Copying Beethoven **1/2
Realização: Agnieszka Holland. Elenco: Ed Harris, Diane Kruger, Ralph Riach, Matthew Goode, Joe Anderson. Nacionalidade: EUA / Alemanha, 2006.
1824. Anna Holz (Diane Kruger) uma jovem de 23, estudante de composição no conservatório de Viena é enviada como copista para trabalhar com Ludwig Van Beethoven (Ed Harris), que está a terminar a sua Nona Sinfonia. Anna vê esta oportunidade de trabalhar com o seu herói (um “monstro” intimidante) como um caminho para o seu próprio sonho de compor as suas próprias obras.
O argumento de Stephen J. Rivele e Christopher Wilkinson ( “Nixon”, 1995) faz uso de uma personagem ficcional para se centrar nos últimos anos de vida do famoso compositor, quando a surdez conduziu a sua criação artística por novos caminhos. Infelizmente, este novo biopic de Agnieszka Holland (“Total Eclipse”, 1995) não traz nada de novo sobre este génio louco, cujo isolamento e revolta são apenas reflexos de uma profunda necessidade de afecto. “Copying Beethoven” limita-se a contar superficialmente uma história vulgar, quase feminista, do olhar inocente que vê o lado humano por trás da excentricidade e que através da perseverança consegue ganhar o respeito e a admiração desejadas.
É só já perto do fim que “Copying Beethoven” aflora os temas interessantes do papel do artista na sociedade, a dualidade entre arte e comércio e a visão religiosa da música, como uma bênção e como a linguagem de deus.
Ed Harris (“A History of Violence”) é um grande actor, mas Beethoven é uma personagem grande demais. Até para ele. Ainda assim, a química com a actriz alemã Diane Kruger (“Frankie”) funciona bastante bem, especialmente quando a relação entre ambas as personagens se altera em virtude da primeira apresentação pública da Nona Sinfonia. Mas, por outro lado, “Copying Beethoven” tem outras personagens totalmente dispensáveis como é o caso de Karl (Joe Anderson), o sobrinho de Beethoven, e Martin Bauer (Matthew Goode), o namorado de Anne, que parecem surgir apenas para efeito de conflito, sem qualquer influência no desenrolar da narrativa.
Apesar de não ser uma grande obra, este filme é sobre uma grande obra. E a câmara de Agnieszka Holland é profundamente musical. E, se de repente, ficamos com pele de galinha no meio de cinema, com o peito apertado e o olhos marejados de emoção... isso pode bem ser a Nona Sinfonia de Beethoven.
CITAÇÕES:
“I’m a very difficult person, Anna Holtz, but I take comfort in the fact that God made me that way.”
ED HARRIS (Ludwig Van Beethoven)
“A woman's composing is like a dog walking on its hind legs. It is not done well, but you're surprised to find it done at all.”
ED HARRIS (Ludwig Van Beethoven)