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CINERAMA

CRÍTICA E OPINIÃO SOBRE CINEMA

CINERAMA

CRÍTICA E OPINIÃO SOBRE CINEMA

Vanity Fair ***

28.01.05, Rita

Realização: Mira Nair. Elenco: Reese Witherspoon, Gabriel Byrne, Romola Garai, James Purefoy, Jim Broadbent, Rhys Ifans, Jonathan Rhys-Meyers, Bob Hoskins, Douglas Hodge, Eileen Atkins. Nacionalidade: Reino Unido / EUA, 2004.





Baseado no livro Vanity Fair de William Makepeace Thackeray, este filme conta a história de Becky Sharp (Witherspoon), uma jovem que ambiciona subir às mais altas esferas da sociedade, apesar da sua origem humilde de órfã e preceptora. Para isso, casa-se com Rawdon Crawley (Purefoy), um marido dedicado, mas também um jogador inveterado. Apenas a ajuda do Marquês de Steyne (Byrne), que tem as suas próprias motivações, vem evitar que eles percam tudo. A única amiga de Becky, Amelia (Garai) vive semelhantes desaires, mas no campo amoroso. A sua paixão pelo narcisista George (Rhys-Meyers), filho do comerciante John Osborne (Broadbent), torna-a cega à profunda devoção do companheiro de George, William (Ifans).


Nair aproveita Vanity Fair para fazer um eficaz anúncio publicitário ao seu país natal, a Índia, repetidamente referida na história, onde tudo são cores fortes, texturas ricas e felicidade transbordante. Talvez tenha sido esse mesmo o fascínio que o oriente exerceu sobre a Inglaterra do Século XIX. Em contrapartida, a Londres e a Bélgica são mostradas de uma forma mais contida, mais escura e agressiva. Reflexo de uma sociedade hipócrita onde o único valor é a posição social, alcançada pelo berço ou pelo bolso.


Nair poderia ter caído na teatralidade, mas esta versão cinematográfica de Vanity Fair (a 6ª) condensa uma extensa história da melhor forma possível, com um ritmo cadenciado e sem lacunas aparentemente determinantes. Além disso, Nair brinda-nos com um festim visual e uma sumptuosidade sem exageros (aflorando/honrando o tradicional Bollywood). O guarda-roupa, os cenários e a recriação de época estão engrandecidos por um magistral trabalho de cores, de cadência adaptada à força dramática da história.


Quanto às representações, este é o melhor papel de Witherspoon até à data. O que não quer necessariamente dizer que o tenha feito bem. Com efeito, falta-lhe o calculismo, a frieza e o pulso que Becky Sharp deveria ter. Witherspoon é demasiado agradável e boazinha. Esta falha de casting é tanto mais notória quando consideramos o restante elenco. Todo ele de tirar a respiração: de Gabriel Byrne a Jim Broadbent, de Bob Hoskins a Eileen Atkins (os veteranos), de Rhys Ifans (refrescante num registo dramático) a Jonathan Rhys-Meyers (que continua a construir um sólido currículo), de Jim Purefoy a Romola Garai (tornando fácil esquecer que ela foi o equivalente de Jennifer Grey em Dirty Dancing: Havana Nights).


Em suma: duas horas e um quarto de entretenimento que enchem os olhos.





CITAÇÕES:


“Revenge may be wicked, but it's perfectly natural.” REESE WITHERSPOON (Beckie Sharp)