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CINERAMA

CRÍTICA E OPINIÃO SOBRE CINEMA

CINERAMA

CRÍTICA E OPINIÃO SOBRE CINEMA

The Lovebirds *

19.06.07, Rita

Realização: Bruno de Almeida. Elenco: Michael Imperioli, John Ventimiglia, Joaquim de Almeida, Drena De Niro, Nick Sandow, Rogério Samora, Ana Padrão, Marcello Urgeghe, Dmitry Bogomolov, Cleia Almeida, John Frey, Fernando Lopes. Nacionalidade: EUA / Portugal, 2007.





Foi com “The Lovebirds” de Bruno de Almeida, que o Lisbon Village Festival deu início, a noite passada, ao festival de cinema digital. No meio de tanto show off de estrelas, onde se incluía o produtor Joe Berardo (que teve direito a um cameo), o filme foi apenas mais um.


A opção pelo digital deveria obedecer a duas premissas: (1) fazer sentido, (2) e ser feita com sentido. E se aqui o sentido foi responder com rapidez e poucos custos à encomenda realizada pelo Lisbon Village Festival, isso não veio beneficiar em nada nem a obra nem Lisboa, que parece ser a única motivação das histórias relatadas. Por trás delas não existe qualquer necessidade, e tirando alguns interessantes pedaços de diálogo, as narrativas são demasiado fracas para se sustentarem individualmente. Mesmo as tiradas espirituosas se perdem num som mal trabalhado que chega, nas cenas corais, a ser ensurdecedor. O manuseamento da câmara, que poderia incutir um certo tom de realismo, torna-se perturbantemente cansativo, enquanto os planos estáticos – os mais estéticos – estão tão isentos de vida que Lisboa não se reconhece a si mesma.


Tendo em conta o fraco argumento que sustém estas personagens, os actores fizeram o melhor que podiam, e de facto o cabeça de elenco Michael Imperioli (“The Sopranos”) é o que melhor se aguenta, a par de Rogério Samora numa deliciosa contracena com o realizador Fernando Lopes (a quem Bruno de Almeida dedicou o filme no final). Ana Padrão esforçou o seu mau sotaque inglês, mas é muito difícil achá-la credível numa típica mulher de Alfama. Quanto a Joaquim de Almeida e à sua assustadora dicção, sugiro umas legendas bilingues. E – porque também como espectadora detesto que me tomem por tonta – que tal deixar o subtexto no seu lugar em vez de o trazer para a boca das personagens, em discursos explicativos e inverosímeis?


Não sei se o facto de viver em Nova Iorque tornou o olhar de Bruno de Almeida sobre Lisboa menos emocional. Infelizmente, esta cidade, para ser entendida e expressada, exige uma abordagem feita desde esse lugar íntimo. Só espero que ninguém se deixe enganar: Lisboa é muito mais (e muito mais bela) do que “The Lovebirds”.














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