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CINERAMA

CRÍTICA E OPINIÃO SOBRE CINEMA

CINERAMA

CRÍTICA E OPINIÃO SOBRE CINEMA

The Illusionist ***

14.11.06, Rita

Realização: Neil Burger. Elenco: Edward Norton, Paul Giamatti, Jessica Biel, Rufus Sewel, Wddie Marsan. Nacionalidade: República Checa / EUA, 2006.





Viena. 1900. Eisenheim O Ilusionista é a grande sensação na cidade, com truques tão impressionantes que parecem tocar o reino do sobrenatural. O Inspector Chefe Uhl (Paul Giamatti) é um dos primeiros entusiastas, mas também um céptico. Desafiado pela insolência de Eisenheim, o herdeiro do trono austro-húngaro, o Príncipe Leopold (Rufus Sewell) está determinado em desmascarar as manipulações de Eisenheim. No centro deste conflito está a Duquesa Sophie von Teschen (Jessica Biel), antiga paixão de infância de Eisenheim e actual noiva do príncipe.


A segunda realização de Neil Burger (“Interview With The Assassin”, 2002), adaptação do conto de Steven Millhauser ‘Eisenheim the Illusionist’, consegue, através de um conjunto de boas interpretações e uma história bem contada, enlevar-nos numa mistura de romance, mistério e magia.


Norton, evidencia uma vez mais a sua versatilidade, movido por um imenso amor e sofrimento, mantém-se enigmático – e hipnótico – até ao fim. E talvez por isso a personagem de Eisenheim não seja a que mais nos envolve. Para mim, Uhl é o grande herói desta história e Giamatti (em contraste com o seu morno papel em “Lady in the Water”) compõe consistentemente um homem no meio de um dilema moral, entre a admiração e o dever, entre a ambição e os valores éticos. Sewell, por sua vez, é um vilão perfeitamente odioso, egocêntrico, ciumento e mesquinho. Quanto à invejavelmente bela Jessica Biel, temos a felicidade de ver num papel que exige, de facto, qualidades interpretativas.


Praga (que fez as vezes de Viena) é talvez uma das cidades mais telegénicas do mundo, e a lindíssima fotografia de Dick Pope (“Vera Drake”) faz jus à sua beleza natural. O guarda-roupa de Ngila Dickson, o design de produção de Ondrej Nekvasil e a banda sonora original de Philip Glass compõem a restante pintura.


“The Illusionist” aflora alguns importantes temas como a luta de classes e a dualidade entre ciência e espiritualidade, sem, no entanto, enveredar seriamente por qualquer um desses caminhos. Mas “The Illusionist” não está interessado nos temas mundanos. Da mesma forma que um truque de magia exige que abracemos o improvável (a chamada “suspension of disbelief”), também “The Illusionist” exige de nós alguma capacidade de imaginação e aceitação (como é o caso da mistura de vários sotaques). E a magia do cinema é também envolver-nos num mundo irreal, de ilusões, de encantamento, absorvendo a nossa parte emocional, apesar do nosso cérebro insistir que é somente uma manipulação. Mas a fantasia pode ser tão ou mais gratificante que a realidade. “The Illusionist” seduz-nos porque trata do limbo entre estes dois mundos, e prova que um filme de época não tem que ser excessivamente denso, e pode ser uma óptima peça de entretenimento.