What a Wonderful Place ***
T.O.: Eize Makom Nifla. Realização: Eyal Halfon. Elenco: Uri Gavriel, Evelyn Kaplun, Avi Oria, Yossi Graber, Yoav Hait, Raymond Bagatsing, Chedpong Laoyant, Mymy Davao, Marina Choif, Evelin Hagoel, Dvir Benedek. Nacionalidade: Israel, 2005.
A proposta israelita para os Oscar de 2005 aborda o choque de culturas através da experiência de diversos indivíduos estrangeiros, e a forma como estes fazem parte da paisagem humana de Israel.
Perto da fronteira de Arava, que separa Israel da Jordânia, Jana (Evelyn Kaplun) e um grupo de outras mulheres ucranianas atravessam o arame farpado. Esta operação é conduzida por Franco (Uri Gavriel, na interpretação de maior destaque), um ex-polícia, que rapidamente entrega as mulheres ao seu patrão (Dvir Benedek), chefe de uma rede de prostituição e de casas de jogo. A carteira que Jana perdeu ao atravessar a fronteira é encontrada por Zeltzer (Avi Oria), um agricultor com excesso de peso, determinado em encontrar a mulher que aparece na fotografia.
Uma marca de nascença na face evita que Jana tenha o mesmo destino que as companheiras, mas, reduzida a trabalhos de limpeza, ela é impedida de ganhar dinheiro suficiente para mandar para a sua mãe e para a sua filha na Ucrânia. Franco desenvolve um sentimento de protecção em relação a Jana, que aumenta quando ela começa a dar-lhe lições de natação.
O grupo de tailandeses que trabalham para Zeltzer, e por quem ele tem uma simpatia especial, com destaque para Vissit (Chedpong Laoyant), é perseguido por Yoav Aloni (Yoav Hait), um ranger excessivamente zeloso convicto de que eles andam a colocar armadilhas aos animais da reserva natural. O pai de Yoav (Yossi Graber), um ex-militar incapacitado, é cuidado por Eddie (Raymond Bagatsing), um jovem filipino viciado no jogo.
Esta rede multi-étnica de personagens e de histórias está construída com extremo cuidado, num argumento sólido que desenvolve as várias camadas das suas personagens, preocupado em dar-lhes uma dimensão humana. O seu lado mais agressivo é sempre contrabalançado com um outro lado mais sensível, ou vice-versa. O realizador Eyal Halfon também não descuida nenhuma das narrativas paralelas em benefício de outra, fazendo transições harmoniosas que nos fazem associar as diferentes vivências ainda antes de que elas se cruzem.
“What a Wonderful Place” é um drama humano que fala da luta - dos que se vêem obrigados a trabalhar em árduas condições; da dignidade - essa que se mantém mesmo quando a humilhação parece reduzir o ser à sua mínima expressão; de afectos entre estranhos - uma solidariedade universal que tende a unir-nos no infortúnio.