Saltar para: Post [1], Pesquisa e Arquivos [2]

CINERAMA

CRÍTICA E OPINIÃO SOBRE CINEMA

CINERAMA

CRÍTICA E OPINIÃO SOBRE CINEMA

Basic Instinct 2 **

06.04.06, Rita



Realização: Michael Caton-Jones. Elenco: Sharon Stone, David Morrissey, Charlotte Rampling, David Thewlis, Hugh Dancy, Anne Caillon, Iain Robertson, Stan Collymore, Kata Dobó, Flora Montgomery, Jan Chappell. Nacionalidade: EUA, 2006.






Há 15 anos descruzou as pernas — e tornou-se um ícone do cinema. E um símbolo sexual, que papéis menores apenas faziam adivinhar. Hoje, aos 48 anos, Sharon Stone regressa ao filme que a persegue, mas não à cena. Para quem procura essa provocação de Catherine Tramell, a personagem de Sharon, este não é o filme. E também não é o filme com o nervo de Paul Verhoeven, o realizador anterior, apesar de arrancar com uma cena cheia de velocidade (e no limite da verosimilhança), em que Catherine volta a ser responsabilizada pela morte de um companheiro de sexo e drogas. De resto, mudam algumas coisas: o cenário é a Londres moderna da torre Gherkin e não as colinas de São Francisco; o picador de gelo regressa, mas apenas para cumprir a sua função.

Viciada no risco, assim se descreve a famosa escritora ao psiquiatra que é designado para a avaliar, Michael Glass (interpretado por David Morrissey), depois da morte acidental (ou não), no início. O clínico é mais violento na análise: Catherine é alguém que só parará com a própria morte, um risco para si e para os outros.

O filme encarrega-se de o provar, numa sucessão de mortes violentas e sexo arrojado, ainda que tenham ficado de fora cenas mais ousadas (disponíveis na internet), contra a opinião da própria Stone, para evitar uma classificação etária que destruiria a carreira comercial da obra).

O realizador desta sequela, Michael Caton-Jones, que nos trouxe "O Chacal" ou "Rob Roy", prefere uma abordagem mais cerebral e obviamente mais psicanalítica. Se o corpo (em excelente forma física, digamos assim) de Sharon Stone ajuda a construir a personalidade perversa, complexa e ambígua de Catherine Tramell, o realizador parece ficar de braços cruzados, a contemplá-lo, sem saber bem como lidar com a sua força erótica (e Stone sublinha-o, cada vez que fala do filme).

O fascínio entre Glass e Tramell é tecido por uma malha de mentiras, insinuações e sedução. Mas o instinto diz-nos que, apesar do aparentemente (es)forçado "twist" final, a ambiguidade mora ao lado e este é um filme quase banal. E pouco fatal.


por Miguel