Elizabethtown ****
Realização: Cameron Crowe. Elenco: Orlando Bloom, Kirsten Dunst, Susan Sarandon, Alec Baldwin, Bruce McGill, Judy Greer, Jessica Biel, Paul Schneider, Loudon Wainwright. Nacionalidade: EUA, 2005.

Drew Baylor (Orlando Bloom) é executivo de uma grande empresa de calçado desportivo, e é responsável pelo maior lançamento de sempre de um produto deste tipo. Mas o mercado é cruel e Drew torna-se também responsável por um fiasco que custará à empresa mil milhões de dólares. O rótulo de falhado ser-lhe-á colado em praça pública dentro de poucos dias. De carreira arruinada e largado pela namorada, a vida de Drew não podia estar pior. Mas uma chamada telefónica leva-o ainda mais fundo. Quando visitava uns familiares no Kentucky, o pai de Drew morreu, e a sua mãe (Susan Sarandon) precisa que Drew, o filho responsável, leve o fato azul do pai e o traga de volta.
Elizabethtown, Kentucky. Uma viagem, um despertar para as coisas realmente importantes. Um filme emocionante sobre a perda, a vida, o amor.
À semelhança de “Garden State” de Zach Braff (2004), “Elizabethtown” encaixa-se na categoria “o rapaz que volta a casa” e, da mesma forma que “Almost Famous” (2000), também de Crowe, é declaradamente autobiográfico, fazendo-nos, por um lado, acreditar que a vida de Crowe é realmente cinematográfica e, por outro lado, desejar que lhe continuem a acontecer coisas interessantes. Susan Sarandon junta-se, pois, a Frances McDormand no clube de actrizes que representaram o papel de mãe de Crowe.
Em torno da morte do pai de Drew, Crowe constrói um filme sobre as coisas simples, com subtileza e realismo. Drew imerge no seio desta família que o ama sem o conhecer, por apenas ser um deles. E sente-se seguro. Do outro lado, está uma história de amor, uma parte essencial do caminho que Drew tem de fazer, dividindo o seu tempo entre a família e Claire (Kirsten Dunst), uma hospedeira enérgica e impulsiva que ele conheceu no avião. Graças a estas pessoas Drew conseguirá estabelecer uma ligação com o pai (uma presença observadora ao longo de todo o filme), como nunca o tinha conseguido enquanto ele estava vivo. Mas o maior reencontro é feito consigo mesmo.
Orlando Bloom vai além de todas expectativas (e não me refiro apenas ao sotaque americano) e está perfeito como Drew Baylor. Apesar de não falar muito, excepto através na narração, Crowe usa as suas feições expressivas para mostrar um homem que se move no mundo de outros personagens mais dinâmicos, reagindo a eles e evoluindo através deles. Kirsten Dunst tem aqui uma representação cativante, transformando-se quase no guia espiritual de Drew, oferecendo-lhe a maior das dádivas: tempo e espaço para ele crescer.
Este é o tipo de filme que nos deixa a pensar no nosso futuro, no que queremos da vida e do que estamos dispostos a arriscar para o conseguir.
No final, Cameron oferece-nos um postal ilustrado do que pode ser uma viagem de carro pelo sul dos Estados Unidos. Só fica a faltar um Chevrolet antigo, e, no auto-rádio, a fantástica banda sonora de “Elizabethtown”.
CITAÇÕES:
“Drew, it was real, and it was great, and it was really great.”
JESSICA BIEL (Ellen Kishmore)
“You know the way people look at you as if it's the last time? I've started collecting these looks.”
ORLANDO BLOOM (Drew Baylor)
“I don't know a lot about everything, but I do know a lot about the part of everything that I know, which is people.”
KIRSTEN DUNST (Claire Colburn)
“I'm impossible to forget, but I'm hard to remember.”
KIRSTEN DUNST (Claire Colburn)
“All forward motion counts.”
SUSAN SARANDON (Hollie Baylor)
“It takes time to be funny. It takes time to extract joy from life.”
SUSAN SARANDON (Hollie Baylor)
“I'm going to miss your lips. And everything attached to them.”
KIRSTEN DUNST (Claire Colburn)
“I want you to get into the deep beautiful melancholy of everything that's happened.”
KIRSTEN DUNST (Claire Colburn)