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CINERAMA

CRÍTICA E OPINIÃO SOBRE CINEMA

CINERAMA

CRÍTICA E OPINIÃO SOBRE CINEMA

The Interpreter ***

19.04.05, Rita

Realização: Sydney Pollack. Elenco: Nicole Kidman, Sean Penn, Catherine Keener, Jesper Christensen, Yvan Attal, Earl Cameron, George Harris, Michael Wright, Hugo Speer, Maz Jobrani, Yusuf Gatewood, Curtiss I'Cook, Byron Utley. Nacionalidade: EUA, 2005.





Silvia Broome (Kidman) nasceu em África e é intérprete nas Nações Unidas, em Nova Iorque. Uma noite, inadvertidamente, ouve uma ameaça de morte referente ao chefe de estado de um país africano, prestes a ser acusado no Tribunal Internacional de Justiça, e que deverá fazer um comunicado na Assembleia Geral dentro de poucos dias. Tobin Keller (Penn) é o agente federal encarregue de investigar a ameaça e também quem a reportou. Silvia transforma-se, ao mesmo tempo, num alvo para os assassinos e numa suspeita para a equipa que a investiga.


Pollack compensa o país fictício, Matobo, com a credibilidade conseguida pelo uso, pela primeira vez na história do cinema, das instalações reais da ONU. Este thriller, não faz uso de grandes efeitos, utilizando antes os vastos átrios, corredores estreitos, cabinas à prova de som e salas de conferência como cenário para a intriga internacional, ameaças terroristas, quebras de segurança, diplomacia selvagem e dúbias manobras políticas. Credível é também a história e a sua evolução. E é inevitável pensar no Zimbabwe de Robert Mugabe.


Silvia (em perigo, mas regida por fortes valores morais) e Tobin (obcecado pelo controlo, mas prestes a explodir) encontram-se separados por um rio de desconfianças. Mas o facto de ambos se preencherem no trabalho e ambos terem sofrido perdas pessoais devastadoras acaba por aproximá-los.


Não é positivo que se notem as mais de duas horas que este filme demora, sendo “demora” a palavra chave. “A Intérprete” é um filme lento que trava quando deveria acelerar e se arrasta quando devia correr. E nem o salva o naipe de actores.


Kidman, como a heroína tipo “lugar errado na hora errada e que sabe demais”, com um ridículo sotaque tentado, comprova sobretudo que sabe chorar. Tanto ela como Penn estão longe dos seus melhores trabalhos. Por um lado, Pollack não dá demasiada força aos personagens para bem do enredo global; por outro, a narrativa é muitas vezes largada para incursões pessoais. No final, nenhuma das duas abordagens acaba por ter a atenção necessária.


A tensão deste filme resume-se à cena inicial (mesmo assim, menos chocante do que seria pretendido) e à cena do autocarro que junta investigados e investigadores.


Como ponto positivo está a bela fotografia do iraniano Darious Knondii (“Delicatessen” (1991), de Jeunet e Caro; “The Ninth Gate” (1999), de Roman Polanski; “Se7en” (1995) e “Panic Room” (2002), de David Fincher).


No global, o mérito deste filme, e daí a terceira estrela, é de, por uma vez, mostrar a paciência e o perdão como actos heróicos. De associar os acontecimentos políticos a um contexto de comportamento moral. De nos fazer ver como, apesar dos diversos reveses e algumas merecidas referências a hipocrisia, o objectivo da ONU continua a ser louvável, ao relegar a violência para último recurso face aos tiranos locais e ao terrorismo global. A vingança é a opção mais fácil e mundo actual é, infelizmente, preguiçoso.






CITAÇÕES:


“Vengeance is a lazy form of grief.”
NICOLE KIDMAN (Silvia Broome)




















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