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CINERAMA

CRÍTICA E OPINIÃO SOBRE CINEMA

CINERAMA

CRÍTICA E OPINIÃO SOBRE CINEMA

3... Extremos ***

28.03.06, Rita

T.O.: Saam Gaang Yi. Realização: Fruit Chan (“Dumplings”), Park Chan-Wook (“Cut”), Miike Takashi (“Box”). Elenco: “Dumplings” - Miriam Yeung, Bai Ling, Tony Ka-Fai Leung. “Cut” - Lee Byung-Hun, Lim Won-Hee, Gang Hye-Jung. “Box” - Kyoko Hasegawa, Atsuro Watabe. Nacionalidade: Hong Kong / Coreia do Sul / Japão, 2004.


Talvez seja difícil de acreditar, mas é possível que um filme sádico, perverso, bizarro, extremamente gore, com três histórias incómodas e perturbantes sobre a inveja e a vingança, possa levantar importantes questões existenciais como: até onde conseguimos levar o nosso culto à juventude e à beleza? até onde estamos dispostos a comprometer a nossa “bondade” para proteger os que amamos? se formos responsáveis pelo sofrimento de outros devemos carregar com esse peso o resto da nossa vida?


É o que acontece com “3... Extremos”. Sem um claro fio de ligação, reúnem-se aqui três histórias de três realizadores asiáticos, com o poder de despertar um conjunto de emoções de difícil digestão (os de estômago sensível nem vale a pena tentarem).






“Dumplings”, do chinês Fruit Chan, é a mais extrema de todas e conta a história de uma já-não-tão-jovem actriz (Miriam Yeung) que, para reconquistar o seu marido, faz um pacto faustiano com uma cozinheira (Bai Ling), cujos bolos de massa cozida são famosos. Esta é uma versão de uma longa-metragem, com um fim distinto, cuja ideia grotesca (os bolos... acho que tão cedo não consigo ir jantar a um chinês...) é ampliada pela fotografia de Christopher Doyle (“2046” de Wong Kar Wai).






“Cut” de Park Chan-Wook (realizador de “Oldboy”, 2003) é a melhor de todas. Um realizador (Lee Byung-Hun) fica, juntamente com a sua mulher, à mercê dos delírios de um figurante (Lim Won-Hee) que, invejoso do sucesso profissional e pessoal de Ryu, o obriga a fazer uma escolha que poderá comprometer não só a sua vida como o seu sistema de valores. O uso da sala fechada acrescenta tensão à diabólica maquinação, onde a luta psicológica de um homem contra si próprio é acompanhada de humilhação e tortura.






A última (neste caso, “last” e “the least”), “Box”, do realizador de “Uma Chamada Perdida” (2003), Miike Takashi, fala, sem muita novidade, da culpa. Uma jovem escritora (Kyoko Hasegawa) tem pesadelos que incluem ser enterrada viva e que estão ligados a uma dura história de infância. Belas e hipnotizantes imagens de neve decoram este conto de inveja e redenção.




Quando saio de um filme destes não posso evitar pensar que tipo de mentes estranhas concebem estas histórias. E que mentes são estas que se dispõem a vê-las?



























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