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CINERAMA

CRÍTICA E OPINIÃO SOBRE CINEMA

CINERAMA

CRÍTICA E OPINIÃO SOBRE CINEMA

The Squid And The Whale ****

12.07.06, Rita

Realização: Noah Baumbach. Elenco: Jeff Daniels, Laura Linney, Jesse Eisenberg, Owen Kline, Halley Feiffer, Anna Paquin, William Baldwin, David Benger. Nacionalidade: EUA, 2005.





Após 16 anos de casamento, Bernard (Jeff Daniels) e Joan (Laura Linney) decidem separar-se. O seu casamento estava já esgotado, mas o fim é acelerado pela arrogância dele e pela infidelidade dela, ao mesmo tempo que o declínio da carreira literária de Bernard choca com o repentino sucesso de Joan. Entre outros, eles cometem o erro de estabelecer uma custódia conjunta, o que implica que os seus dois filhos Walt (Jesse Eisenberg), o adolescente, e Frank (Owen Cline), o mais novo, passem dias alternados com cada um dos pais. Walt e Frank tomam os seus partidos nesta disputa, e, cada um à sua maneira, expressa a sua revolta.


O papel de “mau” é inicialmente feito por Bernard, ele é frio e amargo, mantendo-se arrogante perante a rejeição e dividindo o mundo entre intelectuais (que gostam de livros e filmes interessantes) e filisteus (que não). Bernard é uma personagem da qual não se gosta totalmente nem se admira, mas Daniels é soberbo ao camuflar todo o seu sofrimento com uma maldade forjada. As falhas de Joan (mais uma boa prestação de Laura Linney) acabam por também vir à tona e a empatia pela falta de inteligência emocional que os caracteriza é inevitável.


“The Squid And The Whale” tem algo de auto-biográfico e isso nota-se. Noah Baumbach, co-argumentista de “The Life Aquatic With Steve Zissou” (2004), enche o filme de detalhes e diálogos impregnados de autenticidade, a crueldade (intencional e fortuita) de todas as personagens é demasiado íntima para não reflectir a feia verdade da vida familiar.


Além disso, Jeff Daniels usa roupa que pertenceu ao pai do realizador (o escritor Jonathan Baumbach; a mãe é Georgia Brown, crítica de cinema); muitos dos livros que aparecem nas estantes dos Berkman pertenciam aos pais de Baumbach, e este também foi um adolescente de Brooklyn no final da década de 80.


O título do filme refere-se a uma instalação no Museu de História Natural de Nova Iorque, onde uma lula luta com uma baleia, uma memória feliz da infância de Walt, e uma metáfora para a luta entre Bernard e Joan. Ou um piscar de olho aos documentários sobre a vida animal, afinal de contas também a natureza humana é digna de uma observação científica.


A fraqueza de “The Squid And The Whale” é o caminho melodramático que a angústia das personagens acaba por tomar sem que os seus problemas se resolvam.


Apesar de momentos extremamente cómicos, “The Squid And The Whale” torna-se por vezes incómodo e perturbador, porque representa a queda das ilusões românticas (neste caso, dos hippies dos anos 60). O choque da realidade pode ser traumático em qualquer idade. Para Walt é perceber que o seu pai e a sua mãe, e por isso ele mesmo, são seres com falhas. Apenas humanos.





CITAÇÕES:


“It's like... we were pals then... we'd do things together... we'd look at the knight armor at the Met. The scary fish at the Natural History Museum. I was always afraid of the squid and whale fighting. I can only look at it with my hands in front of my face.”
JESSE EISENBERG (Walt Berkman)




















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