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CINERAMA

CRÍTICA E OPINIÃO SOBRE CINEMA

CINERAMA

CRÍTICA E OPINIÃO SOBRE CINEMA

The Forgotten **

23.11.04, Rita

Realização: Joseph Ruben. Elenco: Julianne Moore, Anthony Edwards, Gary Sinise, Dominic West, Linus Roache. Nacionalidade: EUA, 2004.





“The truth won't fit inside your brain.” É sob esta premissa que este filme assenta, subestimando assim o público que, com o trailer, se viu seduzido para uma história em que se sugeria o perigoso jogo da memória, e dos mecanismos psicológicos do indivíduo para construir a sua felicidade, muitas vezes apesar da realidade.


“The Forgotten” apresenta-nos Telly (Moore), uma mulher que está a tentar superar a morte do seu filho num acidente de avião. Mas o seu choque é ainda maior quando o seu psiquiatra (Sinise), corroborado pelo seu marido (Edwards, o Dr.Mark Greene de “ER”), a informa de que ela nunca teve um filho e que inventou todas as memórias que tem dos seus oito anos de vida. Mas será que isso é verdade? Ou não? Mais tarde, ela consegue convencer Ash (West), ou acordar a sua memória, a respeito de uma filha que ele havia esquecido, arranjando assim um aliado.


A verdade virá ao de cima? E isso interessa? Provavelmente não. Não querendo entrar em muitos detalhes, para quem, ao chegar ao fim desta crítica, ainda queira insistir em perder o seu tempo, resta-me dizer que me senti absolutamente ludibriada.


A MEMÓRIA é um assunto que me interessa e tive alguma esperança de poder acrescentar este a filmes como “Memento”, “Mulholland Drive”, “Abre los Ojos”, ou “Eternal Sunshine of the Spotless Mind”. Esperança que, obviamente, não se concretizou.


Porque é bastante mais simples o susto fácil que a tentativa de olhar para assuntos como a paramnesia (segundo a qual um indivíduo pode inventar aspectos da realidade e, no limite, toda a sua vida), foi escolhido um caminho convencional. “The Forgotten” oferece-nos pouco mais que um motivo para nos rirmos do seu ridículo. Na esperança de que um twist final ponha tudo nos eixos vamo-nos deixando ficar, já que mais não seja para ver a beleza serena de Moore, claramente subestimada num registo que o seu talento poderia facilmente cumprir.


A música de James Horner serve a função de nos fazer saltar no momento certo. Talvez sejam as duas ou três injecções de adrenalina o que nos mantêm acordados. Teria preferido que fosse o argumento.


Apesar do bom casting (já não via Linus Roache desde “O Padre”, 1996), o colapso perante o peso do disparate é inevitável. É de prever que “The Forgotten” seja esquecido muito rapidamente pelo público. E Moore provavelmente espera que o seu psiquiatra lhe diga que ela nunca fez este filme.




CITAÇÕES:


“There are worse things than forgetting.”
LINUS ROACHE (A Friendly Man)