Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]

CINERAMA

CRÍTICA E OPINIÃO SOBRE CINEMA

CINERAMA

CRÍTICA E OPINIÃO SOBRE CINEMA

Lucky Number Slevin ***

03.08.06, Rita

Realização: Paul McGuigan. Elenco: Josh Hartnett, Bruce Willis, Lucy Liu, Morgan Freeman, Ben Kingsley, Stanley Tucci. Nacionalidade: EUA, 2006.





Slevin Kelevra (Josh Hartnett) é um homem no sítio errado à hora errada. Assim que chega a Nova Iorque, é assaltado e fica sem carteira. No apartamento do seu amigo Nick Fisher, Slevin é abordado pelos capangas de um chefe do crime nova iorquino, The Boss (Morgan Freeman), a quem Nick deve uma grande quantia de dinheiro. O problema é que eles estão convencidos de que Slevin é Nick. Para pagar a dívida, The Boss exige que Slevin mate o filho do seu rival, The Rabbi (Ben Kingsley), para vingar o assassinato do seu próprio filho. Acrescente-se um polícia persistente (Stanley Tucci), um assassino a soldo (Bruce Willis) e uma mulher bonita que só quer ajudar (Lucy Liu) e tem-se a receita completa do último filme de Paul McGuigan (“Wicker Park”, 2004).


Hitchcock está presente (há inclusivamente uma referência directa a “North by Northwest”), essencialmente pelo clássico caso de identidade trocada, mas isto não é Hitchcock. “The Usual Suspects” também nos vem à memória, mas isto não é, nem por sombras, “The Usual Suspects”. “Lucky Number Slevin” é um filme pretensioso, que julga ser mais inteligente do que realmente é.


Previsível a maior parte do tempo, mas com alguns elementos surpreendentes, o argumento, da autoria de Jason Smilovic, tem um considerável número de falhas (ainda estou para perceber como é que alguém se consegue barbear com o espelho completamente embaciado...). Os bons diálogos, cheios de referências à cultura pop, compensam de certa forma esta falta de consistência. Mas o grande trunfo de “Lucky Number Slevin” é, sem margem para dúvidas, o seu grande elenco.


“Lucky Number Slevin” é um filme sobre a vingança de tipo bíblico, onde a lealdade se pode comprar pelo melhor preço. Nessa medida, qualquer mensagem de valores humanos deverá ser ignorada. E quase me sinto culpada de me ter divertido a ver este filme. Não tanto quanto Morgan Freeman e Ben Kingsley, que parecem completamente em casa no papel de vilões. Bruce Willis dá o toque enigmático e Stanley Tucci é perfeitamente convincente. Quanto a Josh Hartnett, permanece pouco expressivo (à semelhança de em “Wicker Park”), ainda assim conseguimos facilmente simpatizar com a personagem de Slevin, graças aos seus comentários irónicos e à sua incapacidade de manter a boca fechada.


O sentido visual de Paul McGuigan é verdadeiramente impressionante. As cenas ligam-se umas às outras com uma suavidade quase orgânica. E apesar do ritmo acelerado do filme, o realizador nunca deixa que nos percamos. A não ser nas cores fortes e nos padrões hipnóticos do papel de parede.






CITAÇÕES:


“I bet it was that mouth that got you that nose.”
MORGAN FREEMAN (The Boss)

“I was thinking that if you're still alive when I get back from work tonight... maybe we could go out to dinner or something?”
LUCY LIU (Lindsey)