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CINERAMA

CRÍTICA E OPINIÃO SOBRE CINEMA

CINERAMA

CRÍTICA E OPINIÃO SOBRE CINEMA

Paradise Now ****

06.09.06, Rita

Realização: Hany Abu-Assad. Elenco: Kais Nashef, Ali Suliman, Lubna Azabal, Mohammad Bustami. Nacionalidade: França / Alemanha / Holanda / Israel, 2005.





Saïd (Kais Nashef) e Khaled (Ali Suliman) são amigos de infância. São palestinianos vivendo na margem ocidental da cidade de Nablus, na Cisjordânia. Trabalham como mecânicos e, como muitos jovens em muitos países, buscam um sentido para a sua vida. Esse sentido é-lhes trazido por um grupo terrorista que os designa para efectuarem um atentado suicida em Tel Aviv no dia seguinte, como retaliação por um anterior ataque israelita. O seu compromisso com a causa já vem de trás e nenhum deles hesita.


Antes de partir, Saïd toma café com a sua mãe. Lendo as borras ela prevê que ele não tem futuro, uma premonição para um conflito que continuará enquanto não houver um encontro de vontades.


Num ritual de extremo detalhe, os dois amigos são lavados, barbeados, vestidos e equipados com os explosivos. Despedem-se dos seus companheiros com uma última refeição, cuja imagem é demasiado semelhante à da Última Ceia para ser casual.


No entanto, o plano de ataque não decorre exactamente como esperado, e Saïd e Khaled vêem-se de novo em casa, debatendo-se com a decisão de levar ou não para a frente a sua missão. Mas a coragem parece não se manter inabalável perante um pensamento mais profundo.


O argumento do realizador Hany Abu-Assad (palestiniano com passaporte israelita) e de Bero Beyer transmite uma desconfortável sensação de inevitabilidade, cuja tensão resulta sobretudo da indecisão entre cometer ou não um ataque bombista. O pai de Saïd foi morto pelos palestinianos por ser colaboracionista, e Saïd sente o dever de redimir o nome da família, de recuperar a sua honra e a sua dignidade.


“Paradise Now” é tanto sobre razões como sobre dúvidas. Sobre o encontrar um sentido para a existência, a escolha de pessoas que não têm nada a perder, e sobre a frustração de poder não corresponder às expectativas. Mas é também um filme sobre a frieza e as promessas daqueles que enviam estes mártires.


Hany Abu-Assad tem uma realização com um equilíbrio desconcertante, conseguindo, sem condenar e sem apoiar, produzir um olhar tranquilo sobre dois jovens - demasiado iguais a tantos outros - que se julgam preparados para morrer e matar em nome de uma causa que consideram justa. Kais Nashef e Ali Suliman têm aqui duas fortes interpretações, lidando convenientemente com toda a gama de emoções a que as suas personagens estão sujeitas.


“Paradise Now” foi filmado em Nablus, com mísseis israelitas a caírem durante os 25 dias de filmagem. Numa cena em que se ouve uma explosão, todos agem como se isso já fizesse parte do seu quotidiano, sem tumulto. Ao não passar para o filme essa agitação, Abu-Assad evita uma justificação fácil para os bombistas suicidas.


Suha (Lubna Azabal, “Les Temps Qui Changent”), uma amiga de Saïd, representa a moral externa ao conflito. Natural de Marrocos e criada na França é ela que argumenta racional e veementemente contra estas táctica de vingança, reforçando a necessidade de terminar com a escalada de violência e de uma mudança política em conformidade para se conseguir a paz.


“Paradise Now” é um filme pró-palestiniano, mas não é um filme pró-bombistas suicidas, nem faz a apologia do terrorismo. “Paradise Now” providencia um contexto humano para acções desumanas. E é esse o seu grande trunfo.






Comentário de gaja: este homem é lindíssimo!!!



(KAIS NASHEF)


























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