300 ****
Realização: Zack Snyder. Elenco: Gerard Butler, Lena Headey, Dominic West, David Wenham, Vincent Regan, Michael Fassbender, Tom Wisdom, Andrew Pleavin, Andrew Tiernan, Rodrigo Santoro. Nacionalidade: EUA, 2006.
Em 480 a.C. teve lugar a batalha de Termópilas, onde os espartanos, liderados pelo rei Leónidas I, defrontaram os persas na tentativa de reter o seu avanço pela Grécia e pelo Ocidente. Em 1998, Frank Miller (“Sin City”) e Lynn Varley, inspirados nesse evento histórico – mas com considerável liberdade –, criaram a banda desenhada “300”. Em 2006, esta foi adaptada ao cinema por Zack Snyder, Kurt Johnstad e Michael B. Gordon.
Leónidas, o heróico e feroz líder, é interpretado por Gerard Butler (“The Phantom of the Opera”), a sua voluntariosa esposa, a rainha Gorgo por Lena Headey “The Brothers Grimm”) e o cruel rei persa Xerxes pelo brasileiro Rodrigo Santoro. Nos secundários estão Dominic West (“The Forgotten”) como Theron, David Wenham (“Lord of the Rings”) como Dilios e Vincent Regan como Capitão de Leónidas.
Tendo em conta que as personagens de “300” são unidimensionais e uma empatia por parte do espectador é virtualmente impossível. Tendo em conta que à história relatada lhe falta verosimilhança, e que a suposta luta entre uma civilizada democracia e um misticismo bárbaro é totalmente falaciosa – a liberdade constantemente apregoada pelos espartanos é, no mínimo, risível, tendo em conta que estes homens nasciam com o seu destino já definido. Tendo em conta os valores eugénicos e machistas apregoados por estes heróis, seria de esperar que este filme fosse um tormento.
Mas não: “300” é uma experiência visual que nos deixa sem palavras. As opções estilísticas – possivelmente já feitas na obra de Miller – são de uma imaginação impressionante. Espadas, escudos, membros decepados, setas rasgando o céu e a carne. “300” é um deleite visual, onde cada imagem é uma obra de arte plena de detalhes. Os quadros de Miller e a aguarela de Varley são recriados numa paleta que vai o dourado dos campos de cereais e dos cinzentos da paisagem pedregosa, ao vermelho das capas e do sangue. A acção, coreografada ao pormenor, decorre diante de ecrãs azuis ou verdes, com cenários criados em CGI (comparação da banda desenhada com a sua adaptação ao cinema aqui).
A competente realização de Snyder (“Dawn of the Dead”), a espectacular fotografia de Larry Fong e a enérgica montagem de William Hoy são colocadas ao serviço da rigidez espartana, e do seu (doentio) sentido de honra, dever e glória, num filme onde se mitura o humor e a crueldade, a brutalidade e beleza.
“300” é um verdadeiro encantamento. E o meu ‘guilty pleasure’ desta Primavera.
CITAÇÕES:
“We Spartans have descended from Hercules himself. Taught never to retreat, never to surrender. Taught that death in the battlefield is the greatest glory he could achieve in his life. Spartans: the finest soldiers the world has ever known.”
DAVID WENHAM (Dilios)
“Spartan. Come back with your shield... or on it.”
LENA HEADEY (Rainha Gorgo)
“Oficial persa – Fools! Our arrows will blot out the sun.
Stelios – Then we will fight in the shade!”
“Xerxes – Yours is a fascinating tribe. There is much our cultures could share.
Leónidas – Perhaps you haven't noticed, but we've been sharing our culture with you all morning.”
RODRIGO SANTORO (Xerxes) e GERARD BUTLER (Leónidas)
“Xerxes – Imagine what horrible fate awaits my enemies when I would gladly kill any of my own men for victory.
Leónidas – And I would die for any of mine.”
RODRIGO SANTORO (Xerxes) e GERARD BUTLER (Leónidas)
“Immortals... We put their name to the test.”
GERARD BUTLER (Leónidas)
“Hundreds left, a handful stayed, only one looked back.”
DAVID WENHAM (Dilios)
“Leónidas – Dilios, I trust that "scratch" hasn't made you useless.
Dilios – Hardly, my lord, it's just an eye. The gods saw fit to grace me with a spare.”
GERARD BUTLER (Leónidas) e DAVID WENHAM (Dilios)
“This will not be quick, you will not enjoy this, and I am not your King!”
DOMINIC WEST (Theron)