Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]

CINERAMA

CRÍTICA E OPINIÃO SOBRE CINEMA

CINERAMA

CRÍTICA E OPINIÃO SOBRE CINEMA

And the Oscar goes to . . .

02.11.04, Rita

Tenho por costume fazer noitada no dia da cerimónia de atribuição dos prémios Oscar. Os fusos horários, indiferentes ao meu profundo interesse, esticam-se para lá do aceitável e só à custa de cafeína intravenosa, quando falta a companhia para jogos de cartas, me mantém desperta.


A próxima cerimónia é apenas dia 27 de Fevereiro, e aproveito desde já a oportunidade para avisar os amigos do costume que vai haver jantarada lá em casa, com a habitual sessão de apostas (que desta vez vou ganhar!).


A noitada de hoje não se prende com motivos cinematográficos, mas estou certa de que um dia alguém fará um relato tragi-cómico dos eventos. O motivo de toda esta ansiedade, das borboletas no estômago, da garganta apertada, dos suores frios é antes a entrega do prémio do Presidente do Mundo, perdão, dos Estados Unidos da América.


Acho que todos conhecem os candidatos (sabiam que há um tal de Nader???), por isso dispenso as apresentações. Até porque um deles já deu mostras de todas as suas “elevadas” capacidades, inteligência, discernimento, e preocupação pelo povo americano, ao orientar a sua política no sentido do bem-estar (claro que é do seu bem-estar pessoal, do dos seus amigos, dos seus negócios e afins, mas isso também conta, não?). Do outro, sei que é casado com uma portuguesa e que gosta de ketchup. Não me parece difícil a escolha.




Não, este não é o resultado das eleições norte-americanas. Apenas uma previsão, ou melhor, intenção utópica. Se a todos restantes países fosse permitido votar nas eleições do auto-intitulado “polícia do mundo”, talvez tudo fosse diferente. Mas, não sendo assim, teremos que aguardar pela decisão das urnas, ou do colégio eleitoral, que, como já vimos há quatro anos, não é exactamente a mesma coisa.


Porque me preocupo com o mundo em que vivo, porque acho que nenhuma fronteira existe de facto, e porque acho que todos estamos no mesmo barco (ainda que por vezes prefira tomar um copo com os amigos e pensar que Portugal é uma estação espacial onde nos podemos isolar de todos os perigos; claro que só por breves momentos, já que há quem faça questão de todos os dias nos lembrar que este cantinho também tem as suas “guerras”), esta noite vou injectar alguma cafeína para me manter acordada, e tomar um valium para me acalmar.


Não sei qual deles vai ter mais efeito. Tal como não sei quem vai ganhar estas eleições. Desta feita não faço apostas, porque o meu lado racional está em acérrima disputa com o meu lado emocional. Apenas temo por um mundo que parece cada dia mais subjugado ao poder. Por um mundo que apenas olha para o seu bolso sem ver o seu coração, que apenas mede as suas acções de hoje sem pensar no amanhã e que vive a sua vida como se fosse um filme, fiando-se que o final feliz chegará sem trabalho, sem esforço e sem sacrifícios.


Talvez eu não tenha entendido bem o conceito de “liberty and freedom for all” ao pensar que isso significa tolerância, humanidade, respeito e amor.

Boa sorte para todos nós!




ACTUALIZAÇÃO [novembro 03, 2004]


Pensamento do dia: Errar é humano, insistir no erro é estupidez.


Há quatro anos atrás foi raiva... Hoje é apenas desencanto... e uma tristeza profunda. Pelo ser humano que reduz a sua inteligência ao dilema da escolha entre um Big Mac e um McChicken e que abdica do seu livre-arbítrio para se submeter a uma ignorância que se fundamenta num pacote instantâneo de ideias prêt-à-penser.


A esperança desvanece-se uma vez mais e novamente vê-se obrigada a renascer. Porque acordar amanhã tem de fazer algum sentido.


 

2 comentários

Comentar post