The Kovak Box **1/2
Realização: Daniel Monzón. Elenco: Timothy Hutton, Lucía Jiménez, David Kelly, Georgia MacKenzie , Gary Piquer, Annette Badland. Nacionalidade: Espanha / Reino Unido, 2006.
David Norton (Timothy Hutton) é um famoso escritor de ficção científica, convidado para falar numa conferência em Mallorca. David aproveita o local idílico para pedir a sua namorada Jane (Georgia MacKenzie) em casamento. Nessa mesma noite Jane salta da varanda do quarto de hotel. Noutro ponto da ilha, uma outra mulher, Silvia (Lucía Jiménez), atende o telemóvel onde escuta a voz de Billie Holiday cantando ‘Gloomy Sunday’ e salta da janela do seu apartamento. Ao contrário da noiva de David e de outras pessoas em toda a ilha, Silvia sobrevive. Sem se recordar do que aconteceu, Silvia está convicta de que nunca terá saltado de livre vontade. David e Silvia acabam por se juntar para descobrir este estranho fenómeno por trás do qual parece estar o primeiro livro de Norton e o cientista Frank Kovak (David Kelly).
O realizador mallorquino Daniel Monzón consegue em “The Kovak Box”um thriller consistente, respeitando a inteligência do espectador e sem explicações desnecessárias. Peca, no entanto, por nos deixar sem uma resposta exacta ao porquê. Apesar do crescendo de tensão até às magníficas Cuevas del Infierno (na realidade tratam-se das Cuevas del Drach, uma atracção que recomendo sem reservas), o filme sofre com a falta de ritmo, especialmente na sua segunda metade. As interpretações de Timothy Hutton e Lucía Jiménez são pouco mais que satisfatórias, e a química entre ambos é nula. O ecrã só se enche com a presença do veterano David Kelly (“Charlie and the Chocolate Factory”).
O mais interessante de “The Kovak Box” é o dilema moral a que a personagem de Hutton é sujeita, obrigado que é a escolher entre os seus valores morais e a vida de terceiros. Decisões que, na escrita, podem parecer inócuas, como a morte de personagens, assumem um carácter diametralmente oposto quando transpostas para a realidade. Fica o aviso: a partir do momento em que começamos a imaginar algo, esse algo começa a existir.
No final, “The Kovak Box” é um eficiente folheto de promoção turística de Mallorca – mesmo com o insólito de quase toda a gente parecer falar inglês sem sotaque (facto que a minha experiência de um ano e meio na ilha desmente por completo). De todos modos, este é um bom exemplo da eficácia do financiamento público. A Câmara Municipal de Lisboa deveria abrir os olhos para estas best practices e, de uma vez por todas, criar um gabinete de promoção de Lisboa como cenário cinematográfico (incluindo a agilização de licenciamentos). Potencial para thrillers temos a rodos!