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CINERAMA

CRÍTICA E OPINIÃO SOBRE CINEMA

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CRÍTICA E OPINIÃO SOBRE CINEMA

Belleville Rendez-Vous *****

13.08.04, Rita

T.O.: Les Triplettes de Belleville. Realização: Sylvain Chomet. Nacionalidade: França / Canadá/ Bélgica, 2003.




A missão de Belleville Rendez-Vous é fazer-nos sorrir em cada um dos seus planos, cheios como telas pintadas, onde nenhum canto do ecrã é deixado em branco. Talvez por isso a ausência de legendas, para que disfrutemos toda a imagem. E também porque a história, apesar de decorrer numa cascata de acções, mantém toda a coerência de um argumento consistente. Segundo o realizador, o objectivo é falar através da animação propriamente dita, deixando margem para a interpretação que as palavras limitam.


Ao oferecer ao seu neto Champion um triciclo, Mme.Souza, emigrante portuguesa, despoleta em ambos a paixão pelo ciclismo. O sonho concretiza-se na participação na Volta a França. Mas o rapto de Champion pela máfia de Belleville dá início a uma épica viagem de resgate, onde Mme.Souza é acompanhada pelo seu obeso cão Bruno. Em Belleville, conhece três gémeas idosas que vivem com saudosismo os tempos de fama grangeada com a contagiante canção do título.


Longe da tradição Disney e do 3D puro da Pixar, este filme destaca-se por uma desconcertante originalidade. A animação digital focou-se nos carros, bicicletas, barcos e comboios, permitindo concentrar esforços no desenvolvimento das personagens. E ao contrário de animações que tentam atingir a imagem “real” do cinema, Sylvain Chomet tira o melhor partido da grande vantagem que o desenho tem sobre a imagem filmada: a possibilidade de distorcer a realidade. É através de um traço caricatural que excessos são ampliados e faltas suprimidas.


Este filme é um banquete de pormenores surreais. Champion lembra as figuras esguias e indolentes de Dalí, a sua apatia contrastando com a efusividade e inteligência McGyveresca de Mme.Souza. A própria cidade não escapa à caricatura de uma Nova Iorque em frente a um espelho da feira popular, e a alucinação é ampliada pelo ódio do cão Bruno por comboios e pela impensável dieta das gémeas.


Chomet aproveita para fazer um retrato, parcial, mas indiscutivelmente homenageante, do emigrante português, com as típicas referências, talvez incómodas aos mais susceptíveis, mas negligenciáveis perante a dominante força e ternura da personagem de Mme.Souza.


Este é um filme nostálgico, humano e imaginativo, onde são incontornáveis as referências a Jean Pierre Jeunet (Amélie Poulain) e a Marc Caro (Delicatessen). Já fora da sala, diversos personagens e instantes do filme assaltam a nossa mente, obrigando-nos a um sorriso rasgado. Missão cumprida.




CITAÇÕES:


"Belleville Rendez-vous", música de Benoit Charest, letra de Sylvain Chomet


J'veux pas finir mes jours à Timbuktu
La peau tirée par des machines à clous
Moi je veux etre fripée
Triplement fripée
Fripée comme une Triplette de Belleville

J'veux pas finir ma vie à Acapulco
Danser toute raide avec des gigolos
Moi je veux etre tordue
Triplement tordue
Balancée comme une Triplette de Belleville

Chorus:
Swinging Belleville rendezvous
Marathon dancing doop dee doo
Voudou cancan bal taboo
Au Belleville swinging rendezvous

J'veux pas finir ma vie à Singapour
J'me dis comment manger des petits fours
Moi je veux etre idiote
Triplement idiote
Gondolée comme une Triplette de Belleville

J'veux pas finir ma vie à Honolulu
Chanter comme un oiseau ca n'se fait plus
Je veux ma voix brisée
Triplement brisée
Swinguer comme une Triplette de Belleville

Chorus

J'voudrais finir ma vie à Katmandu
C'est bien plus doux de faire des rimes en route
Mais je veux etre givrée
Triplement givrée
Et swinguer comme les Tripletes de Belleville

Chorus


 

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