ALIGN=JUSTIFY>color=#aaaaaa> “He's despondent, he's desperate, he's suicidal. All the comic elements are in place.”













Pág. 1/2