Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]

CINERAMA

CRÍTICA E OPINIÃO SOBRE CINEMA

CINERAMA

CRÍTICA E OPINIÃO SOBRE CINEMA

The Libertine ***

06.02.06, Rita

Realização: Laurence Dunmore. Elenco: Johnny Depp, Samantha Morton, John Malkovich, Rosamund Pike, Tom Hollander, Kelly Reilly, Jack Davenport, Richard Coyle, Rupert Friend. Nacionalidade: Reino Unido, 2004.





Londres. 1670. Um século antes, os Puritanos tinham calado o Shakespeare da Rainha Isabel. No século XVII, a Restauração trouxe de volta o profano, com ainda maior força. No teatro era o triunfo das comédias. John Wilmot, o Segundo Conde de Rochester é convidado pelo rei Carlos II a escrever uma peça que será apresentada a um dignitário estrangeiro. Mas o talento literário de Wilmot rivaliza de perto com a sua irreverência e depravação.


Avisando-nos desde o início, num monólogo magistral, que não quer que gostemos dele, Wilmot cria, automaticamente, em nós essa apetência. E depois, quando entramos na história, tudo quanto nos podia fazer desprezá-lo é atenuado perante o seu humor inteligente, a sua rebeldia quase adolescente, a sua paixão pela actriz Lizzie Barry (Samantha Morton), que ele decide orientar e transformar numa estrela, e, por fim, a sua degradação física.


Para além disto, o papel de Wilmot está feito à medida de Johnny Depp. E é impossível não valorizar a imensa dedicação deste actor às suas personagens e o seu valioso trabalho. Samantha Morton está sub-utilizada, mas John Malkovich, com o seu nariz, é arrepiante no papel de Carlos II. Nos secundários, o quarteto Rosamund Pike, Kelly Reilly, Tom Hollander e Rupert Friend, que repete a parceria de “Orgulho e Preconceito”, cumpre adequadamente a sua função.


A reconstituição histórica faz uma evocação realista da época, quer nos cenários, quer no guarda-roupa. Acompanhando a banda sonora de Michael Nyman, está a impressionante fotografia de Alexander Melman em castanhos e cinzentos, de fumo, nevoeiro e sombras, de estradas lamacentas e de uma escuridão iluminada por velas. Infelizmente, quem não for ver este filme ao cinema perderá esse impacto visual, dado que em vídeo será muito difícil que esta paleta resulte.


A falha mais marcante do filme, além do ritmo lento da segunda metade, prende-se com a falta de informação sobre as motivações que levam Wilmot a agir como age. E é muito complicado quando a melhor parte do filme é o seu início, volto a referir o monólogo. A partir daí tudo perde na comparação.


Fica também na retina a hilariante posta em cena da peça de Wilmot, “Sodom or The Quintessence of Debauchery”, considerada a primeira obra pornográfica impressa da literatura inglesa.


No meio de mulheres e bebida, Wilmot é um homem que perde a alma, o coração e, por fim, o corpo. Mas, mais do que isso, ele representa a liberdade pessoal, a liberdade de expressão e de criação artística. A estreia do realizador Laurence Dunmore, com o argumento que Stephen Jeffreys adaptou da sua própria peça, é um bom cartão de visita, sobretudo porque se evitou a moralidade aborrecida, que limitaria este filme a um aviso sobre uma vida desperdiçada, optando antes por um retrato da decadência, elegante e soturno.






TAGLINE:


“He didn’t resist temptation. He pursued it.”


CITAÇÕES:


“Allow me to be frank at the commencement. You will not like me. Ladies, an announcement. I am up for it all the time. I am John Wilmot, second Earl of Rochester, that is it. (...) This is my prologue, and I, do not want you, to like me.”
JOHNNY DEPP (John Wilmot)

“In my experience those who do not like you fall into two categories: the stupid and the envious.”
JOHNNY DEPP (Jonh Wilmot)

“John Wilmot - Did you miss me?
Jane - I missed the money.
John Wilmot - Good. I hate a whore with sentiment.”
JOHNNY DEPP (John Wilmot) e KELLY REILLY (Jane)

























2 comentários

Comentar post