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CINERAMA

CRÍTICA E OPINIÃO SOBRE CINEMA

CINERAMA

CRÍTICA E OPINIÃO SOBRE CINEMA

Intermission ***

26.08.04, Rita

Realização: John Crowley. Elenco: Colin Farrell, Cillian Murphy, Kelly Mcdonald, Shirley Henderson, Colm Meaney. Nacionalidade: Irlanda / Reino Unido, 2003.





A vida é que nos acontece enquanto estamos ocupados a tentar viver, num intervalo daquilo que pensamos ser o que conta. São grandes medos, pequenas alegrias, tentativas e erros, hesitações e decisões, violência e ternura, fugir de e correr para. É sangue e gargalhadas, lágrimas e sorrisos, é paixão e ódio. A vida é um passo em falso, que às vezes vai de encontro ao destino. É a palavra certa que, de repente, consegue estragar tudo.


É no meio deste caleidoscópio de emoções que se desenrola a acção de Intervalo, distribuída de forma equilibrada por personagens que, não sendo nenhum de nós, poderiam perfeitamente representar-nos em determinado instante da nossa vida. Ou de uma vida que poderia ter sido se a pedra tivesse sido atirada no momento certo.


John (Cillian Murphy, de 28 Dias Depois, de Danny Boyle) decide testar o amor de Deidre (Kelly Mcdonald, do saudoso Trainspotting, também de Danny Boyle) pedindo-lhe para ela lhe dar um tempo, ao que ela acede, para infelicidade de ambos. Como resultado, Deidre refugia-se nos braços de um homem casado, que abandona a mulher para ir viver com a jovem namorada. Lehiff (Colin Farrel em mais um papel carregado de angústia) é um delinquente, já várias vezes ameaçado por Jerry Lynch (Colm Meaney num delicioso registo), um agressivo detective com uma queda especial para a música celta. As vidas de todos eles vão-se cruzar numa série de acontecimentos que envolvem pedras atiradas, um desastre de autocarro, uma noiva abandonada, um buço, uma discoteca de solteiros, um rapto, roubos, molho de chocolate, um produtor de televisão, uma ovelha abatida.


Tudo isto acompanhado com o tempero de uma banda sonora que reforça cada cena, desde “Out of Control” dos U2, passando por Turin Brakes, The Thrils e Fun Lovin’ Criminals, e terminando com o “I Fought the Law” cantada pelo próprio Colin Farrell.


Com o espírito e o sarcástico humor irlandês, a primeira realização de John Crowley coloca-nos em perspectiva com uma realidade que não deverá nunca deixar de ser questionada. Por ser frágil e efémera. E não devemos jamais tomar por certo aquilo que temos, porque a confiança e o compromisso exigem trabalho. No entanto, parece-me que o filme falha na conclusão, caindo numa armadilha criada por ele próprio, onde as consequências dos nossos actos acabam, ironicamente, por ser inconsequentes.



P.S.- A distribuição deste filme em conjunto com a curta portuguesa de Jorge Queiroga, Part-time, uma peça de qualidade bastante duvidosa e de um mau gosto inegável, teria certamente o objectivo de fazer sobressair o filme de John Crowley pela comparação.




CITAÇÕES:


“Well, love's not something you can plan for, is it? You just never know, what's going to happen.”
COLIN FARRELL (Lehiff)



















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