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CINERAMA

CRÍTICA E OPINIÃO SOBRE CINEMA

CINERAMA

CRÍTICA E OPINIÃO SOBRE CINEMA

Being Julia ***

17.12.04, Rita

Realização: István Szabó. Elenco: Annette Bening, Jeremy Irons, Bruce Greenwood, Miriam Margolyes, Juliet Stevenson, Shaun Evans, Michael Gambon, Thomas Sturridge, Lucy Punch. Nacionalidade: Canadá / USA / Hungria / Reino Unido, 2004.





Julia Lambert (Bening) é uma actriz de teatro em final de carreira na Londres dos anos 30, com um ego fútil, vaidoso e manipulador, constantemente alimentado pelos seus admiradores. A sua insatisfação pessoal e profissional é interrompida pelo aparecimento do jovem Tom (Evans) com quem inicia um romance turbulento. Michael (Irons) é, simultaneamente, o seu liberal marido e o seu conservador agente. Mas a vida de Julia encontra-se num ponto de viragem, onde vai ter de marcar uma posição ou para sempre ceder à nova geração o seu há muito conquistado estrelato.


Este filme levanta a interessante questão da representação como uma entrega total à arte, no ambicionado perfeccionismo para retratar sentimentos e emoções, e na dependência desse “fingimento” para viver a própria realidade. Julia é uma actriz tão perfeita que sabe as suas deixas de cor, repetindo de forma textual as mesmas frases em diversas situações a diferentes pessoas. Sabe que, para cada uma delas, ela tem um papel específico e faz questão de o representar.


A ausência de sentimentos “reais” na sua vida, tornam-na incapaz de viver os acontecimentos que se precipitam, a não se através daquilo que aprendeu, ou seja, a representação. Por isso, em milésimos de segundo é extravagantemente eufórica e tragicamente fatalista, indo da gargalhada à lágrima com uma desconcertante facilidade.


Quem se lembra de American Beauty (1999) de Sam Mendes, não se irá surpreender com o confirmado talento de Annette Bening, que tem aqui um desempenho magistral. A nomeação dos Golden Globe para Melhor Actriz de Musical ou Comédia vem apenas reforçar a previsão de que nem a Academy of Motion Picture Arts and Sciences poderá ficar indiferente à sedutora Julia.


O restante elenco completa-se com um discreto, mas sempre irrepreensível, Jeremy Irons, um delicioso Michael Gambon, dois refrescantes jovens, Evans e Punch, e uma subtil mas ácida Stevenson no papel da criada Evie, num dos melhores papéis secundários deste ano.


Baseado no livro “Theatre” (1937) de W. Somerset Maugham, e adaptado ao cinema por Ronald Harwood (premiado com um Oscar pelo argumento de The Pianist (2002) de Roman Polanski), o realizador húngaro oferece-nos um drama inteligente pontuado por um humor por vezes pérfido e pleno de finas nuances.


Quem ri por último, ri melhor.




CITAÇÕES:


“You mean that or are you acting? I never know when you’re acting.”
MIRIAM MARGOLYES (Dolly de Vries)

“For the theatre’s leading lady... All the world’s a stage.
Act 1: Passion
Act 2: Betrayal
Act 3: Revenge”






















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