Gentille ***
Realização: Sophie Fillières. Elenco: Emmanuelle Devos, Lambert Wilson, Bruno Todeschini, Michael Lonsdale, Bulle Ogier, Julie-Anne Roth, Nicolas Briançon. Nacionalidade: França, 2005.
Fontaine Leglou (Emmanuelle Devos) aborda um homem na rua, acusando-o de a estar a seguir e dizendo-lhe que nem sequer tem tempo para tomar um café. Perante a veemente negação dele, Fontaine admite o seu engano e acaba por convidá-lo para um café no dia seguinte. Mas Fontaine tem também um namorado de longa data, Michel (Bruno Todeschini), que está a umas horas de a pedir em casamento. Sem saber como reagir à proposta, a estratégia de Fontaine é a fuga. À sua dúvida acrescenta-se o interesse amoroso manifestado por Philippe (Lambert Wilson), um dos seus pacientes do hospital psiquiátrico onde Fontaine é anestesista.
Perante uma decisão que inevitavelmente mudará o curso da sua vida, a incerteza é perfeitamente compreensível. Mas Fontaine tem, no mínimo, um comportamento original. O padrão de comportamento de Fontaine é marcado desde início por uma extrema gentileza e boa educação. O confronto não é para ela. Infelizmente, “Gentille” começa muito melhor do que acaba.
“Gentille” tem momentos verdadeiramente hilariantes, quando o seu humor desconcertante nos apanha de surpresa, mas não consegue atingir um equilíbrio, acabando por, muitas vezes, cair no ridículo. A encantadora dose de loucura de Fontaine torna-se totalmente inverosímil com o avançar da história, apesar da sempre luminosa Emmanuelle Devos (“Rois et Reine”, “La Moustache”).
Ainda assim, “Gentille” revela um olhar curioso e imaginativo sobre a pseudo-normalidade do quotidiano, sobre as pequenas (grandes) excentricidades do comportamento humano, sobre a insegurança das relações e sobre o eterno enigma dos sentimentos.