The Number 23 **
Realização: Joel Schumacher. Elenco: Jim Carrey, Virginia Madsen, Logan Lerman, Danny Huston, Lynn Collins. Nacionalidade: EUA, 2007.
Walter Sparrow (Jim Carrey) trabalha para uma empresa de controlo animal. No dia em que completa 32 anos, a sua mulher Agatha (Virginia Madsen) oferece-lhe um livro intitulado “The Number 23”. À medida que Walter vai lendo o livro começa a notar as grandes semelhanças com a sua própria vida e começa a rever-se na personagem principal do livro, Fingerling, um detective privado (interpretado pelo mesmo Carrey num ambiente noir) com um estranho caso em mãos que envolve uma profunda obsessão pelo número 23, que, de uma forma controladora e sinistra, parece estar subjacente a tudo.
À semelhança do livro que lhe dá o nome, “The Number 23” é um filme sobre uma obsessão, e a forma como esta pode consumir uma pessoa até a transformar num estranho. Mas ao contrário do fabuloso “Phone Booth” (2002), aqui Joel Schumacher trabalha mal a tensão. Primeiro, a mudança em Walter entre a lucidez e a paranóia é demasiado rápida, segundo, a quase naturalidade com que a família de Walter aceita a sua fixação, em especial o seu filho adolescente (Logan Lerman) que quase o imita no seu comportamento, e a reduzida preocupação de Agatha perante os perturbantes sinais de desequilíbrio do seu marido, testam à exaustão a nossa credulidade.
Schumacher enche este filme de “23”, alguns deles detectados pelas personagens outros não, e chega a ser um maior desafio o jogo de os descobrir do que o de discernir o mistério, que, durante uma semana de Fevereiro, assalta um homem em torno de um livro.
As exageradas coincidências, como, aliás, a manipulada lógica do 23 (número sobrenatural sobre o qual o belo genérico inicial faz algumas alusões) apelam para a nossa ingenuidade. Sejamos ingénuos, então. Se essa for a única forma de desfrutar desta viagem interpretativa de um actor, para mim grandemente subaproveitado, como Jim Carrey, aqui numa versão bem mais sensual que o habitual.
CITAÇÕES:
“She had a face that was meant to smile.”
JIM CARREY (Walter Sparrow)
“There's no such thing as destiny. There are only different choices. Some choices are easy, some aren't. Those are the really important ones, the ones that define us as people.”
JIM CARREY (Walter Sparrow)
“Of course time is just a killing system... numbers with meanings attached to them.”
JIM CARREY (Walter Sparrow)
“Be sure your sin will find you out.”