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CINERAMA

CRÍTICA E OPINIÃO SOBRE CINEMA

CINERAMA

CRÍTICA E OPINIÃO SOBRE CINEMA

Dialogue Avec Mon Jardinier ***

12.10.07, Rita

Realização: Jean Becker. Elenco: Daniel Auteuil, Jean-Pierre Darroussin, Fanny Cottençon, Alexia Barlier, Hiam Abbass. Nacionalidade: França, 2007.





“Dialogue Avec Mon Jardinier” adapta as memórias do pintor Henri Cueco e envolve um drama intimista e melancólico num tecido de comédia.


Após a morte da sua mãe, um pintor burguês (Daniel Auteuil – “Caché”, “La Doublure”) sai de Paris decidido a renovar a velha casa de campo da família. Para tratar do jardim e da horta, contrata um ex-funcionário dos caminhos de ferro (Jean-Pierre Darroussin – “Un Long Dimanche de Fiançailles”, “Combien Tu M’Aimes?”) que, por coincidência, é também um amigo da escola primária. Pintor e jardineiro substituem os seus verdadeiros nomes pelas alcunhas Dupincel e Dujardin, respectivamente. Um código que simboliza a plataforma de entendimento de duas pessoas cujas vidas tomaram rumos muito diferentes após a expulsão que se seguiu a um incidente na escola primária.


Apesar da sua diferença de classe, a curiosidade e o conforto que descobrem um no outro são genuínos. O filme de Jean Becker assenta em diálogos fluidos e naturais, impregnados de um humor cru, entre dois grandes actores que partilham uma química perfeita.


Entre o senso comum e a erudição, o simples e o complicado, entre o campo e a cidade, entre aquilo que somos e aquilo que aprendemos a ser, entre a luz bucólica e a chuva metropolitana, eles descobrem o mundo como o outro o vê, e o seu universo alarga-se nessa troca.


“Dialogue Avec Mon Jardinier” fala da reaproximação entre duas pessoas, que termina sendo uma reaproximação à essência de cada um deles, às suas raízes. E, da mesma forma que a horta dá os seus frutos, também esta amizade germina através da entrega e do cuidado.


“Dialogue Avec Mon Jardinier” faz também um paralelismo entre a criação sob a forma de vida vegetal e sob a forma de arte, cada uma delas como elemento de ligação aos outros e transmitindo parte da essência do seu criador. De uma forma semelhante, mais do que da técnica ou da estética, a beleza da arte vem do esforço que ela exige, daquilo que retiramos de nós para colocar em palavras, em tintas ou num jardim.






CITAÇÕES:


“Quando a bateria começa a falhar, habituamo-nos à ideia de nos apagarmos.”
JEAN-PIERRE DARROUSSIN (Dujardin)




















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